China: a conquista do mundo através de Confúcio

Pequim, 05/01/2010 – Quando a crise financeira mundial coloca em xeque as nações ocidentais e o capitalismo liberal, a China surge como um pilar de estabilidade e crescimento, o que gera um furor internacional por sua cultura. “Não precisamos criar uma demanda para o ensino da cultura chinesa nem nos lançar em uma campanha agressiva para promover o aprendizado do idioma”, disse Xu Lin, diretora-executiva do Instituto Confúcio de Pequim, dedicado a promover em todo o mundo a cultura e a língua chinesas, uma modernização do mandarim do norte. “O rápido desenvolvimento da China e o desejo das pessoas em saber mais sobre este país é o que nos obriga a expandir nossa rede de institutos com rapidez”, acrescentou.

Dessa forma Xu Lin se expressou na Quarta Conferência do Instituto Confúcio, realizada em dezembro. Um fórum que atrai cada vez mais interesses e que mostra o surgimento deste país como uma superpotência cultural. O encontro reuniu participantes de 87 países e a capital teve motivos para se orgulhar. As autoridades destinaram há cinco anos a enorme quantia de US$ 10 milhões para criar cem institutos de ensino da cultura e do idioma chineses em diversas partes do mundo até 2010, dentro de sua estratégia de “poder brando”.

A iniciativa teve muito êxito, pois já foram construídos 282 centros em vários países. A principal preocupação de Pequim agora é como atender a demanda insatisfeita. O Escritório do Conselho Internacional da Língua Chinesa (Hanban) estima que há cerca de 40 milhões de pessoas aprendendo o idioma no mundo. A última conferência do Instituto Confúcio concentrou-se nos esforços necessários para ampliar o ensino da língua fora das universidades e levá-las às comunidades locais.

A questão de como ampliar o poder brando da China foi o centro do debate dos acadêmicos, especialmente depois que Índia e Japão anunciaram sua intenção de elevar seu perfil cultural em nível internacional. Tóquio anunciou em 2007 a intenção de criar cem centros adicionais de ensino de japonês no mundo, e a Índia estuda lançar sua própria campanha cultural para aumentar o número de interessados na riqueza de suas tradições.

Se somente se promover o estudo da língua pode-se complicar a ampliação do impacto cultural chinês no mundo, alertam especialistas. A Índia, por exemplo, não tem apenas uma grande tradição de filosofia, arte e livros, mas também uma efervescente indústria do entretenimento. Os produtos culturais chineses estão atrás dos da Coréia do Sul e Japão, com um perfil mais popular, o que obriga Pequim a colocar o ensino do idioma no centro de sua estratégia de poder branco.

A escolha de Confúcio como suporte da ofensiva cultural chinesa não é casual. As autoridades comunistas consideram o antigo filósofo, que defendeu o equilíbrio e a harmonia, com o pregador ideal da nova China, desejosa de projetar a imagem de um país estável e pacífico. Os centros Confúcio não têm fins lucrativos e se tornaram extremamente populares em lugares não só onde já se estudava o idioma, como Europa e Estados Unidos, mas também na África.

Desde a inauguração do primeiro Instituto Confúcio na Universidade de Nairóbi, em dezembro de 2005, foram criados muitos outros centros em todo o continente. Quase 10 mil africanos aprendem chinês atualmente. O surgimento de Confúcio como marca internacional do ensino do chinês é um sinal do renovado interesse pela herança das tradições da China, segundo Qu Delin, da Universidade de Língua e Cultura de Pequim. “O confucionismo é um pilar de nossa cultura tradicional há séculos. É uma boa escolha usá-lo como emblema da China para o exterior”, acrescentou.

Mas, o ressurgimento do pensamento de Confúcio marca uma diferença significativa a respeito das ideias políticas que imperaram no começo do século XX, quando os intelectuais chineses vilipendiaram o confucionismo por considerá-lo um dogma conservador dos regimes imperiais. Durante a Revolução Cultural, no final dos anos 60, o confucionismo foi novamente alvo de ataques. Assim se conhece uma campanha de perseguição contra intelectuais dirigida pelo então líder do Partido Comunista, Mao Zedong (1893-1976). Nesse contexto foi destruído um templo do antigo sábio, considerado lacaio do feudalismo.

“Os chineses foram reprimidos pelas potências estrangeiras durante centenas de anos, o que determinou por nos infundir o temor de promover as boas tradições de nossa cultura”, disse Xu Lin à imprensa antes da Quarta Conferência do Instituto Confúcio. “Agora, chegou o momento de dar o que temos de melhor. Queremos converter nossos institutos Confúcio em uma espécie de supermercados da cultura”, acrescentou.

As autoridades chinesas propagam a máxima de Confúcio de manter uma “mente aberta” e abraçar “tudo”, mas não aplicam isso para os outros países que pretendem lançar seus próprios programas culturais dentro da China. Os chineses “abriram mais de 50 institutos Confúcio nos Estados Unidos, mas nós não podemos abrir nem uma livraria na China”, protestou um diplomata norte-americano em Pequim. (IPS/Envolverde)

(Envolverde/IPS)
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