- Do DU não falam eles, os politiqueiros & os media que se arrogam
serem "referência"
- Intoxicam-nos com a treta do inofensivo CO2 mas silenciam o crime real
- Organizações que se dizem ecologistas, como a Quercus e quejandas,
são coniventes nesse silenciamento
- O DU é venenoso e tem efeitos teratogénicos – em Faluja nascem
bebés deformados
- A semi-vida do DU é de milhões de anos
- As armas tóxicas do imperialismo ameaçam exterminar a humanidade
- As agressões ao Iraque, Jugoslávia e Afeganistão não
afectam apenas esses povos
Em Setembro deste ano nasceram 170 crianças no Hospital Geral de Faluja, 24 por cento das quais morreram na primeira semana. Três quartos dessas crianças apresentavam deformações, incluindo “crianças nascidas com duas cabeças, sem cabeça, um só olho na testa, ou sem membros”.
Os dados comparativos com Agosto de 2002 – antes da invasão – registam 530 nascimentos, dos quais morreram seis e apenas um apresentava deformações.Assista vídeo em:
Os dados – contidos numa carta enviada no mês passado às Nações
Unidas por um grupo de médicos e activistas britânicos e iraquianos – anteciparam-se às
alegações feitas num relatório, publicado no The Guardian de
ontem, de que tem havido na cidade um forte aumento de defeitos à nascença.
O jornal citava o director e especialista sénior do Hospital Geral de
Faluja, Dr Ayman Qais, que afirmou: “Estamos a observar um aumento significativo
de anomalias do sistema nervoso central… Há também um aumento
muito pronunciado do número de casos de tumores cerebrais”. Ainda este
ano a Sky News noticiou que um coveiro de Faluja afirmara que, entre os quatro
ou cinco recém-nascidos que enterra todos os dias, a maior parte apresenta
deformações.
A carta dos activistas às Nações Unidas requer que seja
feita uma investigação independente “aos materiais tóxicos
utilizados pelas forças de ocupação, incluindo o urânio
empobrecido e o fósforo”, e um inquérito destinado a investigar
os crimes de guerra praticados.
O urânio empobrecido e o fósforo branco são a principal,
ou mesmo a única, causa dos defeitos nos nascituros. O fósforo
branco, que os militares americanos reconheceram ter sido utilizado contra
os insurgentes em Faluja, cidade que tem uma alta densidade de população,
tem uma longa história de utilização militar, que remonta à Primeira
Guerra Mundial.
E embora não haja nenhum estudo científico que tenha provado
uma relação causal entre o urânio empobrecido e graves
problemas médicos
[1] – e há até alguns estudos que parece provarem o contrário – a situação não é nada clara. Desde a primeira Guerra do Golfo que o seu uso tem sido relacionado com cancros entre as tropas que regressam a casa.
O QUE É O URÂNIO EMPOBRECIDO?
O Urânio Empobrecido, ou DU (Depleted Uranium), é um
resíduo da indústria nuclear. Produz-se uma grande quantidade
deste resíduo quando o urânio natural é enriquecido para
utilização em reactores e armas nucleares. Nos processos nucleares,
tais como reactores e armamento, apenas se pode utilizar o isótopo U-235
do urânio. Como a maior parte deste isótopo é extraído
do urânio que existe na forma natural, o urânio restante contém
U-238 e quantidades mais pequenas de U-235 e U-234 muito mais radioactivos.
O DU é tóxico simultaneamente do ponto de vista químico
e radiológico. É este produto final, o que sobra do urânio,
que contém principalmente U-238, que tem sido utilizado para fabricar
armas de urânio “empobrecido”. É utilizado para armamento porque
o exército considera que este metal pesado e denso é um excelente
perfurador de blindados, de tanques e até mesmo de edifícios
do inimigo.
