COP-15 – Procura-se um heroi

Copenhague, 15/12/2009 – A mudança climática é um problema que se agiganta e a sociedade civil, farta de negociações sem sucesso, parece ter encontrado seu David: o presidente de Maldivas, Mohammad Nasheed. É que a cruzada contra os grandes interesses, os empresários poderosos, os governos indiferentes e a burocracia diplomática precisa de muita força de vontade, mas, também, e especialmente nesta era de imagens, de um símbolo.

Este não parece ser o midiático, mas cada vez mais desvalorizado, presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Em Copenhague circulam adesivos referentes a Obama com a frase “Earn it” (Ganhe-o), pedindo a Obama, que tantas esperanças despertou com seus discursos, que mostre ações concretas para ser merecedor do Nobel da Paz que acaba de receber. Quando organizações civis se aproximaram em outubro do governo de Maldivas, um arquipélago no oceano Índico formado pro 1.196 ilhas que somam 300 quilômetros quadrados e têm 350 mil habitantes, para pedir uma contribuição para a mobilização mundial contra a mudança climática, o presidente Nasheed não vacilou.

Sem lhes dar tempo de apresentarem suas ideias, anunciou que treinaria seu gabinete em técnicas de mergulho e prepararia a assinatura, subaquática, de um documento para ser apresentado na 15ª Conferência das Partes da Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP-15). As imagens dessa reunião ministerial subaquática percorreram o mundo. Constituem um retrato claro e contundente da iminência do problema: se não se conseguir deter o aquecimento global, as águas continuarão subindo e os pequenos Estados insulares ficarão submersos com a mítica Atlântida. As explicações científicas do problema são difíceis de serem assimiladas pelo público em geral, e as desconfianças sempre estão presentes.

A polêmica nos meios de comunicação pela divulgação de uma série de mensagens de correio eletrônico entre pesquisadores climáticos da universidade britânica de East Anglia Universy, aos quais se acusa de desfigurar ou ocultar dados para sustentar suas teses vinculadas ao aumento da temperatura do planeta, coloque em xeque o prestígio de toda a comunidade científica, com o Grupo Intergovernamental de Especialistas sobre a Mudança Climática na cabeça.

Não seria errado pensar que a maioria dos habitantes da capital dinamarquesa ignora em que parte do globo terrestre fica Maldivas. Poucos devem saber que é um país muçulmano que obteve a independência em 1965 e cuja capital é Male. Poucos identificariam sua bandeira vermelha e verde em Copenhague. Mas, ontem, seu presidente foi recebido como verdadeiro heroi internacional e em meio a grande expectativa e emoção no Klimaforum, a reunião da sociedade civil que acontece paralela à COP-15. Depois de mais de uma hora de espera, na sala principal do encontro foram acesas as luzes e as câmeras se voltaram para este presidente, um ex-preso político de 42 anos e popularmente conhecido como “Anni”.

Seu emocionado discurso exaltou ainda mais os presentes. “Estamos aqui para salvar o planeta do silencioso, paciente e invisível inimigo que é a mudança climática”, afirmou Anni. “Estão os que nos dizem que lutar contra a mudança climática é impossível. Estão os que nos dizem que tomar uma atitude radical é muito difícil. Estão os que nos dizem para renunciarmos à esperança. Mas eu estou aqui para dizer-lhes que nos negamos a renunciar à esperança”, acrescentou, provocando uma onda de aplausos.

Um número também pode se tornar símbolo, e no caso da mudança climática é o 350. Este é o nome de uma campanha liderada, entre outros, pelo jornalista Bill McKibben, que trabalha para que esse seja o limite máximo de concentração de dióxido de carbono, medido em partículas por milhão. Após a exibição de dezenas de fotos da mobilização mundial de outubro, onde pessoas de todas as idades formavam imagens desse número, Nasheed repetiu o rito que McKibben iniciara minutos antes: o público presente deveria pronunciar bem forte e paudadamente: “três, cinco, zero”.

“Três, cinco, zero, salva os arrecifes de coral. Três, cinco, zero mantém congelado o Ártico. Três, cinco zero assegura que meu país sobreviva. Três, cinco zero torna possível um mundo melhor”, afirmou o mandatário. “Estou para dizer-lhes que no Bella Center (onde acontece a COP-15) a delegação de Maldivas está lutando para colocar o três, cinco zero no texto que está sendo negociado”, acrescentou. Seu discurso também incluiu cartas credenciais. “Em março, Maldivas anunciou planos para se converter no primeiro país neutro em carbono do mundo. Pretendemos ser neutros em carbono no prazo de 10 anos. Vamos abandonar em 100% o uso do petróleo em favor de energias renováveis”, ressaltou. (IPS/Envolverde)
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