"As políticas públicas de promoção e
fortalecimento das mipymes devem receber um alto grau de prioridade, não apenas
no plano interno, mas dentro dos programas de cooperação entre a União Européia
e a América Latina e o Caribe", diz o texto proposto pelos funcionários aos seus
governantes das duas regiões. Para isso "deve-se estabelecer uma plataforma
permanente euro-latino-americana-caribenha de intercâmbios de informação e boas
práticas, que deve se institucionalizar através de uma conferência anual de
responsáveis governamentais", acrescenta.
As política públicas desejadas
"são as que permitam melhorar a produtividade, estabelecer cadeias produtivas e
clusters (grupos de empresas de um mesmo ramo de atividade coincidem em uma
região, e reforçam as possibilidades de modernização e acesso a mercados",
afirmou Capriles. O Chile é um bom exemplo dessas políticas, segundo o
especialista, "pela cooperação e sinergia entre os setores públicos e privado,
transparência e fortaleza das instituições do Estado e pela promoção e fomento
de atividades produtivas, que melhoram a competitividade".
As mipymes
"são mais flexíveis do que as grandes empresas e se ajustam mais rapidamente ao
gosto do consumidor e geram novos empregos", afirmou à IPS Mariano Mastrângelo,
da empresa de consultoria para exportação RGX, baseada na Argentina. Para
Capriles, "o que mais precisam é de acesso a mercados, capacitação, aplicação de
tecnologias e inovação, e financiamento". Quanto ao acesso a mercados de
exportação, depois de estudar 270 casos de mipymes com embarques semestrais
entre US$ 45 mil e US$ 1 bilhão na Argentina, Costa Rica, Chile, México, Peru e
Uruguai, Mastrângelo conclui que as maiores necessidades são de consultoria,
capacitação e promoção internacional.
Iberpyme, desde sua base no Sistema
Econômico Latino-americano, que reúne 26 países, promove a discussão de temas de
interesse para médias, pequenas e microempresas, o intercâmbio de experiências,
a difusão de suas boas práticas e mantém uma base de dados com especialistas em
questões especificas que as mipymes requerem para sua modernização. Um novo
estudo de Juan Llisterri e Jaime García-Alba, do Banco Interamericano de
Desenvolvimento, destacou vantagens e êxitos de pequenas e médias empresas com
boas práticas como empreendedoras e inovadoras no Brasil, Chile e México. Foram
Biocâncer e TV Esporte Interativo do Brasil, Movix e Akikb no Chile e
Alltournative e Interfactura no México.
Biocâncer se ofereceu para testes
e desenvolvimento de novos medicamentos a companhias farmacêuticas que podem
reduzir, com seus serviços, o tempo de introdução no mercado de novos produtos.
TV Esporte apresenta conteúdos esportivos de primeira qualidade, que utiliza
como plataforma a Internet e permite a interatividade. Movix oferece tons de
telefonia a operadores e Akikb desenvolveu no Chile a área de armazenamento. Por
sua vez, Alltournative oferece experiências recreativas em combinação com
comunidades mayas deYucatán, em uma combinação de turismo com desenvolvimento
sustentável e destaque de espaços culturais. Interfactura desenvolve e aplica
software para a gestão de impostos no México.
Foram casos de
investimentos menores que os US$ 100 mil do primeiro ano, vendas acima de US$
800 mil no terceiro, exploração de nichos junto a grandes empresas e
aproveitamento de oportunidades na inovação tecnológica. Capriles afirma que a
integração que levam adiante os países latino-americanos "deve ajudar não apenas
a ampliação de mercados mas cadeias produtivas, para que um produto que em um
fase seja elaborado em um país possa ser concluído em outro, e se incorpore
constantemente valor agregado e emprego. Para a redução da pobreza se requer
criar emprego de qualidade".
Mastrângelo acredita que as mipymes se
beneficiam mais de economias competitivas do que sob esquemas de controle que
pesem sobre as exportações. Capriles aconselha a não ir aos extremos. "Dentro de
um projeto geral alguns controles podem ajudar, mas excessivos controles podem
fazer tudo mais problemático", afirmou.
(IPS/Envolverde)
(Envolverde/IPS)
- Humberto Márquez, da IPS