Mulheres: Mais voz para as mais afetadas pela crise

Nova York, 16/03/2009 – Ativistas pedem um plano de resgate econômico para as mulheres e exigem que suas vozes sejam ouvidas no processo de tomada de decisões às vésperas da cúpula do Grupo dos 20, que reunirá as maiores economias do mundo em Londres no dia 2 de abril. Rosa Lizarde, integrante do Chamado Mundial à Ação contra a Pobreza (GCAP), disse à IPS, durante as sessões esta semana da comissão das Nações Unidas sobre o Status das Mulheres, que seu grupo cobre ser incluído nas soluções apresentadas para a crise financeira internacional, sobretudo considerando que constituem 70% da população pobre e são as principais fornecedoras de alimento para suas famílias e comunidades. O G-20 é uma aliança de países em desenvolvimento liderada por Brasil, Índia, China e África do Sul, que atua nas negociações de agricultura da Organização Mundial do Comércio.
IPS - No dia Internacional da Mulher, comemorado no último dia 8, você lançou pela Internet a campanha mundial “20 dias para o G-20”, destacando as ligações entre a feminização da pobreza e a crise financeira e econômica mundial. Quais são os impactos da atual crise nas mulheres?

Rosa Lizarde - Bem, há muitos impactos nas mulheres. Em primeiro lugar, a exacerbação da crise de alimentos e de energia. Há uma grande porcentagem de mulheres no setor agrícola fornecendo alimento para as famílias, por isso o aumento dos preços dificulta a situação para elas e tem um impacto nas comunidades. Esta pressão cria uma tensão cada vez maior, o que por sua vez gera violência contra as mulheres.

Elas também tendem a ser as últimas a serem contratadas e as primeiras a serem demitidas em tempos de dificuldades econômicas. Particularmente, em torno das reduções no setor privado, há aquelas que impactam nas mulheres na hora de receber serviços como cuidados médicos e outros benefícios sociais. Portanto, a carga da crise financeira e econômica fica com as mulheres.

IPS - Como esta campanha espera poder mudar o resultado da reunião do G-20?

RL - Uma das razões pelas quais a lançamos foi estabelecer esses vínculos entre a feminização da pobreza e a crise financeira, alimentar, de energia e da mudança climática. Além disso, a criamos para promover a inclusão de mulheres no diálogo e na tomada de decisões das cúpulas econômicas e financeiras, não apenas na reunião do G-20, mas também nas próximas conferencias sobre os impactos econômicos e financeiros no desenvolvimento. Queremos garantir que haja uma particular atenção às necessidades específicas das mulheres e das meninas, devido às dificuldades desproporcionais que enfrentam.

IPS - Quanto financiamento precisa estar disponível para a igualdade de gênero, o poder das mulheres e, particularmente, para a erradicação da pobreza?

RL - Como disse Sylvia Borren, co-presidente do GCAP, os fundos que vão para o resgate financeiro não chegam às mulheres, ao contrário dos impactos da crise. Um dos temas é constatar como, durante este tempo de crise e de negociações entre os governos, as salvar de alguns dos problemas que enfrentam. Algumas pessoas dizem que o 0,7% de todos os fundos de resgate irão para os países em desenvolvimento, e que dessa porção uma parte irá para melhorar as condições das mulheres. Não pedimos uma cifra concreta, mas estamos dizendo que queremos ser incluídas em qualquer decisão sobre financiamento.

IPS - Quais são algumas políticas-chave que podem dar um alívio imediato e a longo prazo para as mulheres afetadas pela atual crise financeira?

RL - Alguns dos pontos-chave que destacamos no documento plataforma de políticas dirigido à próxima reunião do G-20 giram em torno de temas de justiça, responsabilidade, emprego e mudança climática. Pedimos a erradicação da pobreza e a desigualdade. Queremos assegurar que as necessidades das mulheres e das meninas sejam tratadas, porque estima-se que representam 70% dos pobres. Em termos de responsabilidade, queremos assegurar a governabilidade democrática da economia mundial, e pedimos o apoio da Organização das Nações Unidas para que seja o coração das soluções para a crise.

Na área de empregos, pedimos trabalho decente e serviços públicos para todas, como particular atenção em identificar e responder às necessidades especificas das mulheres e das comunidades sem direito a representação. Quanto ao clima, queremos que os governos se comprometam a investir em mulheres como uma das formas mais efetivas para avançar o desenvolvimento sustentável e para ajudar a combater a devastação da mudança climática.

IPS - Como as mulheres estão representadas no diálogo e nos processos de tomadas de decisões das cúpulas econômicas e financeiras?

RL - Creio que se vemos os membros do G-20 e dos chefes desses governos, bem com os membros da Comissão Stiglitz (Criada pela ONU para dar recomendações sobre a crise), vemos que as mulheres não estão representadas apesar de constituírem 50% da população. Portanto, creio que enquanto não atingirmos 50% de representação não poderemos dizer que as mulheres estão incorporadas equitativamente. Na mesa do G-20, na ONU e em outras comissões, sabemos que as mulheres não estão representadas equitativamente. Isto é um fato. (IPS/Envolverde)


(Envolverde/IPS)
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