Grande parte do DU armazenado nos Estados Unidos tem sido contaminada com
combustível
nuclear utilizado e reciclado de reactores nucleares. Por exemplo, encontraram-se
quantidades de U-236 e de substâncias altamente radioactivas, tais como
plutónio, neptúnio e ternécio numa bomba anti-tanque de
DU utilizada no Kosovo. Centenas de milhares de toneladas deste stock contaminado
foram exportadas para o Reino Unido, para França e para outros países
nos anos 90. Ainda não se sabe nem foi revelado até que ponto
este DU foi contaminado com combustível utilizado e reciclado.
Os governos têm ignorado amplamente os graves perigos que este combustível
reciclado apresenta. Uma defesa vulgar utilizada pelos governos britânico
e americano e pelas suas forças armadas é afirmar que o urânio
empobrecido é menos radioactivo do que o urânio natural e, portanto,
não apresenta perigo para a saúde humana. Mas esta afirmação é mistificadora.
Na sua forma natural o urânio está presente no nosso ambiente
em quantidades muito pequenas nos minérios, por exemplo nas rochas e
no solo. Ao invés, o DU utilizado pelos militares é concentrado
em comparação com as quantidades presentes no ambiente e, portanto, é muitas
vezes mais radioactivo do que o minério de urânio.
Em Maio de 2003, Scott Peterson, colaborador do jornal americano CSM, examinou
os níveis radioactivos após o lançamento de projécteis
DU em Bagdad e concluiu que as leituras do contador Geiger eram 1900 mais elevadas
do que os níveis de radiação no ambiente. Quando o urânio
natural está concentrado numa forma semelhante ao do urânio “empobrecido” emite
cerca de mais 40% de radiações alfa, mais 15% de radiações
gama e cerca do mesmo nível de radiações beta. A toxicidade
química do urânio não depende do isótopo e, portanto,
o urânio enriquecido, o 'normal' e o empobrecido são igualmente
tóxicos do ponto de vista químico.
É extremamente difícil e dispendioso para a indústria nuclear
armazenar o DU. Pensa-se que os EUA têm actualmente mil milhões
de toneladas de resíduos radioactivos de urânio empobrecido, enquanto
o Reino Unido tem pelo menos 50 mil toneladas. Este resíduo é guardado
em cilindros em muitos locais por todos os EUA e Reino Unido e é vulnerável à corrosão
e a fugas devido ao envelhecimento dos cilindros e ao armazenamento ao ar livre. É guardado
principalmente sob a forma de hexafluorido de urânio empobrecido (DUF6)
que pode gotejar se os cilindros corroídos abrirem um buraco. Há notícias
de pelo menos 10 cilindros terem aberto brechas nos últimos 10 anos.
Transformar este desperdício de DU em armas resolve parte do problema
que o governo e a indústria nuclear enfrentam, no que se refere ao que
fazer com estes stocks enormes. Não só o DU é praticamente
de graça para os fabricantes de armas, como deixa de ter que ser armazenado
e vigiado indefinidamente.
OS EFEITOS PARA A SAÚDE DO URÂNIO EMPOBRECIDO
O urânio empobrecido é um risco para a saúde, quer como
metal pesado tóxico quer como substância radioactiva. Os governos
do Reino Unido e dos EUA há muito que tentam esconder estes riscos.
Embora, já no fim de 2003, o governo do Reino Unido tenha andado a afirmar
que o DU não apresentava perigo nem para soldados nem para civis, as
provas acumuladas e alarmantes de cientistas, soldados e activistas forçaram-no
a recuar e a reconhecer os riscos existentes. Mas o que é nítido
a partir da leitura de todos os principais estudos é que é necessário
que se faça urgentemente mais investigação. Existe muito
pouca investigação sobre os efeitos da contaminação
pelo urânio nos seres humanos e nunca foram feitos testes rigorosos para
averiguar as doses de exposição da utilização militar
do DU.
