No primeiro dia de dezembro, Angela Merkel anunciou que a Alemanha enviaria à Síria seis aviões de reconhecimento, um de abastecimento e 1200 soldados, além de uma fragata que integrará uma esquadra de retaguarda para o porta-aviões francês Charles de Gaulle. Tudo isso a título de “entrar na coligação contra o Estado Islâmico”.
Porta-aviões francês a caminho da Síria
O contingente de 1200 soldados que serão despachados por Merkel para a Síria será a maior força de combate da Alemanha imperialista no exterior, em decisão que faz cair o que resta da cortina surrada da suposta política alemã de “não-intervenção” (é bom lembrar que a Alemanha contribui, hoje, com mil soldados na ocupação imperialista do Afeganistão e há pouco mandou 650 militares para o Mali, país africano). A agudização das contradições interimperialistas impelem os chefes políticos das potências a deixarem de lado certos “pudores” (se é que há algum).
Serão, aqueles soldados, mandados para o front não com o fim de “combater o terrorismo”, como apregoa a contrapropaganda imperialista, mas como buchas de canhão para defender as posições e os interesses, na Síria, dos grandes monopólios do imperialismo alemão.
Também as massas trabalhadoras dos países imperialistas sofrem diretamente as consequências da “geopolítica”, quando a barbárie semeada pelas potências no Oriente Médio ricocheteia de forma inclemente na casa do agressor — como podem atestar os 159 cadáveres que constituem o saldo do ato de guerra empreendido por comandos do Estado Islâmico (EI) em Paris no dia 13 de novembro.
Na França, onde Hollande também fermenta a ideia de invasão por terra da Síria, o “estado de emergência” já resultou, segundo denúncias, na prisão domiciliar de vários ativistas populares. No dia 30 de novembro, centenas de franceses desafiaram a proibição às manifestações e saíram às ruas em protesto contra as farsas que constituem tanto a cúpula climática, que se realizava em Paris, quanto a “guerra ao terror”, e também o caráter opressivo do tal “estado de emergência”. Em nome da “democracia”, as forças de repressão de Hollande agiram com a costumeira bestialidade e prenderam mais de 200 pessoas.
No dia 3 de dezembro, aviões de guerra da Grã-Bretanha bombardearam o território sírio pela primeira vez, completando a conformação das três maiores potências do imperialismo europeu entrando de cabeça na disputa travada na Síria entre seu sócio USA e a Rússia.
E foi desde o porta-aviões Charles De Gaulle que Hollande, em “visita surpresa” ao navio de guerra, anunciou, no dia 4 de dezembro, que a intervenção militar francesa na Síria já se estendia também a parte do território da Líbia, ainda que por ora se restringindo a “voos de reconhecimento e vigilância”, sempre sob a alegação de combater o EI.
No dia seguinte, 5 de dezembro, mais um episódio da escalada das tensões de guerra na região: o gerenciamento títere do Iraque emitiu comunicado oficial exigindo que o Estado turco, transformado em roteador de provocação do USA e da UE no Oriente Médio, retirasse do território iraquiano as tropas que enviou para lá a título de treinar combatentes locais contra o Estado Islâmico.
O chefe da comissão parlamentar de segurança e defesa do Iraque, Hakim al-Zamili, disse que o país pode “recorrer à Rússia para lidar com as tropas turcas”. Já Putin vem propagando a informação de que a família de Erdogan lucra pessoalmente com negócios em torno do petróleo controlado pelo Estado Islâmico, no que Erdogan prometeu tomar “medidas de retaliação” caso a Rússia continue a “espalhar calúnias”.
No dia 6/12, Obama foi à TV no USA prometer que vai “destruir o Estado Islâmico”. Isso depois que um casal, que teria jurado “lealdade ao Estado Islâmico”, abriu fogo em San Bernardino, na Califórnia, deixando 14 estadunidenses mortos. A barbárie semeada pelo imperialismo está cada vez mais instaurada e a ela só a Grande Revolução Proletária Mundial poderá se contrapor.