O manifesto acontece após um ano de realizada a ação “Não com o meu dinheiro”, quando a entidade conversou com o presidente do Santander, Emílio Botín, e os acionistas do banco para pressioná-los a não investir no Complexo de usinas do rio Madeira (RO). Na ocasião, o presidente se comprometeu a apoiar a causa ou pelo menos a estudá-la. "Senhores ecologistas, suas palavras são acolhidas com muito interesse, nossa equipe no Brasil se reunirá em breve com os senhores, eu me responsabilizarei pessoalmente disso", enfatizou ao responder às perguntas dos ambientalistas.
Após um ano, o banco continua sendo um dos financiadores do complexo e a Setem volta a fazer o lobby durante a assembléia de acionistas. “Nessa intervenção, quero mostrar novamente a vocês (acionistas) que o financiamento por parte do Banco Santander do Complexo Hidrelétrico do Rio Madeira, situado no Brasil, não é compatível com a política que se quer desenvolver nem com os Princípios do Equador, cujo banco é signatário. Recordo ainda que o ‘Complexo Hidrelétrico do Rio Madeira’ consiste na construção de quatro usinas no rio citado, o afluente mais caudaloso do [rio] Amazonas. A execução da primeira represa, Santo Antonio, já está tendo graves consequências para a população local e o entorno natual”, afirmou Annie Yumi Joh, responsável pela área de Finanças Éticas da Setem, em carta apresentada aos acionistas.
Em resposta, o presidente o Santander afirmou que a
instituição está preocupada com a questão ambiental. “Com relação à operação do
Rio Madeira, no Brasil, posso dizer que o nosso plano de ação se desenvolveu
para a gestão do meio ambiente. Já foram feitas as revisões implantadas dentro
do plano anual de sustentabilidade e estamos nos ocupando deste tema
concretamente”, afirmo ele.
Segundo Yumi Joh, o ideal seria que o banco
retirasse o investimento, mas se não for possível, “esperamos que o Santander
tenha consciência do impacto desta atividade e pediremos que cumpra sua própria
política de responsabilidade social”, disse.
Para ela, o banco deu passos
positivos durante 2008 ao adotar, por exemplo, uma nova política social e
ambiental em todo o mundo e ao assinar os Princípios do Equador, algo
“incompatível com o projeto do rio Madeira”, disse.
Roland Widmer,
coordenador do Eco Finanças, da organização Amigos da Terra Amazônia
–Brasileira, programa que pressiona as instituições financeiras a não investirem
em projetos com excessivos impactos socioambientais negativos - como é o caso do
complexo, acredita que o banco não realizou o acordo prometido em 2008.
“Consideramos que Santander não cumpriu a promessa feita na última reunião.
Especificamente, Botin disse em 2008 que sua equipe no Brasil se reuniria em
breve com organizações brasileiras, porém, não houve, por parte do banco,
engajamento com a população afetada ou com a sociedade civil organizada. Vamos
continuar exigindo e cobrando o respeito dos aspectos socioambientais do
projeto”, declara.
Campanha
A participação da Setem
na Assembléia do Santander faz parte da estratégia da entidade de “ativismo
acionário” e da campanha “Exija responsabilidade do BBVA e Santander", lançada
em março de 2008 pela organização, que denuncia o Banco Bilbao Vizcaya
Argentaria (BBVA) e o Santander por investirem em projetos que impactam
negativamente a região amazônica.
Rio Madeira
O plano
do complexo prevê a construção das hidrelétricas de Santo Antônio, Jirau,
Guajará e Cachoeira Esperança; a construção de eclusas, hidrovias e de uma
grande linha de transmissão de energia que vai de Porto Velho até São
Paulo.
Veja a carta que a Setem entregou aos acionistas - www.amazonia.org.br/guia/detalhes.cfm?id=316002&tipo=6&cat_id=46&subcat_id=572
(Envolverde/Amazônia.org.br)