Outros participantes narraram experiências
similares em seus países. Pesquisador indiano no Instituto Social Indiano (ISI),
Biju Lal disse que a situação nas universidades indianas é igual. "Quase 90% dos
dalits deixam as pesquisas e academias por causa de racismo direto. Ademais,
existe uma grande quantidade de políticas envolvidas nas pesquisas relacionadas
aos meios de vida e assuntos de desenvolvimento, e nenhuma integridade ética
nessas pesquisas".
Lal estava falando sobre a discriminação contra os
dalits – uma das comunidades mais marginalizadas na Índia devido ao sistema de
castas vindo do Hinduísmo. Chamados de os intocáveis por um longo tempo, e
apesar desse conceito de intocabilidade ter sido abolido pelo governo indiano em
1947, na independência da Índia, eles continuam a padecer no último degrau da
escada do desenvolvimentoe a enfrentar um forte ostracismo social,
particularmente na Índia rural.
Diana Salas, da Rede Política das
Mulheres Negras, da Universidade de Nova York, disse que as pessoas não querem
falar sobre raça e gênero. "Se uma mulher de uma raça diferente está tentando se
tornar uma professora, ela terá muita dificuldade. Por outro lado, se você
continuar a ser apenas uma pesquisadora está tudo bem. Esse é um grande
obstáculo para os imigrantes nos Estados Unidos. Existe uma hierarquia muito
enraizada e baseada na raça e no gênero lá".
Falando sobre as
experiências nos Estados Unidos, Richard Moore, da Rede por Justiça Econômica e
Ambiental do Sudoeste, disse que "nós deveríamos pesquisar assuntos que nos
ajudem a evoluir em nossas comunidades assim como em nossos países. Nesse
momento, os Estados Unidos estão testemunhando um aumento dos avisos sobre
questões relacionadas à justiça ambiental e de raça".
Além da
discriminação, o rascunho do acordo, distribuído pelos pesquisadores para as
pessoas e grupos que fizeram propostas de temas de estudos, também foi
discutido. O debate também caminhou na direção de se as pesquisas participativas
deveriam ser realizadas e se as pesquisas deveriam tentar abordar o assunto das
mudanças sociais.
Uma participante da Índia rural mencionou que as
pessoas da sua vila não queriam dar entrevistas ou conhecer as pessoas porque
não estavam cientes dos benefícios que as pesquisas trariam a eles. Ela
acrescentou que tanto o governo quanto as ONGs deveriam se responsabilizar pela
situação.
Falando sobre pesquisas participativas, Jennifer Dodge do
Centro de Pesquisa dos Líderes em Ação, da Universidade de Nova York, afirmou
que "sob as pesquisas participativas, a comunidade e os pesquisadores dividem o
controle sobre a pesquisa que está sendo conduzida. O controle ocorre na tomada
de decisões sobre os assuntos das pesquisas, como será conduzida e qual será o
seu uso".
Concordando com a opinião dela, Joseph Xavier, do Escritório de
Bangalore do ISI disse que "o ativismo está chegando nas pesquisas, mas os
ativistas não querem aprender sobre as pesquisas adequadamente. Pode nossa
pesquisa não ir adiante, ser arquivada e ajudar as comunidades? Eu acredito que
é possível, se os pesquisadores puderem gastar um pouco do seu tempo nas vilas,
vivendo com as pessoas, ajudando e aprendendo com eles. Mesmo que sejam eles que
aprendam com a comunidade, eles dão algo em troca". (IPS/
TerraViva)
(Envolverde/IPS/TerraViva)