Professor é preso político do Estado fascista da Índia
G.N. Saibaba
O jornal indiano The Hindu de 8 de junho repercutiu a denúncia feita pelos advogados do professor Dr. GN Saibaba, prisioneiro político do velho Estado indiano, cuja saúde deteriora gravemente devido às péssimas condições carcerárias e a falta de cuidados médicos.
GN Saibaba é um proeminente intelectual democrático indiano e foi sequestrado por agentes das forças de repressão em 9 de maio do ano passado em sua residência, na Universidade de Delhi, onde leciona. Conforme denunciamos reiteradas vezes nas páginas do AND, o professor Saibaba tem 90% de limitações nos movimentos de seu corpo em decorrência da poliomielite e a masmorra em que se encontra encarcerado em completo isolamento, denominada “célula Anda”, não possui adaptações para seu deslocamento ou para utilizar o sanitário.
Os advogados do professor Saibaba denunciam o agravamento de sua saúde, pois, além de não receber os devidos cuidados médicos para o tratamento de sua hipertensão e problemas cardíacos, ele desenvolveu várias doenças como cálculos renais e na vesícula e o agravamento de seu quadro cardíaco.
“Até um ano atrás ele era capaz de operar sua cadeira de rodas por conta própria”, relata Surendra Gadling, advogado do Dr. Saibaba, ao jornal The Hindu, acrescentando que “hoje ele não pode nem mesmo se mover sem ajuda, pois seus movimentos da mão esquerda estão afetados em até 90%. Ele desmaia diariamente devido ao forte calor da célula Anda”.
Em 3 de junho, um tribunal em Gadchiroli rejeitou o pedido de fiança. Apesar das graves denúncias sobre o quadro de saúde do professor, o juiz declarou que Saibaba não tem direito a fiança uma vez que “vem recebendo tratamento adequado na prisão”. Recentemente, Saibaba realizou uma greve de fome para protestar contra as suas condições carcerárias e a falta de cuidados médicos. Ele foi hospitalizado após desmaiar durante a greve de fome e foi novamente encarcerado na “célula Anda”.
Após a divulgação das declarações da defesa de Saibaba em The Hindu, a Alta Corte de Bombaim recebeu um comunicado, também remetido ao Departamento de Estado indiano, chamando a atenção para a deterioração de sua saúde e pedindo “urgência para salvar a vida do professor Saibaba.”
No final de maio e início de junho, ocorreram mobilizações e protestos de organizações democráticas e populares da Inglaterra, Itália, Galícia (região autônoma Estado espanhol) e Afeganistão em defesa da vida do professor Saibaba.
MAIS PERSEGUIÇÕES E PRISÕES POLÍTICAS
Kobad Ghandy (à esquerda)
Kobad Ghandy, preso em Delhi em 2009 acusado de “ligações com o Partido Comunista da Índia (Maoísta)”, iniciou uma greve de fome por tempo indeterminado no dia 30 de maio na prisão de Tihar.
Kobad Ghandy, de 68 anos, foi transferido três vezes nos últimos meses para diferentes alas da prisão. Seus advogados afirmam ser essa uma tentativa de arruinar sua saúde já debilitada. Além de problemas cardíacos e artrite, Kobad Ghandy apresenta problemas renais, hipertensão arterial e outras doenças.
Ele foi preso sob a lei fascista de Prevenção de Atividades Ilegais. Seus advogados argumentam que, antes de sua prisão, Ghandy já havia sido ilegalmente preso e torturado durante quatro dias pelas forças de repressão.
Em 1º de junho, ele divulgou uma nota em que denuncia as péssimas condições carcerárias da prisão de Tihar e acusa o Estado indiano de atentar contra sua vida. Em seu comunicado, ele ainda relata as transferências não justificadas para diferentes alas da prisão e a negligência das “autoridades” carcerárias com seus cuidados médicos, razão pela qual decidiu deflagrar a greve de fome por tempo indeterminado.
No último período, o Estado fascista indiano incrementou a guerra contra o povo, realizando uma série de prisões ilegais de intelectuais e democratas, como é o caso do intelectual e escritor K. Murali, preso em 8 de maio pela “Brigada Antiterrorismo”, no estado de Maharashtra. Murali foi preso juntamente com seu assistente, C. P. Ismael, quando recebia tratamento médico num hospital perto de Pune. Embora ainda não tenham sido feitas acusações formais, as “autoridades” acusaram-no inicialmente de portar “documento falso” e de “pertencer a uma organização ilegal”.
Murali vinha realizando tratamento médico e sua saúde exige cuidados permanentes. Um comunicado assinado por 28 ativistas e intelectuais indianos publicado no final de maio exigia “tratamento adequado para a saúde de K. Murali e que ele e C.P. Ismael tivessem acesso a seus advogados, conforme define a Constituição”.