Há três vias principais através das quais ocorre a exposição
ao DU no campo de batalha: a inalação, a ingestão e os
ferimentos. Quando um penetrante DU atinge o seu alvo, parte do DU da arma
reage com o ar no fogo que se segue e transforma-se numa poeira fina (chamada
habitualmente 'aerosol') que facilita a inalação e ingestão
para os que se encontram nessa área. Mesmo depois de a poeira assentar,
mantém-se o perigo de que possa voltar a ficar em suspensão posteriormente
através de outras actividades ou devido ao vento, e volte a ser uma
ameaça para civis e outros durante muitos anos daí em diante.
Já foi noticiado que partículas de DU viajaram 40 km impelidas
pelo vento. Os ferimentos abertos também constituem uma porta de entrada
de DU no corpo e alguns veteranos têm fragmentos de DU dentro do corpo,
vestígios dos combates.
A poeira de DU inalada instala-se no nariz, na boca, nos pulmões, nas
vias respiratórias e no tubo digestivo. Quando um penetrante de DU atinge
o seu alvo, as altas temperaturas provocadas pelo impacto fazem com que as
partículas de poeira de DU fiquem vidradas e portanto insolúveis
na água. Isto significa que, ao contrário de outras formas mais
solúveis de urânio, o DU se manterá no corpo durante períodos
de tempo muito maiores. Este aspecto da toxicologia do urânio tem sido
frequentemente ignorado nos estudos dos efeitos do DU sobre a saúde,
estudos que se baseiam nas taxas de excreção do urânio
solúvel. A poeira de DU pode manter-se nos tecidos quentes e húmidos
dos pulmões e de outros órgãos, como os rins, durante
muitos anos. Também se deposita nos ossos onde pode ficar durante mais
de 25 anos. Isto permite explicar porque é que os estudos dos veteranos
da Guerra do Golfo chegaram à conclusão de que os soldados continuam
a expelir DU na urina 12 anos após o conflito de 1991. O DU ingerido
pode ser incorporado nos ossos e daí irradiar para a medula óssea,
aumentando o risco de leucemia e de um sistema imunitário enfraquecido.
A exposição externa ao DU significa exposição às
radiações alfa, beta e gama. Embora a pele bloqueie as partículas
alfa, as radiações beta e gama podem penetrar para lá das
camadas de pele morta exterior e danificar os tecidos vivos. As partículas
beta podem penetrar até uma profundidade de 2 cm, enquanto que as radiações
gama (através de um processo chamado “o efeito de Compton”) geram radiações
de partículas beta ao longo da sua trajectória através
do corpo. A exposição externa às radiações
alfa também não é inofensiva. As cataratas, por exemplo,
podem ser causadas pela exposição às radiações
alfa.
No interior do corpo, o DU apresenta uma série de riscos para a saúde
em diferentes órgãos. Os rins são o primeiro órgão
a ser prejudicado pelo DU. Numa dose alta, os níveis de urânio
nos rins podem levar à falência dos rins em poucos dias após
a exposição. Doses mais baixas levam a disfunções
dos rins e podem constituir um risco acrescido de doenças de rins a
longo prazo.
Enquanto emissor radioactivo, o DU também constitui um risco para os
pulmões. Tradicionalmente, a dosimetria de radiações mede
o grau de dano calculando as radiações externas absorvidas pelos
tecidos: a chamada dose “absorvida”. Mas, como a poeira do DU é inalada
ou ingerida, pode manter-se nos tecidos do corpo e emitir radiações
intensas durante um período mais longo. Desta forma pode provocar uma
grande quantidade de danos numa área relativamente pequena, alterando
os códigos genéticos de uma pessoa e provocando cancros. Por
causa disso, os soldados e civis expostos ao DU arriscam-se a contrair cancros,
especialmente se forem fumadores, dado que os seus pulmões já se
encontram irritados.
