É uma história que se tornaria quase banal nos Estados Unidos, e particularmente na cidade de Chicago, se não fosse também trágica. O incidente ocorreu por volta das quatro da manhã, no sábado, 26 de dezembro, após uma chamada policial para um caso de violência familiar.
Segundo a versão da polícia, os oficiais foram a uma casa na Zona Oeste de Chicago. Houve, então, um confronto com um "indivíduo combativo". Tratava-se de Quintonio LeGrier, de 19 anos, estudante da Universidade do Norte de Illinois, de volta à casa de seus pais para as festas. Ele tinha em seu poder um bastão metálico de basebol.
Os policiais fizeram diversos disparos, atingindo mortalmente o jovem e também Bettie Jones, de 55 anos, mãe de cinco filhos, que estava atrás da porta da casa. A polícia confirmou que ela tinha sido "acidentalmente atingida e tragicamente morta". Vizinhos informaram que Quintonio LeGrier era filho do proprietário da casa, Antonio LeGrier, onde morava a Senhora Jones.
Antonio LeGrier, que foi quem chamou a polícia, relatou ao Chicago Sun Times que seu filho era "um pouco agitado" e que ele era também um pouco instável, após ter passado parte de sua juventude em lares de apoio. "Mas será que ele merecia ser morto? Não acredito", acrescentou ele. Interrogada pela rede de TV americana WLS-TV, a mãe do rapaz disse que seu filho sofria de "problemas mentais". Foi aberta uma investigação pelas autoridades de Chicago.
Demissão e inquérito interno
A polícia de Chicago está outra vez sendo questionada por seus métodos brutais quase um mês após a distribuição de um vídeo mostrando a morte de Laquan McDonald, um afro-americano de 17 anos, morto em 2014 com dezesseis tiros por um policial que foi reconhecido como culpado de morte.
O conjunto do Departamento de Polícia da cidade foi a seguir objeto de um inquérito federal sobre seu emprego da "força letal" e sobre o respeito à disciplina por parte de seus integrantes. O chefe de polícia, Garry McCarthy foi demitido e o futuro do prefeito Rahm Emanuel, ex-chefe de gabinete do presidente Obama, é incerto.
O Washington Post investigou cada incidente com morte em que esteve envolvido um policial nos Estados Unidos em 2015:
- Ele mostra que 965 pessoas foram mortas por policiais entre 1 de janeiro e 24 de dezembro deste ano;
- A "grande maioria" dentre eles estavam "armados", eram "suicidas ou tinham problemas mentais" ou "tinham tentado fugir":
- O tipo de incidente "que esteve na origem de diversas manifestações nos Estados Unidos - o mais frequente, um policial branco que mata um homem negro desarmado - representa menos de 4% do total de incidentes estudados"
Traduzido por: A. Pertence
Le Monde.fr avec AP et Reuters - 27/12/2015
A Chicago, la police à nouveau mise en cause pour ses méthodes brutales
C’est une histoire qui deviendrait presque banale aux Etats-Unis, et particulièrement dans la ville de Chicago, si elle n’était pas aussi tragique. L’incident a eu lieu aux alentours de 4 heures du matin, samedi 26 décembre, après un appel à la police pour une histoire de violence familiale.
Selon la version de la police, des officiers arrivent à un domicile du West Side de Chicago. Ils sont alors confrontés à « un individu combatif ». Il s’agit de Quintonio LeGrier, 19 ans, étudiant à l’université de Northern Illinois, de retour chez son père pour les fêtes. Il avait en sa possession une batte de base-ball en métal.
Les policiers tirent alors à plusieurs reprises, touchant mortellement le jeune homme, mais aussi Bettie Jones, 55 ans, mère de cinq enfants, qui se trouvait derrière la porte de la maison. La police a confirmé qu’elle avait été « accidentellement touchée et tragiquement tuée ». Des proches ont confié que Quintonio Legrier était le fils du propriétaire de la maison, Antonio LeGrier, où habitait Mme Jones.
Antonio LeGrier, qui a appelé la police, a rapporté au Chicago Sun-Times que son fils était « un peu agité » et qu’il était quelque peu instable, après avoir passé sa jeunesse dans des foyers d’accueil. « Est-ce qu’il méritait pour autant d’être tué ? Je ne pense pas », a-t-il ajouté. Interrogée par la chaîne américaine WLS-TV, la mère du jeune homme a dit que son fils souffrait « de troubles mentaux ». Une enquête a été ouverte par les autorités de Chicago.
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Démission et enquête interne
La police de Chicago est à nouveau mise en cause pour ses méthodes brutales presque un mois après la publication d’une vidéo montrant la mort de Laquan McDonald, un Afro-Américain de 17 ans, tué en 2014 de seize balles par un policier qui a été reconnu coupable de meurtre.
L’ensemble du département de police de la ville fait depuis l’objet d’une enquête fédérale sur son usage de la « force létale » et sur le respect de la discipline dans ses rangs. Le chef de la police, Garry McCarthy, a démissionné, et l’avenir du maire, Rahm Emanuel, un ancien directeur de cabinet du président Barack Obama, est incertain.
Le Washington Post a recensé chaque incident mortel impliquant un officier de police aux Etats-Unis en 2015 :
- Il en ressort que 965 personnes ont été tuées par des policiers, entre le 1er janvier et le 24 décembre.
- La « grande majorité » d’entre elles étaient soit « armées », « suicidaires ou avec des troubles mentaux » ou « avaient essayé de s’échapper », selon le Washington Post.
- Le type d’incident « qui a été à l’origine de nombreuses manifestations aux Etats-Unis - le plus souvent, un policier blanc qui tue un homme noir non armé - représente moins de 4 % de l’ensemble des incidents mortels recensés ».