Nações Unidas, 21/01/2008 – As economias emergentes, entre elas Brasil, China, Índia, Malásia, África do Sul e Tailândia, realizaram sólidos progressos em seu comércio com as nações em desenvolvimento e seus investimentos nesses países. "Existe uma crescente complementação e capacidade das economias emergentes para fomentar seu desenvolvimento através da cooperação", disse o embaixador paquistanês Munir Akram, presidente do Grupo dos 77, criado em 1964 por esse número de países em vias de desenvolvimento, embora atualmente reúna 130. A integração econômica regional já ocorre na África, América Latina, Ásia e Caribe, afirmou.
"Muitos países em desenvolvimento investem seus
superávits na balança de pagamentos em outros de condições semelhantes e também
existe uma ampla cooperação para o desenvolvimento", afirmou Akram durante uma
reunião do G-77 há alguns dias. A Organização das Nações Unidas divulgou um
informe em dezembro sobre a cooperação Sul-Sul com exemplos sobre a interação em
matéria de comércio, investimentos e ajuda para o desenvolvimento.
O
governo da Malásia, através de sua política "ajude seu vizinho", investiu em
2006 mais de US$ 4,8 bilhões em países em desenvolvimento e assinou 56 acordos
nessa área com outras nações do Sul, segundo o estudo da ONU. Desde 2004, a
Índia concedeu linhas de crédito no valor de US$ 1,4 bilhão a outras economias
emergentes, fundamentalmente destinadas ao desenvolvimento de infra-estrutura,
tecnologia para a agricultura e à indústria farmacêutica. O governo de Nova
Délhi também outorgou US$ 3 bilhões em assistência técnica a 156 países em
desenvolvimento, no contexto de seu Programa de Cooperação
Econômica.
Além disso, a Índia se comprometeu a outorgar US$ 100 milhões
para aliviar a pobreza nas nações que integram a Associação de Cooperação
Regional do Sudeste Asiático, que inclui Afeganistão, Bangladesh, Butão, Ilhas
Maldivas, Nepal, Paquistão e Sri Lanka. Nova Délhi também destinou US$ 200
milhões para a Nova Associação do Desenvolvimento Africano, US$ 500 milhões para
os países da África ocidental e outros US$ 250 milhões para o banco de
investimento da Comunidade Econômica da África Ocidental, segundo o estudo da
ONU.
A China se caracteriza como um dos maiores centros de manufatura do
mundo, que mostra o "mais rápido ritmo de crescimento e é um pólo fundamental
para a cooperação Sul-Sul". Pequim se comprometeu a duplicar sua ajuda econômica
à África até 2009, quando totalizará, aproximadamente, US$ 1 bilhão. Além disso
estabeleceu um fundo de US$ 5 bilhões para incentivar as empresas chinesas a
investirem na África e concedeu US$ 3 bilhões em créditos preferenciais e US$ 2
bilhões em empréstimos a "compradores mais favorecidos" em países desse
continente. A China também cancelou as dívidas geradas por seus empréstimos sem
juros que venceram no final de 2005 para os 31 países mais pobres da África
fortemente endividados e que têm relações diplomáticas com Pequim.
O
Brasil, que expandiu tratamento para pessoas com Aids, doou medicamentos
anti-retrovirais a 11 nações em desenvolvimento: Bolívia, Burkina Faso, Cabo
Verde, Colômbia, El Salvador, Guiné Bissau, Moçambique, Nicarágua, Paraguai, São
Tomé e Príncipe e Timor Leste. Segundo o informe da ONU, Brasília também
coordena uma rede internacional de cooperação técnica sobre Aids, que facilita a
transferência de tecnologia e a produção de anti-retrovirais. Inclui Argentina,
Cuba, China, Nigéria, Rússia, Tailândia e Ucrânia. Cuba, que ofereceu um
sustentado apoio de médicos e especialistas a vários países em desenvolvimento,
ajudando a Nigéria na produção de etanol.
A África do Sul criou sua
própria Agência para o Desenvolvimento Internacional, que tem por objetivo
expandir a ajuda que este país já oferece nessa área. A meta é levar essa
assistência a um nível entre 0,2% e 0,5% do produto interno bruto. A Tailândia
já destina para esse item 0,13% de seu PIB, porcentagem comparável à que
destinam as nações mais ricas. No contexto d sua Extratégia de Cooperação
Econômica do Mekong, a Tailândia participou de 40 iniciativas multilaterais e de
200 projetos bilaterais com Birmânia, Camboja, Laos e Vietnã.
A Turquia
investiu mais de US$ 50 milhões ao ano m programas de cooperação Sul-Sul,
através de sua agência estatal para o desenvolvimento, que tem escritórios em 22
países e supervisiona 930 projetos em 90 nações. O forte e sustentado
crescimento econômico em países como Brasil, China, Índia e Rússia, do mesmo
modo que em outras nações em desenvolvimento, entre elas Chile, Egito, Gana,
Malásia, Qatar, Cintgapura, África do Sul, Tailândia e Turquia, "tem um impacto
significativo nas perspectivas de desenvolvimento de outros Estados do Sul",
disse o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. (IPS/Envolverde)
Crédito de
imagem: Association for Living Values Education
International
(Envolverde/ IPS)