Estão a aparecer muitas novas provas acerca dos riscos das chamadas
radiações de 'baixo nível' e dos danos que podem provocar
no ADN. Ultimamente têm-se acumulado provas consideráveis sobre
os efeitos 'testemunha', que demonstram que as células irradiadas transmitem
os danos às células saudáveis vizinhas. Desta forma pensa-se
que as radiações de baixo nível podem provocar danos muito
maiores do que seria de esperar. Alguns estudos também têm demonstrado
que as células irradiadas transmitem aberrações cromossómicas à sua
prole, de modo que células não irradiadas durante várias
gerações, ou divisões posteriores de células, podem
vir a apresentar esta instabilidade genómica induzida pelas radiações.
Novos indícios também sugerem que a toxicidade química
do DU e da sua radioactividade se reforça mutuamente num efeito chamado
'sinergético', o que significa que 'reforça o seu próprio
poder' em termos dos danos que pode provocar às células. Alexandra
Miller do Instituto Americano de Investigação de Radiobiologia
das Forças Armadas dos EUA, num estudo de 2003, chegou à conclusão
de que, quando as células ósseas humanas são expostas
ao DU, separam-se fragmentos dos cromossomas que formam pequenos anéis
de material genético. Este dano foi observado em células novas
mais de um mês depois da remoção do DU, provocando um aumento
de oito vezes nos danos genéticos em relação ao que era
esperado.
Não é apenas em termos de risco acrescido de cancro que os danos
do DU sobre o ADN podem afectar a saúde. Também é responsável
por causar um sistema imunitário deficitário, problemas de reprodução
e defeitos à nascença. Por exemplo, um estudo de veteranos americanos
da Guerra do Golfo chegou à conclusão de que estes têm
três vezes mais probabilidades de ter filhos com deformações à nascença
do que os pais que não foram combatentes; e que as gravidezes terminam
em taxas significativamente mais altas de aborto. Um importante estudo de 2004,
da Escola de Londres de Higiene e Medicina Tropical, financiado pelo Ministério
da Defesa, chegou à conclusão de que os bebés cujos pais
prestaram serviço na primeira Guerra do Golfo têm mais 50% de
probabilidades de ter anomalias físicas. Também encontraram um
risco acrescido de 40 por cento de aborto nas mulheres cujos companheiros prestaram
serviço no Golfo.
Em Bassorá, no sul do Iraque, têm aparecido notícias chocantes
há uma série de anos sobre o aumento nesse local de cancros infantis
e de deformações de nascimento ali observadas. As descobertas
de um importante epidemiologista iraquiano, Dr. Alim Yacoub foram apresentadas
em Nova Iorque em Junho de 2003 e mostram que tem havido um aumento de mais
de cinco vezes em malformações congénitas e de quatro
vezes mais das taxas de incidência de doenças malignas em Bassorá.
O Dutch Journal of Medical Science noticiou as conclusões do
oftalmologista holandês, Edward De Sutter. Este encontrou, em 4000 nascimentos
no Iraque, 20 casos de bebés com o fenómeno anoftalmo: bebés
que nasceram apenas com um olho ou a quem faltavam os dois olhos. Esta situação
muito rara afecta normalmente apenas 1 em 50 milhões de nascimentos.
Os efeitos prejudiciais para a saúde que as armas de DU apresentam são
especialmente preocupantes por causa da probabilidade de os civis ficarem expostos
após o término dos conflitos. As crianças principalmente
estão em risco porque brincam com terra contaminada que por vezes ingerem
e a maior parte dos riscos para a saúde constituem um perigo especial
para as crianças mais pequenas.
CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL POR DU
A libertação de DU no ambiente pode poluir a terra e a água
durante as próximas décadas
[2] . O perigo não se limita às suas emissões no campo de batalha mas expõe as gerações actuais e futuras de civis a alimentos e abastecimento de água contaminados. Também é de prever que as emissões deste tipo no ambiente tenham efeitos negativos na vida das plantas e dos animais embora pouco se saiba quanto a isso.
