Holanda e Brasil — Estudo realizado mostra que o mercado de energia solar
concentrada poderia crescer quase 10 vezes nos próximos seis anos
Os
investimentos em energia solar concentrada - sistema que utiliza espelhos para
captar a energia do sol e gerar eletricidade - podem bater a casa dos € 2
bilhões neste ano. O potencial deste mercado, no entanto, é muito maior. De
acordo com relatório lançado nesta segunda-feira (25/5) pelo Greenpeace, na
Holanda, o setor tem capacidade para movimentar € 20,8 bilhões e gerar cerca de
900 mil empregos até 2015. O estudo foi realizado em parceria com a Associação
Européia Solar Térmica (Estela, na sigla em inglês) e a SolarPACES, organização
da Agência Internacional de Energia, que estuda o desenvolvimento e o mercado
desse mercado.
O relatório Panorama da Energia Solar Concentrada mostra
ainda como a energia solar concentrada poderia responder por 7% do consumo
mundial de energia em 2030 e chegar a 25% em 2050. No Brasil, o elevado índice
de radiação solar e a existência de amplas áreas, principalmente no Nordeste,
indicam um potencial de consumo semelhante. Os maiores projetos de energia solar
concentrada no mundo estão em construção na Espanha e na Califórnia. A
tecnologia também é extremamente utilizada em áreas desérticas.
“O Brasil
possui um potencial de energia solar quase ilimitado. A implantação de painéis
solares e de energia solar concentrada para a geração de energia e o uso de
coletores solares para a redução do consumo de energia do chuveiro elétrico
terão um papel fundamental na construção de uma matriz energética renovável e
sustentável, com baixas emissões de gases de efeito estufa”, disse Ricardo
Baitelo, coordenador da campanha de Energias Renováveis.
Essa tecnologia
é fundamental para combater as mudanças climáticas. Com seu uso, até 4,7 bilhões
de toneladas de CO2 poderiam deixar de emitidas por ano até 2050, o que
significa reduzir 20% do total das emissões necessárias para salvar o clima,
relativas à energia. “Essa é uma tecnologia de transição para um futuro livre
dos combustíveis fósseis”, diz José Nebrera, presidente da Estela.
De
acordo com o cenário mais moderado desenhado pelo estudo, os países com mais
disponibilidade de recursos naturais poderão:
• chegar a € 11,1
bilhões de investimentos em 2010, atingindo um máximo de € 92,5 bilhões em
2050
• criar mais de 200 mil postos de trabalho até 2020, e cerca de 1,187
milhão em 2050
• poupar 148 milhões de toneladas de CO2 por ano até 2020,
atingindo 2,1 mil milhões de toneladas em 2050. Só para se ter uma idéia do que
isso significa, a Austrália emite 394 milhões de toneladas de CO2 por ano. As
emissões da Alemanha são de 823 milhões anuais – quantidade igual ao total de
emissões de todo o continente Africano.
Para viabilizar esse mercado, o
Greenpeace, assim como a indústria solar, defende o sistema tarifário feed-in,
que garante a conexão do projeto à rede e a remuneração justa pela energia
gerada. O sistema já é usado com sucesso em vários países, como Alemanha e
Espanha.
Crédito da imagem:Greenpeace / Markel Redondo
(Envolverde/Greenpeace)