Durante o verão, crianças israelitas de origem etíope que vivem em
Petah Tikva estiveram à espera de saber se alguma escola da cidade
israelita as aceitaria no novo ano lectivo, depois das escolas da
cidade recusarem inscrever crianças de origem Etíope.
As crianças não se podem matricular em escolas seculares do estado até
terminarem o processo de conversão obrigatória, no entanto as escolas
religiosas quer do estado quer privadas recusaram matricular crianças
Etíopes.
O Ministério da Educação anunciou 2ª feira que tinham chegado a um acordo que permitia as crianças etíopes israelitas frequentarem a escola da mesma forma que todas as outras crianças israelitas. No entanto, ao chegarem às suas escolas, os alunos etíopes foram impedidos de entrar nas salas de aula e encaminhados para a biblioteca ou secretaria, onde aguardaram várias horas até os mandarem de volta para a Município. No Departamento de Educação do Município, crianças etíopes de mochilas às costas enchiam os corredores.
Uma mãe, Esther Desata, que viveu em Israel durante 26 anos, perguntava “Será que eles têm medo que a nossa cor de pele vai apagar a deles?”.
David Maharat do M.E. declarou ao jornal israelita Haaretz “ Isto é uma extrema humilhação. As escolas estão a competir umas com as outras para ver quem fica com menos estudantes de origem Etíope.”
O município de Petah Tikva viu-se obrigado a intervir em 2007 quando se detectou que escolas religiosas do estado segregavam crianças etíopes, obrigando-as a ter às aulas em salas separadas e pagando-lhes até o táxi para que elas não tomassem o autocarro de regresso a casa com outras crianças israelitas.
A segregação nas escolas israelitas é uma política que está tão enraizada quanto os cidadãos israelitas de origem árabe a sentem bem. Desde 1948, Israel tem reforçado um sistema educativo distinto para Árabes e Judeus. No mês passado o Palestine Monitor informou que Dana Zuabi de um ano de idade foi excluída da creche em Sulam depois de 6 pais judeus exigirem o seu afastamento. Dana fora a primeira criança árabe a frequentar alguma vez a creche.
Um relatório publicado em Março pelo grupo de monitorização Dirasat descobriu que o governo Israelita investe $ 1 100 dólares na educação de cada aluno Judeu mas só $ 190 dólares por cada aluno Árabe. Em escolas religiosas do estado, os alunos Judeus recebem nove vezes mais fundos públicos do que os Árabes.
As políticas educativas de Israel baseadas na raça enfraquecem a sua declaração de ser um estado moderno, democrático e as suas políticas de segregação que se estendem para além do sistema educativo, podem-se comparar inevitavelmente ao apartheid, ou aos Estados Sulistas da América nos anos 1950. No entanto, foi há 55 anos que o Supremo Tribunal dos E.U.A reconheceu que “ actividades educativas distintas são inerentemente discriminatórias”, abrindo caminho para o movimento dos direitos cívicos. Quando crianças Etíopes ficam à espera de serem autorizadas a entrar nas escolas, é claro que no séc.XXI mesmo para cidadãos Israelitas, os direitos cívicos ainda não são reconhecidos em Israel.
O Arcebispo Desmond Tutu, na sua visita a Israel na semana passada, respondendo a esta mais recente controvérsia, disse “ eu espero que a vossa sociedade mude”.
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