A poeira de DU no ambiente pode voltar a ficar em suspensão no ar através
das condições do tempo e da actividade humana, tais como a agricultura.
Constitui uma preocupação especial o facto de as crianças
serem particularmente vulneráveis a sofrer exposições
significativas quando brincam em locais e ingerem terra contaminada através
da sua típica actividade de levar tudo à boca.
O DU também pode contaminar o solo através da corrosão
do projéctil original. Pensa-se que cerca de 70 a 80% de todos os projécteis
de DU utilizados no Golfo e nos Balcãs se mantêm enterrados no
solo. Um estudo do Programa do Ambiente das Nações Unidas na
primavera de 2002 chegou à conclusão de que os projécteis
recuperados tinham reduzido de massa em 10 a 15%. A corrosão pode canalizar
o urânio para as águas subterrâneas, de onde pode viajar
até aos pontos de abastecimento de água local. O DU no solo também
pode entrar na cadeia alimentar visto que é absorvido pelas plantas
que ali crescem e pelos animais utilizados para alimentação.
Um relatório após os conflitos na Bósnia e na Herzegovina
chegaram de facto à conclusão de que o DU também se tinha
infiltrado na água subterrânea local. O mesmo estudo chegou à conclusão
de que se mantinham focos radioactivos nalguns dos locais estudados. Klaus
Toepfer, director executivo da UNEP, disse na altura, “Sete anos depois do
conflito, o DU continua a ser motivo de preocupação ambiental
e, portanto, é vital que tenhamos os factos científicos, com
base nos quais possamos dar recomendações claras sobre como minimizar
quaisquer riscos”.
Os militares britânicos e americanos demonstraram uma irresponsabilidade
extrema ao libertar DU no ambiente, utilizando-o sem a devida monitorização
ou sem informação sobre os riscos que apresenta mesmo para os
seus próprios países. Em Janeiro de 2003, a Marinha americana
reconheceu ter disparado rotineiramente DU dos seus canhões Phalanx
em importantes águas de pesca ao largo da costa do estado de Washington
desde 1977. No local de testes de Dundrennan na Escócia foram disparadas
cerca de 30 toneladas de projécteis de DU para a bacia de Solway. Apenas
um foi recuperado, encontrado na rede de um pescador.
Os dois governos foram igualmente insensíveis na sua indiferença
em relação aos perigos a longo prazo para os civis dos países
em que utilizaram o DU.
O DU E OS MILITARES
O DU é utilizado numa série de aplicações militares. É atractivo
para os militares, para os governos e para a indústria nuclear por três
razões principais. Primeiro, como já foi mencionado, existe em
quantidade e é barato e resolve o problema do armazenamento e da fiscalização.
Em segundo lugar, é uma arma de batalha muito eficaz porque a sua alta
densidade e qualidades de perfuração lhe permitem penetrar em
alvos duros com facilidade. Em terceiro lugar, o DU é pirofórico,
o que significa que arde sob impacto, reforçando a sua capacidade de
destruir os alvos inimigos. O teste de fogo britânico de DU começou
na serra de Eskmeals na Cúmbria no início dos anos 60. Os testes
continuam hoje em Dundrennan, na Escócia do Sul, sobretudo antes do
ataque ao Iraque em 2003. O DU é utilizado actualmente em dois tipos
de munições nas forças armadas britânicas: os projécteis
anti-tanque de 120 mm (CHARM 3), que são disparados pelos tanques Challenger
do exército e os projécteis de 20 mm usados pelo Sistema de Armamento
de Proximidade Phalanx da Royal Navy (um sistema de defesa anti-mísseis).
