Nações Unidas, 05/08/2008 – Dsisaku Ikeda, presidente de uma das organizações pacifistas mais influentes do Japão, assegura que "para reviver e dar nova energia aos esforços em prol do desarmamento nuclear é preciso desafiar o conceito de que as armas atômicas são um mal necessário". A rede não-governamental Soka Gakkai Internacional, com sede em Tóquio e mais de 12 milhões de membro em 190 países, está intensificando os esforços para conseguir o objetivo de um mundo livre de armas nucleares. "Devemos lembrar às pessoas que, embora atualmente não estejam sendo usadas, essas armas representam um enorme custo de recursos monetários, tecnológicos e humanos que consomem para seu desenvolvimento e manutenção", disse Ikeda, que também, além de ativista pela paz também é filósofo budista.
A intensificação da campanha coincide com o aniversário do lançamento de duas bombas atômicas sobre o Japão pelos Estados Unidos. A primeira atingiu a cidade de Hiroxima no dia 6 de agosto de 1945, marcando o começo do fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Uma segunda bomba foi lançada sobre Nagasaki no dia 9 desse mesmo mês. O Japão se rendeu no dia 15. Um ano depois, 140 mil pessoas haviam morrido em conseqüência dessas explosões nucleares.
O Japão, em aliança com a Alemanha nazista e
a Itália fascista, entrou na guerra em 1941, como correlato de sua política
expansionista, que já o levara a invadir a China em 1937. O prefeito de
Hiroxima, Tadatoshi Akiba, disse que essa cidade é uma peça-chave na campanha
que busca eliminar as armas nucleares até 2020, da qual participa junto com o
grupo "Prefeitos pela paz".
Em entrevista à IPS, Ikeda disse que os
habitantes de Hiroxima e Nagasaki não deixaram de elevar suas vozes para lembrar
ao mundo a ameaça que representam as armas
nucleares.
IPS - Até que ponto o governo do Japão apóia
esta campanha? Que impacto pode ter esta iniciativa sobre o desarmamento nuclear
quanto todas as anteriores não tiveram sucesso?
Dsisaku
Ikeda - A falta de vontade das potências nucleares é um ponto-chave que
impede o desarmamento. Mas, ao mesmo tempo, creio que a falta de interesses, a
inexistência de um sentido de urgência entre os cidadãos do mundo é outro fator
fundamental. Acredito que esta campanha é fruto do poderoso e irrefreável
sentido de responsabilidade que experimentam as vítimas dos bombardeios atômicos
em relação às futuras gerações. Na cúpula de julho de Grupo dos Oito países mais
poderosos foi emitida uma declaração fazendo referências específicas à
necessidade de chegar ao desarmamento nuclear.
Foi o primeiro
pronunciamento desse tipo do G-8 UE inclui Alemanha, Canadá, Estados Unidos,
França, Grã-Bretanha, Itália, Japão e Rússia. Como país anfitrião desse
encontro, o Japão tem uma responsabilidade especial quanto ao desarmamento
nuclear. Devemos reviver um estado de consciência, que nasce do senso comum,
sobre a irracionalidade da opção pelas armas nucleares, e para conseguir isto é
fundamental que os cidadãos comuns continuem expressando sua oposição através de
instrumentos como esta campanha.
IPS - Qual é sua reação
diante dos cépticos que dizem que o desarmamento é uma meta inalcançável,
considerando que