Metas do Milênio: Pobreza não tão reduzida

Nova York, 23/09/2008 – Os progressos internacionais para a redução da pobreza são muito lentos, e no ritmo atual não serão alcançados os Objetivos de Desenvolvimento das Nações Unidas para o Milênio, alertou a organização Social Watch. As últimas estimativas do Banco Mundial sobre pobreza mundial, particularmente em relação à China, foram questionadas por esta rede de mais de 400 entidades da sociedade civil de 70 países. Efetivamente, "uma significativa redução da pobreza ocorre na Ásia, região que concentra o maior numero de pobres", reconheceu Roberto Bissio, coordenador dessa coalizão.
Entretanto, essa tendência já estava em marcha quando foram aprovados em 2000 os Objetivos, que entre outras coisas propõem uma redução de 50% da extrema pobreza e da fome. "O que estamos dizendo é que não temos a informação necessária para garantir o que está ocorrendo com a pobreza na China desde 2000", disse Bissio à IPS. "De fato, há um rápido crescimento econômico nesse país, mas, também existe uma grande concentração da renda", acrescentou.

Toda a evidência indica que o acesso a serviços de saúde básica e educação foi assegurado na China antes do crescimento econômico que começou nos anos 80 e, de fato, isso pode ter sido uma das razões desse impulso, não o contrário, afirmou. As novas estimativas do Banco Mundial sobre pobreza divulgadas no mês passado revelam que 1,4 bilhão de pessoas no Sul em desenvolvimento (uma em cada quatro) viviam com menos de US$ 1,25 por dia, contra 1,9 bilhões (um em cada dois) de 1981. a atual população mundial é de aproximadamente seis bilhões de pessoas.

"Os novos números mostram que a pobreza se propagou no mundo em desenvolvimento nos últimos 25 anos mais dos que se estimava previamente, mas, também indicam que houve um forte progresso, embora regionalmente desigual, para a redução da pobreza em geral", disse o Banco Mundial. Segundo a ONU, concordando com o Banco, "a maior parte da queda ocorreu na Ásia oriental, particularmente na China. Outras regiões tiveram reduções muito menores na taxa de pobreza, e apenas diminuições modestas no número de pobres", afirmou um novo estudo das Nações Unidas sobre os Objetivos divulgados no início deste mês.

Na África subsaariana e na Comunidade Britânica de Nações (Commonwealth), o número de pobres aumentou entre 1990 e 2005, indica o estudo da ONU. Em uma nova pesquisa divulgada ontem, às vésperas da reunião de alto nível da ONU sobre os Objetivos do Milênio prevista para quinta-feira, a Social Watch (Controle Cidadão) disse que, contrariando as propaladas informações de que a pobreza diminui rapidamente, a deficiente cobertura das necessidades básicas para sair desse flagelo persiste. "E mais, está aumentando, apesar do significativo crescimento econômico da maioria dos paises em desenvolvimento".

O Índice de Capacidades Básicas (ICB) de 2008, divulgado pela Social Watch, diz que a maior parte da população mundial vive em paises com indicadores sociais paralisados ou de avanço muito lento – o que não lhes permitirá atingir um nível aceitável na próxima década – ou em países sobre os quais não há informação confiável. Os progressos em indicadores sociais básicos diminuíram no ano passado em todo o mundo e, sob a atual tendência, as metas acordadas internacionalmente de redução da pobreza ate 2015 não serão atingidas, a menos que ocorra uma mudança substancial, acrescenta o ICB.

A África subsaariana, por exemplo, apesar de seu recente e notável crescimento econômico, apresenta tão lento avanço nos indicadores sociais que, neste passo, somente atingiria um nível aceitável do ICB no século XXIII, acrescenta o estudo. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse que as atuais crises climática, do petróleo e dos alimentos ameaçam o êxito dos Objetivos. "O benévolo ambiente para o desenvolvimento que prevaleceu desde os primeiros anos desta década, e que contribuiu para o sucesso ate esta data, agora está ameaçado", disse Ban no mês passado.

"A lentidão econômica diminuirá a renda dos pobres, a crise alimentar aumentará o número de famintos no mundo e empurrará milhões para a pobreza, enquanto a mudança climática terá um impacto desproporcional nos pobres", alertou o secretário-geral. Ban afirmou que espera para a próxima reunião de alto nível a apresentação de novas iniciativas para atender os problemas nas áreas da saúde, pobreza, crise alimentar e mudança climática.

Consultado se as últimas estimativas sobre a redução da pobreza na China estavam erradas, Bissio disse à IPS que "a atual tendência da pobreza é difícil de determinar" nesse país. "Agora temos, como resultado de um estudo mundial crível, as cifras da pobreza para 2005, mas todos os valores anteriores eram meras estimativas", acrescentou. Alem disso, disse que na transição para uma economia de mercados a renda pode crescer sem mudar efetivamente a vida das pessoas.

No sistema de comunidades rurais chinesas, milhões de camponeses eram auto-suficientes. Agora, recebem um salário, mas, também precisam pagar a comida que antes tinham gratuitamente, explicou Bissio. "Em termos de entrada de alimentos, nada mudou, mas em termos da economia formal a renda total registrou aumento tanto no dinheiro que recebem quanto no que pagam", acrescentou. A Social Watch não diz que a pobreza não diminuiu na China. "Apenas afirma que a situação é complexa e não há dados suficientes para analisá-la", ressaltou. O Banco Mundial considerou as economias da China e da Índia muito maiores do que mostram novas estimativas, acrescentou. Shaida Badiee,diretora do Grupo de Informação sobre Desenvolvimento do Banco, afirmou que "os dados nunca são perfeitos, embora melhorem com o tempo. O Banco Mundial trabalha constantemente com sócios nos paises em desenvolvimento para melhorar a qualidade da informação e o acesso a dados", acrescentou. (IPS/Envolverde)


(Envolverde/IPS)
publicidade
publicidade
Crochelandia

Blogs dos Colunistas

-
Ana
Kaye
Rio de Janeiro
-
Andrei
Bastos
Rio de Janeiro - RJ
-
Carolina
Faria
São Paulo - SP
-
Celso
Lungaretti
São Paulo - SP
-
Cristiane
Visentin

Nova Iorque - USA
-
Daniele
Rodrigues

Macaé - RJ
-
Denise
Dalmacchio
Vila Velha - ES
-
Doroty
Dimolitsas
Sena Madureira - AC
-
Eduardo
Ritter

Porto Alegre - RS
.
Elisio
Peixoto

São Caetano do Sul - SP
.
Francisco
Castro

Barueri - SP
.
Jaqueline
Serávia

Rio das Ostras - RJ
.
Jorge
Hori
São Paulo - SP
.
Jorge
Hessen
Brasília - DF
.
José
Milbs
Macaé - RJ
.
Lourdes
Limeira

João Pessoa - PB
.
Luiz Zatar
Tabajara

Niterói - RJ
.
Marcelo
Sguassabia

Campinas - SP
.
Marta
Peres

Minas Gerais
.
Miriam
Zelikowski

São Paulo - SP
.
Monica
Braga

Macaé - RJ
roney
Roney
Moraes

Cachoeiro - ES
roney
Sandra
Almeida

Cacoal - RO
roney
Soninha
Porto

Cruz Alta - RS