O sistema Phalanx foi desenvolvido pela Marinha americana e é usado
pelas Marinhas australiana e britânica. Em 1993, uma fuga de informação
de um relatório do Pentágono revelou como a utilização
do DU podia levar a riscos acrescidos de cancro: esta fuga levou os fabricantes
americanos a mudar para alternativas de tungsténio. Por causa disso
a Royal Navy também foi forçada a trocar as suas munições
de reposição para o tungsténio, embora ainda tenha stocks
de DU.
As forças armadas americanas utilizam o DU principalmente nos seus tanques
Abrahams e aviões A10, embora também seja utilizado nos carros
de combate Bradley, nos aviões Harrier AV-8B, nos helicópteros
Super Cobra e no sistema Phalanx da Marinha. Também é utilizado
pelas forças armadas americanas numa série de outras aplicações,
incluindo bombas, blindagem de tanques, lastro de aviões e minas anti-pessoais.
Embora os militares americanos e britânicos sejam os únicos países
que estão devidamente documentados como utilizando armas de DU, sabe-se
que estas existem em pelo menos mais dezassete países, incluindo: a
Austrália, o Bahrain, a França, a Grécia, Israel, a Jordânia,
o Kuwait, o Paquistão, a Rússia, a Arábia Saudita, a Coreia
do Sul, Taiwan, a Tailândia, a Turquia e os Emirados Árabes Unidos.
Os testes de armas de DU provocaram uma contaminação considerável
nos locais de testes em todo o mundo. Em Dundrennan, na Escócia, por
exemplo, um relatório de 2004 do Ministério da Defesa revelou
como, desde 1982, mais de 90 bombas erraram o alvo ou funcionaram mal e espalharam
fragmentos de DU pelo terreno. Apesar das pesquisas, parte desses fragmentos
nunca foram recuperados. São altos os níveis de contaminação
nessas áreas, que tiveram que ser isoladas. Em Okinawa no Japão
e em Vieques, uma ilha de Porto Rico, os militares americanos utilizaram armas
de DU sem as devidas autorizações e sem informarem os respectivos
governos ou populações locais. Nos EUA, o exército está a
tentar ilibar-se das suas responsabilidades de descontaminar antigos locais
de testes, como o de Picatinny Arsenal em Nova Jersey e o de Jefferson Proving
Ground na Indiana.
É hoje óbvio que os militares conheciam os riscos do urânio
empobrecido mas nunca deram instruções de segurança aos
soldados, tanto nas Guerras do Golfo de 1991 como nos conflitos dos Balcãs.
Um estudo preparado pelo exército americano em Julho de 1990, um mês
antes de o Iraque invadir o Kuwait, diz: “Os riscos para a saúde associados à exposição
interna & externa de DU durante as situações de combate são
certamente muito menores do que outros riscos relacionados com o combate. Mas,
na sequência dos combates, a situação do campo de batalha
e os riscos a longo prazo para a saúde de nativos e veteranos de combate
podem vir a constituir um problema quanto à aceitabilidade da utilização
continuada do DU”.
Mais ainda, a fuga de informação em 1993 de um documento do gabinete
americano do General Cirurgião do Exército dizia, “Quando os
soldados inalam ou ingerem poeira de DU incorrem num possível risco
acrescido de cancro… esse acréscimo pode ser quantificado em termos
de dias previstos de perda de vida”.
O DU NO IRAQUE
A Guerra do Golfo de 1991 assistiu à primeira utilização
comprovada de armas de DU. Foram utilizadas nessa guerra cerca de 320 toneladas
de DU em armamento, das quais cerca de uma tonelada foi utilizada pelos militares
britânicos. Segundo os dados do Departamento de Defesa americano, dezenas
ou centenas de milhares de militares americanos podem ter tido exposição
ao DU. Tanto o governo americano como o britânico declinaram qualquer
responsabilidade pela descontaminação e ambos se recusaram a
estudar as taxas de exposição ou os efeitos posteriores desta
utilização de DU. Alguns anos depois, começaram a aparecer
no Iraque as provas quanto à crescente incidência de cancro e
de deformações à nascença no sul do país.
