'Região é muito importante para nós', justifica-se Marinha, que fala em maior agilidade e nega conotação política na decisão Quarta Frota, com sede na Flórida, cuidará de navios em atividade na América do Sul, Central e no Caribe, hoje parte da frota do Atlântico
A Marinha norte-americana anunciou que está recriando sua Quarta Frota, que será responsável pelos navios, submarinos e aeronaves do país em operação na América do Sul, Central e no Caribe. A esquadra existiu entre 1943 e 1950 e sua volta agora é uma decisão administrativa, não política, defende o Pentágono.
O anúncio chega num momento em que a atividade militar na América Latina volta a despertar a atenção do mundo. O interesse foi evidenciado por fatos recentes como a ação da Colômbia contra as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) no Equador, o que os EUA chamam de 'corrida armamentista' patrocinada pelo presidente venezuelano, Hugo Chávez, e a sugestão do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, de que seja criado um Conselho Regional de Defesa na América do Sul.
A nova força 'mandará uma mensagem', 'trará mais estatura à área e aumentará nossa capacidade de ação', disse o almirante Gary Roughead, ao anunciar a recriação da esquadra, anteontem. 'Essa mudança aumenta nossa ênfase em empregar forças navais na região para construir confiança entre os países, por meio de esforços de uma segurança marítima coletiva, focada nas ameaças em comum.'
Contraterrorismo
Em depoimento recente ao Congresso americano, o almirante James Stavridis, chefe do Comando Sul (divisão do Pentágono responsável pela região), havia dito que apoiava o aumento das embarcações em atividade na América Latina, atualmente 11, e que a nova força deveria ser liderada por um porta-aviões nuclear. O objetivo, afirmou então o militar, seria auxiliar os EUA nas atividades de contraterrorismo.
'Essa é uma região muito importante para nós, e todas as outras regiões no mundo já tinham um comandante e uma frota numerada', disse à Folha a oficial da Marinha Holly Boynton, responsável por comunicados ao público, em entrevista por telefone. 'Nós percebemos o significado e a importância da América do Sul, Central e do Caribe.'
Segundo Boynton, a Quarta Frota não contará com mais navios ou pessoal do que os já em ação hoje na América Latina. Indagada se havia razões políticas para a recriação da esquadra, a oficial negou.
'Não é em resposta a nenhum evento particular, não é uma corrida armamentista ou uma demonstração de força ou nada disso. Está em gestação há alguns anos e só agora foi aprovada pelo nosso governo.'
De acordo com a oficial, 'com o número de ações e a importância da região, a Marinha quer estar mais apta a prestar assistência humanitária e a vítimas de desastres e, com a volta de uma frota numerada, teremos mais agilidade para pedir mais recursos e verba'.
A Quarta Frota deve entrar em funcionamento no final do verão norte-americano (inverno no Brasil), seu quartel-general será na cidade de Mayport, na Flórida, e seu comandante, o contra-almirante Joseph Kernan. A nova esquadra será subordinada tanto à Marinha quanto ao Comando Sul.
Até hoje, a região estava sob controle da Segunda Frota (veja quadro abaixo). A Primeira Frota não existe mais.
'Eles não nos assustam nem um pouco', teria dito Hugo Chávez à uma emissora de TV estatal venezuelana, segundo a agência de notícias Bloomberg. 'Estamos criando com o Brasil o Conselho de Defesa Sul-Americano.'