A China
depende principalmente do carvão, recurso energético originário, abundante e
barato. A Administração de Informação sobre Energia prevê que nos próximos 20
anos, na medida em que a economia nacional continuar aumentando, a demanda por
carvão crescerá ao ritmo anual de 3,5%. Mas as unidades alimentadas por carvão
estimulam as emissões de carbono, que aceleram o aquecimento global. O Banco
Mundial informou que a China possui 20 das 30 cidades mais contaminadas do
mundo, em boa parte devido ao seu alto consumo de carvão.
O aquecimento
global e conseqüente mudança climática são levados a sério pelo governo chinês.
O derretimento das geleiras na Região Autônoma do Tibet e na província de
Xianjiang, bem como o aumento das temperaturas na região ocidental do país, já
ameaçam reduzir os rendimentos de arroz, um cultivo que exige muita água. As
áreas costeiras também sofrem os extremos de tempestades que vêm ocorrendo nos
últimos anos, atribuídos à mudança climática. "A China busca um novo caminho de
desenvolvimento", disse Yu Cong, diretor do centro de eficiência energética do
ERI.
Yu, que também participou do fórum de Manilha, acrescentou que o
governo chinês prefere um modelo mais sustentável de desenvolvimento econômico e
que se esforça para reduzir seu consumo de energia. O desenvolvimento de fontes
renováveis, como a eólica, é uma medida-chave, afirmou. As energias renováveis
representam apenas um quarto da capacidade total instalada do país, de
aproximadamente 700 mil megawatts. No ano passado a nação consumiu 2,65 milhões
de toneladas de equivalentes do carvão, apenas 7,5% das quais eram renováveis. O
governo espera que até 2010 as energias eólica, hidrelétrica e solar representem
10% do consumo total.
Em comparação com os principais produtores e
consumidores de energia eólica, como Alemanha, Espanha e Estados Unidos, a
capacidade instalada da China ainda é baixa. Mas Song acredita que isto mudará
nos próximos anos e que seu país poderá surgir como o maior produtor mundial de
energia eólica. "Temos os recursos. Nossas faixas costeiras são mais extensas do
que as da Espanha", disse.
"Embora a China ainda esteja atrasada em
relação a muitos países em termos de usinas de energia eólica, seus recentes
dados de crescimento excedem de longe a média mundial. Um contexto político cada
vez mais forte e uma crescente base local de manufaturas contribuíram para que a
China mais do que duplicasse sua capacidade eólica em 2006", disse Joanna Lewis,
do Centro Pew sobre Mudança Climática Global, com sede nos Estados Unidos. Em um
estudo divulgado em julho de 2007, Lewis comparou as estratégias de
desenvolvimento de energia eólica na China, Índia e Espanha. Enumerou vários
programas para incentivar a manufatura local de turbinas de vento e aumenta a
quantidade de estabelecimentos eólicos.
Isso incluiu deduções de
impostos, concessões, um processo competitivo de licitação para o
desenvolvimento de fazendas eólicas, promoção de transferência de tecnologias e
subsídios para as pesquisas em energia gerada a partir do vento. Tais medidas
continuarão apoiando não apenas o programa de energia eólica da China, mas
também seu plano de desenvolvimento de energias renováveis. Os subsídios, os
incentivos fiscais e a destinação de mais fundos para a pesquisa podem ajudar a
criar uma "demanda de mercado estável, previsível e sustentável" para as
energias renováveis, disse Song. (IPS/Envolverde)
(Envolverde/IPS)
- Por Prime Sarmiento, da IPS