Renúncias do governo Chinês ao meio ambiente e a liberdade: O caso China e Tibete

Imagine você, em uma comunidade, vivendo em harmonia com sua família e seus amigos, seguindo seus ideais de forma independente. De repente milhares de soldados chegam atirando e “derrubando” grande parte de tudo isso, ou seja, sua paz, além da sua dignidade, matando os nativos naquele lugar. Como seu grupo é pequeno e sempre pensou em viver em paz, covardemente é derrotado em quase todos os sentidos. Resumidamente, foi assim que aconteceu com o Tibete quando o governo Chinês resolveu dominar esse território.

Mesmo assim, como a comunidade tibetana sempre prezou por seus valores morais e éticos, os seguimentos de fé e esperança além da busca pela paz persistiram e são proliferados na forma de palavras sábias e de elevado nível espiritual.

Pessoas do mundo todo acatam esses ensinamentos, buscando melhorias na qualidade de suas vidas.

É isso e muito mais que Dalai Lama e seus seguidores tibetanos têm feito para o mundo. Mas o líder budista há muitas décadas teve que deixar seu país para não ser assassinado, permanecendo até hoje exilado na Índia e continua sendo perseguido pelo governo Chinês, não usufruindo de total liberdade de expressão e ação.

Embora o governo Chinês tente vetar ao máximo a divulgação mundial de seus atos diante o Tibete, ainda conseguimos ter acesso a algumas reportagens de repressão em relação aos tibetanos, principalmente ao seu líder, o Dalai Lama.

Relembrando alguns fatos, podemos observar como a China vem impondo suas atitudes diante o mundo. Cinco meses antes da abertura das Olimpíadas de 2008 realizada em Pequim, várias pessoas se manifestaram com indignação a falta de liberdade dos tibetanos. Entretanto, a festa olímpica, muito bonita por sinal, repercutiu muito mais e ofuscou a manifestação. Com isso, assistimos a tudo calados e maravilhados com tanta exibição. Recentemente, a empresa Google ameaçou retirar suas instalações da China devido às restrições de determinadas divulgações naquele país, websites populares como o You Tube e Facebook além de jornais informativos como o jornal The New York Times estão bloqueados. Pesquisas com as palavras Dalai Lama, Taiwan, Tiananmen e Tibet são intensivamente filtradas. Intrigas entre os Governos da China e Índia aumentaram, numa disputa de área comercial no Nepal. A Índia é um país que tem predominância no sistema financeiro no Nepal, empregando um grande percentual dos Nepaleses. No entanto, uma concorrência financeira de outro país, teoricamente seria interessante para a economia do Nepal, o que traria maiores ofertas de produtos e preços. Inclusive, desde 2003 a China vem multiplicando a entrada de seus produtos no Nepal. Entretanto, o governo Chinês não tem como única intenção ser mais um concorrente comercial, mas pretende também bloquear a passagem de Tibetanos e Chineses “pro-tibete” da China para a Índia, uma vez que o Nepal serve como acesso entre esses dois Países. Com isso, a população adepta ao Dalai Lama ficaria restrita para usar esse caminho para chegar à Índia para encontrar com o líder religioso. O governo Chinês já conseguiu bloquear grande parte dessas vias de acesso ao Tibete, prejudicando trabalhadores e estudantes que precisam desse intercâmbio.

Embora o atual governo Americano já tivesse recusado uma visita do Dalai Lama a Casa Branca, recentemente anunciou que receberia o líder religioso. O governo Chinês, imediatamente anunciou que se o Presidente Americano o recebesse, abalaria ainda mais os laços políticos entre China e Estados Unidos. No entanto, o Presidente Americano desta vez o recebeu, embora de portas fechadas para a imprensa. A Casa Branca apenas exibiu para o mundo, a foto das duas personalidades mundiais que já receberam o prêmio Nobel da paz. Não vamos entrar no mérito do prêmio, senão, teremos que relembrar, por exemplo, que Gandhi, foi um dos principais exemplos de dignidade, sabedoria e que trabalhou a vida toda pela paz, mas não recebeu o prêmio que um presidente com pouco tempo de governo teria conquistado, afinal, estamos falando de um presidente da maior potência econômica mundial. Isso é um lamentável exemplo de que os valores materiais são superiores as atitudes de humanidade. Mas, também temos que reconhecer que o presidente americano desta vez mostrou personalidade em receber o Dalai-Lama e demonstrou apoio a preservação da identidade Tibetana e respeito aos direitos humanos na região.

Esperamos que essa não tenha sido apenas uma perfeita atitude política aos olhos do mundo, de pouca ação, como ocorreu em Copenhagen, quando o governo americano foi diplomaticamente perfeito em suas habilidades de pronunciamentos, mantendo as prioridades econômicas de seu país e dizendo a população mundial que reduzirá a emissão de gases. No entanto, não frisou que a redução de emissão de gases pelos Estados Unidos seria num percentual muito baixo em relação ao impacto que o país já causa ao meio ambiente. Só não foi pior que o próprio governo Chinês, que deixou claro que só adeririam aos preceitos de proteção ao meio ambiente, caso proporcionalmente mantivessem ou aumentassem seus lucros financeiros. A preocupação do governo Chinês com o meio ambiente é tão pequena que ativistas do próprio país têm protestado contra as suas leis de proteção aos animais, as quais são quase que inexistentes.

