Laboratórios perdem dinheiro ao ignorar os pobres

Washington, 03/12/2007 – Os laboratórios farmacêuticos perdem oportunidades de negócios potencialmente rentáveis por não darem atenção às necessidades do Sul pobre, afirmou a organização humanitária Oxfam. A indústria farmacêutica mundial, com lucro que soma quase US$ 700 bilhões por ano, continua fixando para seus produtos preços que estão fora do alcance das pessoas de baixa renda, destaca o estudo. Além disso, os fabricantes não aproveitam todas as oportunidades oferecidas pelo mercado por sua reticência em desenvolver remédios para as enfermidades que mais afetam as nações pobres e por sua intransigência em matéria de patentes, acrescenta o documento.


A indústria esconde a cabeça na terra. Mais de 85% dos consumidores têm suas necessidades insatisfeitas ou diretamente não possuem acesso aos medicamentos', afirmou o diretor-executivo da Oxfam, Jeremy Hobbs. "A fixação de preços altos, as tentativas de suprimir a competição que os genéricos representam, o desenvolvimento de medicamentos apenas para quem tem dinheiro para pagá-los e a demanda de leis de patentes mais rígidas, constituem uma estratégia de negócios inadequada para novos mercados e também um ultraje moral", acrescentou Hobbs.

Os 15% mais ricos da população mundial consomem mais de 90% dos medicamentos. Milhões de pobres pagam com a vida a escassez dos países onde vivem: a tuberculose mata dois milhões de pessoas por ano e a malária um milhão. O estudo da Oxfam, intitulado "Investir para a vida", reclama da indústria farmacêutica que fixe os preços dos medicamentos essenciais em função da capacidade de pagamento dos pacientes. Alguns laboratórios já adotaram esta política, mas se trata de uns poucos e essencialmente a limitam a doenças de "alto perfil", como a Aids.

Porém, a Federação Internacional de Associações e Fabricantes de Medicamentos disse que os laboratórios ajudaram 1,3 bilhão de pacientes pobres, entre 2000 e 2006, com doações de remédios, vacinas e testes de diagnostico no valor de US$ 6,7 bilhões. A resposta da Oxfam é que a ênfase dada às doações "não é sustentável" e, em alguns casos, resulta contraproducente". A organização pediu aos fabricantes que pesquisem e desenvolvam mais medicamentos para o tratamento de enfermidades que afetam os pobres. Entre 1999 e 2004 – diz o estudo – foram colocados no mercado 163 novos produtos, mas apenas três eram aptos para curar essas doenças.

Além disso, a Oxfam cobrou da indústria farmacêutica que deixe de questionar a capacidade dos países pobres para forçá-la a baixar seus preços ou ceder porções do mercado diante dos genéricos em casos de emergências sanitárias. Durante os últimos anos os laboratórios iniciaram ações legais ou fizeram pressão direta para proteger suas patentes contra o que a Oxfam definiu como "o uso de legitimas salvaguardas" por parte de Brasil, Filipinas, Índia e Tailandia. E quando os governos dos países em desenvolvimento começaram a impor sua posição, os pobres foram beneficiados e os laboratórios mantiveram sua presença nesses mercados, afirma o estudo.

A organização citou dois casos em que a indústria reduziu seus preços em resposta a ações do governo tailandês. O custo de um medicamento para o coração baixou 70% e o preço de outro remédio, para tratamento da Aids, caiu 55%, segundo o estudo. Os laboratórios argumentam que os valores de venda refletem seus elevados investimentos em pesquisa e desenvolvimento. A Oxfam considera, entretanto, que esses custos podem diminuir transferindo a produção para os países pobres. Vários laboratórios autorizaram que seus medicamentos fossem fabricados sob licença em nações do Sul ou anunciaram planos de se instalar na China e em outros mercados emergentes.

A indústria também afirma que o preço reflete a margem de beneficio de médicos e farmacêuticos, bem como o impacto dos impostos. Ressalta, ainda, restrições que não estão relacionadas com os custos. O grupo de pressão da indústria Pesquisadores e Produtores Farmacêuticos da América, nos Estados Unidos, af
rmou que muitos países carecem de sistemas de saúde adequados, necessários para oferecer atenção e medicamentos aos doentes. Também faltam médicos: em várias nações da África subsaariana existem apenas três para cada 10 mil habitantes, acrescentou.

Os sistemas de distribuição e armazenamento inexistem ou estão mal administrados, disse este grupo, que citou estimativas do Banco Mundial segundo as quais para cada US$ 100 que os governos africanos gastam em medicamentos apenas US% 12 chegam finalmente aos doentes. Para os países pobres – argumentou esta associação de empresários – "o gasto em saúde não é uma prioridade. Freqüentemente, os serviços de saúde foram relegados pelo gasto em defesa. Pior ainda: houve casos em que fundos disponíveis para cuidados com a saúde não foram utilizados por causa da burocracia e da má administração", acrescentou. (IPS/Envolverde)
(Envolverde/ IPS)

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