Um estudo divulgado há pouco pela organização
não-governamental World Vision destaca que os países pobres deverão sofrer a
maior parte das conseqüências causadas por anos de emissões contaminantes nas
nações ricas. "Esperamos que os governos desses países assumam sua
responsabilidade", disse Ninh. "Nosso nível de contaminação não é tão alto: uma
tonelada de carbono por habitante a cada ano". Porém, as emissões aumentam de
maneira sustentada no Vietnã, devido ao seu rápido crescimento econômico. Os
esforços em matéria ambiental estão centrados na adaptação, não na redução do
volume de gases causadores do efeito estufa liberados na atmosfera. Os
automóveis e as motocicletas são a causa fundamental da contaminação nas cidades
vietnamitas.
"O Vietnã é uma pequena nação em desenvolvimento que tenta
promover o crescimento econômico. Se o governo considerar que a falta de
proteção ambiental ajuda nesse objetivo e protege os investimentos estrangeiros,
aceitará seguir esse caminho", afirmou Nathan Sage, da organização ambientalista
Indochina Carbon, com sede em Hanói. As zonas mais afetadas pelo aumento do
nível do mar seriam os deltas dos rios Mekong e Vermelho, onde se produz grande
quantidade de arroz. A água marinha poderá alagar 45% do delta do Mekong. O
Vietnã é o primeiro produtor mundial de arroz e o segundo exportador, atrás da
Tailândia. "Talvez devêssemos optar pela tecnologia na agricultura. Os
fertilizantes e pesticidas destroem o meio ambiente. Temos de pensar na
transição",. Afirmou Ninh.
Mas o aumento no nível do mar é um problema no
longo prazo e os especialistas mais otimistas acreditam que poderá estar
estabilizado até 2050. De imediato, o Vietnã terá de se preparar para enfrentar
as tempestades e inundações, que não constituem uma novidade, mas cuja
freqüência e intensidade aumentaram nos últimos anos. O governo estabeleceu um
programa de alerta de inundações, mas seus resultados não são animadores. Falhou
em Lao Cai e Yen Bai em agosto, por ocasião das inundações provocadas pelo tufão
Mammuri, que causaram a morte de 129 pessoas. Não se tratou de um fato isolado.
Em maio de 2006, centenas de pescadores perderam a vida durante o tufão Chanchu,
porque ninguém os alertou para retornarem à costa.
Nguyen Thi Mai Loan,
moradora de Lao Cai, disse à IPS que "a tempestade chegou muito rapidamente e
não foi possível fazer nada. Minha família está bem, mas outros estão sofrendo
muito". Entretanto, Loan acredita que o sistema de alerta é útil. Outras pessoas
discordam. Lam Ngoc Vinh, morador em Bac Can, considera o sistema totalmente
ineficiente. Perguntado qual sua opinião sobre a mudança climática, admitiu que
jamais ouviu alguma menção sobre o assunto.
(IPS/Envolverde)
(Envolverde/IPS)