Auxílio alimentação, apoio aos deficientes e à educação... o documento apresentado na terça-feira passada (ontem) propõe um grande número de cortes nos programas sociais.
Partidário do conservadorismo fiscal, pode apenas se rejubilar ao anunciar os cortes orçamentários, que nada mais são que uma tentativa de queda dos impostos prometidas para uma próxima reforma. Mick Mulvaney, diretor de orçamento de Donald Trump, transformou isto um ponto de honra a ser defendido em sua arbitragem no projeto informado, na terça-feira, 23 de maio ao Congresso.
Auxílio alimentação, apoio ao deficiente e à educação... é longa a lista de programas que o governo federal quer eliminar porque eles incentivarão os beneficiários a não trabalhar. Na certa, o seguro saúde para os mais idosos será poupado, mas não aquele para os pobres. "Nós temos necessidade de que as pessoas trabalhem. Se você recebe o auxílio alimentação, para o qual você está habilitado, nós temos necessidade de que você vá trabalhar. Nós temos necessidade de que todos atirem na mesma direção", assegura Mulvaney.
O projeto de orçamento comporta apenas uma única medida social: a implantação de uma licença-maternidade de seis semanas. Esta medida é defendida por uma influente conselheira do presidente, sua filha Ivanka. As demais despesas consideradas outrora importantes, envolvem a defesa e a proteção das fronteiras. Enfim, a ajuda internacional será a principal vítima de uma redução superior a 30% do orçamento da diplomacia americana, segundo o projeto apresentado na terça-feira. Considerado com circunspecção pelos "falcões" fiscais do Partido Republicano, esse projeto era uma promessa de campanha.
Previsões de crescimento otimistas
A severidade dos cortes considerados, mais brutais em essência que as adotadas nos mandatos do presidente republicanos Ronald Reagan (1981-1989), suscitaram na oposição do Partido Democrata, bem como em membros no Partido do Grande Óleo. O número dois do Partido Republicano no Senado, John Cornyn, afirmou que a proposta é uma "natimorta".
A previsão de crescimento, usada como moldura a esse projeto (uma média de 3% para a próxima década), também é recebida com reservas. Ela corresponde ao dobro da de 2016 (1,6% depois de 2,6% em 2015). Segundo Mulvaney, os cortes, combinados com um crescimento maior, permitirão alcançar o equilíbrio orçamentário no espaço de uma década.
Robert Greenstein, presidente do Centro do Orçamento e Prioridades Políticas, um "think tank" visto como progressista, avaliou em um comunicado que "esse orçamento (estava) em contradição com aquilo que o presidente dizia querer fazer durante sua campanha". O projeto corre o risco, de prejudicar as populações mais frágeis dos antigos estados industriais que massivamente votaram em Trump no dia 8 de novembro.
Tradução: Argemiro Pertence
Le premier projet de budget de Donald Trump fragilise les plus pauvres
Aide alimentaire, soutien au handicap et à l’éducation… le document présenté mardi propose un grand nombre de coupes dans les programmes sociaux.
LE MONDE | 23.05.2017 , mis à jour le 24.05.2017
Partisan du conservatisme fiscal ne peut que se réjouir en annonçant des coupes budgétaires, qui plus est dans l’attente des baisses d’impôts promises dans une prochaine réforme. Mick Mulvaney, le directeur du budget de Donald Trump, a donc mis un point d’honneur à défendre ses arbitrages dans le projet communiqué, mardi 23 mai, au Congrès.
Aide alimentaire, soutien au handicap et à l’éducation… la liste est longue des programmes que le gouvernement fédéral veut supprimer parce qu’ils inciteraient leurs bénéficiaires à ne pas travailler. Certes, l’assurance-maladie pour les plus âgés est épargnée, mais pas celle pour les plus pauvres. « Nous avons besoin que les personnes travaillent. Si vous recevez l’aide alimentaireet que vous êtes valide, nous avons besoin que vous alliez travailler. Nous avons besoin que tout le monde tire dans la même direction », a assuré M. Mulvaney.
Le projet de budget ne comporte de fait qu’une seule mesure sociale : la mise en place d’un congé maternité de six semaines. Cette mesure a été défendue par une conseillère influente du président, sa fille Ivanka. Les autres dépenses envisagées, autrement plus importantes, concernent la défense et la protection des frontières. Enfin, l’aide internationale sera la principale victime d’une réduction de plus de 30 % du budget de la diplomatie américaine, selon le projet présenté mardi. Considéré avec circonspection par les « faucons » fiscaux du Parti républicain, ce projet était une promesse de campagne.
Prévisions de croissance optimistes
La sévérité des coupes envisagées, plus brutales en l’état que celles décidées sous les mandats du président républicain Ronald Reagan (1981-1989), a suscité l’opposition du Parti démocrate mais également de membres du Grand Old Party. Le numéro deux des républicains au Sénat, John Cornyn, l’a même jugé « mort-né ».
La prévision de croissance qui sert de cadre à ce projet (une moyenne de 3 % pour la décennie à venir) est également accueillie avec réserve. Elle correspond au double de celle mesurée en 2016 (1,6 %, après 2,6 % en 2015). Selon M. Mulvaney, les coupes combinées à une croissance plus forte permettront de revenir à l’équilibre budgétaire en l’espace d’une décennie.
Robert Greenstein, le président du Center on Budget and Policy Priorities, un think tank considéré comme progressiste, a estimé dans un communiqué que « ce budget [était] en contradiction avec ce que le président disait vouloir faire pendant sa campagne ». Le projet risque en effet de toucher les populations fragiles des vieux Etats industriels qui ont massivement voté pour Donald Trump le 8 novembre.
S’ajoutant aux projets de réforme de la protection sociale et de la fiscalité, ce budget pourrait entretenir le début de malaise mesuré par les sondages au sein de la base électorale du président, très attachée au maintien des programmes sociaux fédéraux. Une enquête de la Quinnipiac University publiée le 11 mai a montré que cette base, composée d’électeurs blancs non diplômés, désapprouvait nettement Donald Trump dans ces domaines. Le président n’a d’ailleurs pas jugé bon de défendre en personne son premier projet de budget, qui a été présenté au beau milieu de son premier voyage à l’étranger.