Escolhi no título uma analogia em Latim para lembrar a aqueles que regozijaram a reunificação alemã e o "colapso da União Soviética" (uma noção tão errada como é revisionista) que houve uma altura em que a União Europeia realmente existia, per se, com uma moeda única, um sistema jurídico único, e até mesmo uma língua única. O que aconteceu a ele?
Portanto, as aglomerações de países são formadas e separam-se, no âmbito de um processo natural, social e econômico e é exatamente isso que acontece com a URSS, cuja dissolução foi prevista e preparada na sua Constituição. Não é culpa de Moscovo se a Geórgia, por exemplo, não conseguiu fazer jus às suas obrigações em relação as suas responsabilidades na secessão da União.
Esses vetores sociais e econômicos devem também ser tidos em conta quando se estuda as áreas sensíveis da história em que os ideais políticos constituíam uma parte muito pequena quando comparamos com os jogadores demográficos, sociológicos e de desenvolvimento, processos que se movimentavam em todas as sociedades em todos os momentos ao longo dos séculos.
Enquanto ninguém está defendendo o assassinato das pessoas que tentaram cruzar a fronteira da RDA (embora todo o mundo sabia quais eram as consequências), e ninguém está menosprezando os horrores das purgas estalinistas, as coisas têm de ser tomadas no contexto. Porque é que o modelo comunista é responsabilizado por essas tragédias (entendendo que a perda de uma vida humana é sempre uma tragédia), enquanto, por exemplo, os massacres perpetrados pelas potências imperialistas em todo o mundo foram devidos ao quê? Aos sistemas capitalistas orientados para o mercado? O capitalismo está a ser acusado pelas tentativas dos EUA a assassinar Fidel?
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