Depois de fortes pressões americanas, a Assembleia-Geral da ONU, em
Novembro de 2001, derrotou uma proposta iraquiana para que as Nações
Unidas estudassem os efeitos do DU ali utilizado.
No ataque de 2003 ao Iraque, os militares americanos e britânicos utilizaram
o DU apesar da falta de dados fiáveis sobre os efeitos da sua utilização
no Iraque 12 anos antes. O governo britânico reconheceu ter utilizado
1,9 tonelada de DU. Embora isto seja apenas uma leve proporção
de todo o DU utilizado no Iraque, é o dobro da quantidade utilizada
em 1991. As autoridades americanas ainda não revelaram quanto utilizaram,
embora uma fonte inicial do Pentágono tenha revelado que podem existir
no Iraque 75 toneladas de DU, provenientes apenas dos aviões A-10.
As implicações para os civis iraquianos são alarmantes.
Ao contrário da primeira Guerra do Golfo, que se restringiu principalmente
a áreas desertas, grande parte da utilização de DU foi
feita em áreas com edifícios, fortemente povoadas. O governo
dos EUA recusou-se a qualquer limpeza de DU no Iraque, agarrando-se à afirmação
de que não há qualquer relação com doenças,
enquanto que o governo britânico reconheceu pela primeira vez que tem
essa responsabilidade, mas afirma que ela não está no topo da
sua lista de prioridades.
OUTROS PAÍSES CONTAMINADOS POR DU
BÓSNIA 1994-1995
Na Bósnia foram utilizados projécteis de DU pelos aviões
americanos A-20, sob os auspícios da Organização do Tratado
do Atlântico Norte (NATO). Foram utilizados na Bósnia cerca de
10 800 projécteis de DU, ou seja três toneladas. No entanto, a
NATO sempre negou que tenha sido utilizado o DU até 2000, seis anos
depois dos ataques, até que começaram a aparecer as notícias
nos meios de comunicação. Durante todo esse tempo não
puderam ser feitas limpezas nem campanhas de sensibilização pública,
o que levou a exposições desnecessárias dos civis. O relatório
da UNEP, atrás mencionado, e divulgado em Março de 2003, descobriu
contaminação por DU na água potável e 'focos' radioactivos.
A UNEP recomendou uma monitorização continuada da água
potável, a limpeza do DU dos locais, a limpeza de edifícios contaminados
e a divulgação pela NATO de todas as coordenadas de ataques com
DU.
KOSOVO, JUGOSLÁVIA – 1999
A aviação Americana A-10 disparou cerca de 31 300 projécteis
de DU, ou seja nove toneladas de DU em áreas do Kosovo, Sérvia
e Montenegro durante a acção da NATO nesses locais em 1999. Um
ano depois da guerra foram divulgadas informações parciais sobre
a utilização do DU, quando o secretário-geral da ONU,
Kofi Annan, enviou uma carta ao secretário-geral da NATO, Lord George
Robertson, requerendo informações. Uma análise num estudo
de campo da UNEP, após o conflito, sobre bombas de DU recuperadas, publicado
em Março de 2001, chegou à conclusão de que algumas dessas
bombas tinham sido feitas com urânio reciclado (ou seja, com urânio
que tinha passado por um reactor nuclear) e estavam contaminadas com plutónio.
O estudo não encontrou uma contaminação generalizada mas
encontrou provas de movimentação de poeira de DU transportada
pelo ar. Também encontrou pontos localizados de contaminação
concentrada apresentando níveis de U-238 dez mil vezes mais altos do
que os níveis normais do ambiente. O estudo recomendava a descontaminação,
a remoção de penetradores e a monitorização da água
potável. Um outro relatório publicado pela UNEP sobre a contaminação
por DU na Sérvia e em Montenegro encontrou “contaminação
generalizada por DU, embora de baixo nível, por partículas de
DU transportadas pelo ar” e que “havia poeira de DU amplamente dispersa pelo
ambiente”.
