USA alimentam poder de fogo do narcotráfico mexicano

México, 18/02/2008 – Aproximadamente duas mil armas, em média, e milhares de munições entram ilegalmente no México a cada dia, 90% procedentes dos Estados Unidos, segundo dados oficiais. Os compradores são, em sua maioria, narcotraficantes. Desde o norte chegam foguetes antitanques M-72 e AT4, lança-granadas MGL, lança-foguetes RPG-7 e metralhadoras Herstal. Trata-se de mortíferas armas próprias dos arsenais militares mais poderosos do mundo. A periculosidade dos comerciantes de drogas mexicanos está em sua capacidade de penetração e corrupção e em sua força econômica, mas também em seu armamento, setor em que agora parecem gozar de um poder inédito, disse à IPS Saul Méndez, consultor privado em questões de segurança.


Nas últimas operações, militares e policiais, encontraram arsenais bem abastecidos. Tais fatos e a violência que atualmente mostram as máfias locais puseram em evidência o fracasso dos controles no México e nos Estados Unidos referentes ao comércio de armas, disse Méndez. No ultimo dia 7, autoridades encontraram em uma área rural do Estado de Tamaulipas, fronteiriço com os Estados Unidos, 89 armas longas e quase 90 mil cartuchos. Quatro dias depois, no Estado de Sinaloa e no vizinho Nuevo Leon, foram apreendidas 44 armas de alto poder.

Vários supostos narcotraficantes foram detidos quarta-feira na cidade do México com um arsenal que incluía uma metralhadora antiaérea, que usa munição capaz de penetrar em todo tipo de blindagem, além de 10 granadas de fragmentação. Em janeiro, também na capital mexicana, foram apreendidas com outros traficantes 20 armas longas e 12 lança-granadas. Segundo a Comissão de Defesa Nacional da Câmara de Deputados, durante o governo de Vicente Fox (2000-2006) entraram de contrabando no México 4,3 milhões de armas, enquanto no mesmo período foram apreendidas 29.360. E 2007, já no governo de Felipe Caldeón, foram apreendidas 4.205 armas longas, 4.433 curtas e 5128 granadas.

Georgina Sáncehz, especialista em política da Universidade Autônoma Metropolitana e especialista em questões de segurança, afirma que a presença de armas no México "é muito mais ampla e grave do que as autoridades aceitam e que os cidadãos percebem". O Comitê de Relações Exteriores do Senado norte-americano divulgou em janeiro um informe indicando que, apesar das promessas do Departamento de Estado de frear o contrabando de armas para o México, o problema se agravou nos últimos meses. O contrabando aumentou no contexto da corrida armamentista dos narcotraficantes mexicanos, reconhece o documento.

Por sua vez, o Escritório para o Controle do Tabaco, do Álcool, de Armas de fogo e Explosivos norte-americano disse em um relatório datado do ultimo dia 7 que o tráfico de armas no México "é um problema criminal número um". Calcula-se que 90% do armamento ilegal que entra no México têm como origem os Estados Unidos. "Peço maior cooperação dos Estados Unidos. O narcotráfico não é um problema apenas do México. Somos vizinhos do maior consumidor do mundo e estamos pagando a conta", disse na segunda-feira o presidente Felipe Calderón durante a visita que fez aos Estados Unidos na semana passada.

Neste ano 343 pessoas foram assassinadas em atos vinculados a execuções e choques armados entre narcotraficantes ou contra autoridades, segundo contagens feitas por jornais locais ate o último dia 13. Em 2007, as mortes por ações relacionadas às máfias das drogas somaram 2.800, e nos últimos sete anos o numero chega a quase 12 mil. Embora México e Estados Unidos tenham há mais de uma década acordos e operações conjuntas para frear o tráfico de armas, estas continuam entrando no México.

O promotor do México, Eduardo Molina, reconheceu em janeiro que se trata de um problema maiúsculo. As armas de procedência norte-americana dá aos narcotraficantes um "considerável poder de fogo que deriva em assassinatos de policiais e agentes de segurança e da Procuradoria de Justiça", afirmou. No começo do ano, autoridades dos dois países anunciaram que implementariam novos programas conjuntos para enfrentar o contrabando. Um deles consiste em um sistema de registro eletrônico que indica quem é o primeiro comprador de uma arma, onde foi vendida e a data. Em uma visita ao México em janeiro, Michael Mukasey, promotor norte-americano, reconheceu que seu país é o principal fornecedor de armas ao narcotráfico mexicano e se comprometeu a trabalhar para reverter a situação. (IPS/Envolverde)

Crédito de imagem: Greenberg

(Envolverde/IPS)

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