Partindo do princípio que a verdadeira ética é aquela que pensamos e agimos com atitudes que não prejudiquem o próximo, podemos perceber que a ganância materialista e a vaidade, dominam a mente do mundo capitalista, deixando o meio ambiente para depois e a ética com a moral ofuscadas, assim como ocorreu nas manifestações em prol da libertação do Tibete antes das Olimpíadas.

Mas, as atitudes de humildade, não precisam ser confundidas com a omissão dos ideais. Com persistência o Dalai Lama, conseguiu ser atendido na casa Branca e apoiado. Mais um grande exemplo de persistência para o mundo, luta pelos ideais e manutenção da paz.

Esse nobre exemplo do Dalai Lama é apenas mais um, já que a comunidade tibetana não fica apenas nas palavras: “os inimigos nos ensinam a ter paciência e compaixão”. Sabemos que atitudes como essa, é difícil de tomar e principalmente mantê-las, devido ao grande número de pessoas com inferioridade espiritual que nos rodeiam e tentam mesmo que indiretamente afastar-nos desses ideais.

Em 1882, comparando o sofrimento dos Judeus diante às atitudes dos alemães que faziam parte do seguimento extremista, o polêmico e questionador das religiões, o filósofo Friedrich Nietzsche descreveu: “todos fazem grande caso da lógica, isto é, da arte de forçar a aprovação por via da utilização de razões; sabem que vencerão fatalmente com ela, mesmo quando se chocarem com repugnâncias éticas ou sociais e quando as pessoas só quiserem acreditar neles contra a vontade”. No entanto, o que parece ser lógico para a maioria da população mundial é o “mundo material”.

Será que agindo de forma omissa saberemos deduzir a forma correta de conduzir os povos às suas próprias razões?

Também poderíamos refletir de forma irônica: Grande é o governo Chinês, são muitos em número, mantém uma “moderna” forma de explorar seus trabalhadores escravos e tem poucos impositores com coragem, o que impede qualquer grupo de confrontá-lo. E, dessa forma, o governo Chinês vai empregando sua filosofia antidemocrática, dominadora e que inibe a liberdade de expressão. Com isso, ficam cada vez mais livres para explorar a mão de obra barata de seu povo, inclusive de forma que às vezes julgamos subumanas.

Por tudo isso, poderíamos dizer que o grande problema é a contaminação das atitudes capitalistas dos seres humanos, que vão devorando o meio ambiente e a espiritualidade, assim como fazem uma grande parte dos políticos, esquecendo da ética. Na realidade não são apenas os políticos, mas, em quase todo ambiente que vivemos é assim. Forte é aquele que não se deixa contaminar.

Se a China assim continuar a crescer materialmente irá contaminar o mundo cada vez mais. A democracia, que é uma bandeira justa que carregamos será enfraquecida.

A semeadura pela compaixão ao próximo, a prevalência da ética, principalmente para passar isso para nossas crianças, cada vez mais ficará enfraquecida.

Precisamos dar continuidade dos verdadeiros princípios da moral e da ética para que o bem prolifere em nossa humanidade, apoiando os mais fracos, os quais brilhantemente resistem ao grande mal. Caso isso não seja feito, qual seria nossa consciência no futuro por não termos a sensibilidade para tais situações? 

Na verdade, quando criticamos, temos que ter alguma solução. No mundo de hoje precisamos manter a imagem política. O governo brasileiro, mesmo que pretendesse, diplomaticamente não poderia impor restrições ao governo Chinês. Mas, nós, simples moradores e passageiros desse mundo podemos agir contra essas atitudes, ou seja, atuar contra a maior força do governo Chinês, a economia. Para tanto, o mínimo que podemos fazer além de intelectualmente lutar contra os ideais desse governo, é esfriarmos sua economia. Se eles não explorassem seus trabalhadores, os produtos não seriam tão baratos.

Não seria, no entanto, motivo de deixarmos de empregar ou comprar produtos fabricados aqui pelos nossos Chineses, ou seja, daqueles que aqui trabalham e não tem a ver com a posição do governo do seu país de origem. Também não justificaria destruir os produtos de fabricação chinesa que infelizmente já compramos, pois seria um prejuízo não inteligente, mas, mantendo-os em casa, isso fará com que os próprios produtos nos lembrem das injustiças. Caso os recursos da economia da China fossem bem distribuídos entre sua população, essas proposições poderiam ter menor valor, mas, sabemos que lá vivem muitos explorados e, se depender do atual governo Chinês, outros grupos miseráveis se formarão. Portanto, mesmo que os impostos dos nossos produtos sejam absurdamente altos, precisamos conscientizar que optar por trocá-los por produtos de fabricação chinesa seria uma atitude sem consciência da nossa parte, enfraquecendo nossa economia e fortalecendo cada vez mais o Governo Chinês com suas atitudes.

Enfim, que o calor e as chuvas dos próximos verões e o frio dos próximos invernos sejam menos intensos, para ficarmos mais tranquilos com nossa consciência econômica, moral e ambiental.

 

Michel Cardoso de Angelis Pereira
Lavras-MG

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