A possibilidade do desastre ganhou força depois de a empresa reconhecer que a estrutura que tentou instalar no poço de petróleo não funcionou devido à cristalização de água e gás no encanamento que transportaria o óleo para um navio na superfície. A BP está construindo uma nova estrutura de cimento, para tentar colocá-la em outra parte do vazamento nos próximos dias. A companhia considera a possibilidade de acrescentar metanol no concreto para impedir que o encanamento que deveria levar o óleo a um navio entupa.
A sensação de urgência é cada vez maior, já que bolas de alcatrão, algumas do tamanho de uma bola de golfe, alcançaram no sábado a Ilha Dauphin, a cinco quilômetros de Alabama, na entrada de Mobile Bay. "Parece casca de árvore, mas quando você pega percebe que uma consistência líquida e é que óleo", disse Kimberly Creel, de 42 anos, que estava nadando com outros banhistas. "Imaginar que o que vem por aí é algo muito maior."
Segundo a Guarda Costeira, foram recolhidas cerca de meia dúzia dessas bolas na ilha. Equipes estão usando roupas de proteção em busca de mais resíduos. Ontem, autoridades do Alabama continuavam trabalhando para manter a mancha de óleo afastada da baía de Mobile, em uma tentativa de proteger o nono maior porto do país.
Uma frota de dez navios da Guarda Costeira também está trabalhando no delta do rio Mississippi para eliminar os restos de petróleo, com a utilização de líquidos solventes. Os compostos químicos quebram a estrutura do petróleo em pequenas partículas, que são ingeridas posteriormente por bactérias.
O uso de milhares de litros desses solventes gerou polêmicas, já que, apesar de as substâncias não serem tão tóxicas quanto as utilizadas nos grandes vazamentos na década de 70, têm um efeito nocivo em organismos sensíveis, como bancos de corais. As barreiras flutuantes também não têm sido muito úteis, por causa da ressaca no mar e dos ventos na região.
Nas quase três semanas depois que a plataforma Deepwater Horizon explodiu, em 20 de abril, matando 11 trabalhadores, cerca de 795 mil litros de óleo cru foram despejados no Golfo do México.
(Envolverde/IHU - Instituto Humanitas Unisinos)