Tal como os relatórios oficiais, têm aparecido provas episódicas
abundantes do chamado “síndroma do Balcãs” em soldados deslocados
na região e nas populações civis. Os sintomas são
semelhantes ao “síndroma da Guerra do Golfo” com elevados níveis
de leucemia, doenças do sistema respiratório e do sistema imunitário.
Em meados de 2004 morreram 27 soldados italianos com sintomas que se pensa
estarem relacionados com a exposição ao DU. Um tribunal de Roma
ordenou que o Ministério da Defesa italiano indemnizasse a família
de Stefano Melone, um soldado que morreu de um tumor vascular maligno. Segundo
o tribunal, a morte de Melone foi “devida à exposição
de substâncias radioactivas e cancerígenas” em missões
nos Balcãs.
Provocou grande tensão no seio da NATO já que os países
membros não foram avisados de que os seus soldados iam entrar em zonas
contaminadas por DU.
AFEGANISTÃO 2001- 2004
Há algumas provas de que foi utilizado DU no Afeganistão, embora
isso nunca tenha sido confirmado oficialmente. Por exemplo, sabe-se que estiveram
activos na região os aviões americanos A-10 e Harrier, que utilizam
munições DU. O secretário da Defesa, Donald Rumsfeld disse
que os EUA encontraram radioactividade indicando a utilização
de DU pelos talibãs ou pela Al-Qaeda.
Regras da Convenção de Genebra (de que os EUA e o Reino Unido
são subscritores):
- A limitação de sofrimento humano desnecessário [Art. 35.2]
- A limitação de danos ao ambiente [Art. 35.3 e 55.1]
- É proibido utilizar armas, projécteis e materiais e métodos de guerra de natureza tal que provoquem prejuízos supérfluos ou sofrimento desnecessário [Art. 35.3]
- É proibido utilizar métodos ou meios de guerra que se destinem, ou dos quais se possa esperar causarem danos generalizados, a longo prazo e graves para o ambiente natural [Art. 35.2]
- A fim de garantir o respeito e a protecção da população civil e dos objectos civis, as partes em conflito terão sempre que distinguir entre população civil e combatentes e entre objectos civis e objectivos militares e, consequentemente, deverão dirigir as suas operações apenas contra objectivos militares [Art. 48]
- São proibidos ataques indiscriminados. Ataques indiscriminados são:
a) os que não são dirigidos contra um objectivo militar específico;
b) os que utilizem um método ou meio de combate que não possa ser dirigido contra um objectivo militar específico; ou
c) os que utilizem um método ou meio de combate cujos efeitos não possam ser limitados conforme exigido por este Protocolo; e consequentemente, em cada um destes casos, são de natureza tal que atinjam objectivos militares e civis e objectos civis sem qualquer distinção [Art. 51.4] - Deve ter-se o cuidado na guerra de proteger o ambiente natural contra danos generalizados, a longo prazo e graves. Esta protecção inclui a proibição do uso de métodos ou meios de guerra que se destinem ou dos quais se possa esperar causarem esses danos ao ambiente natural e, portanto, prejudicar a saúde ou a sobrevivência da população [Art. 55.1]
07/Dezembro/2009
NR:
[1] A afirmação é falsa. Há numerosos estudos científicos
que demonstram essa relação causal
[2] Não se trata apenas de décadas e sim de milhões de
anos. Os efeitos são irreversíveis.
Ver também:
· International Coalition to Ban Uranium Weapons
· Bombas sujas, mísseis sujos e balas sujas
· Afeganistão: O pesadelo nuclear principia
· O urânio
empobrecido retorna aos EUA
O original encontra-se em: http://globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=16442 .
Tradução de Margarida Ferreira.
Este artigo encontra-se em: http://resistir.info/iraque/du_faluja_p.html .