Bandeira do novo Califado |
Já não existe nem ISIS nem ISIL jihadista na Síria e no Iraque. O pessoal que lidera a coisa declarou hoje, no altamente simbólico início do Ramadã, que eles são um novo califado:
Assim sendo, tendo o Conselho Consultivo, a Shūrā do Estado Islâmico, estudado a questão, depois que o Estado Islâmico – pela graça de Alá – ganhou os atributos necessários para o khilāfah [califado], os muçulmanos estão em pecado se não tentam estabelecer-se. À luz do fato de que o Estado Islâmico não tem impedimento legal ou desculpa que justifique adiar ou descuidar do estabelecimento do khilāfah sem cair em pecado, o Estado Islâmico – representado por ahlul-halli-al-‘aqd (seu povo de autoridade), que consiste de seus anciãos, líderes e o Conselho Shūrā – resolve anunciar o estabelecimento do khilāfah Islâmico, a criação de um califado para os muçulmanos e o juramento de fidelidade ao shaykh (xeique), ao mujāhid, o professor que pratica o que prega, o zelador, o líder, o guerreiro, o ressuscitador, descendente da família do Profeta, o escravo de Alá, da linhagem de Ibrāhīm Ibn ‘Awwād Ibn Ibrāhīm Ibn ‘Alī Ibn Muhammad al-Badrīal-Hāshimī al-Husaynī al-Qurashī, de Samarra por nascimento e criação, de Bagdá [al-Baghdādī] por residência e formação. E ele aceitou o bay’ah [juramento de fidelidade].
Assim sendo, é ele imã e califa de todos os muçulmanos em todos os lugares. Por isso, a expressão “Iraque e Levante” no nome do Estado Islâmico foi removido de todas as decisões e comunicações oficiais e, a partir da data dessa declaração, o nome é Estado Islâmico.
Esta é a Promessa de Alá [ing. (pdf). This is the Promise of Allah]
Área estimada do Iraque e da Síria que abrange o novo califado |
O “califado”, na sua própria autoconcepção, é a única entidade legal que governa sobre todos os muçulmanos.
Com essa declaração, al-Baghdadi também declarou guerra a todos os monarcas e outros governantes no Oriente Médio. O mais provável é que ele ordene jihad de ataque contra todos eles. Agora é possível que todos os países do Golfo que discordam desse novo Estado Islâmico unam-se.
Já há sinais disso. Já circulam notícias de que, ante o perigo, os sauditas até já aceitam deixar lá o primeiro-ministro Maliki do Iraque, para um novo mandato. O que porá os sauditas em oposição a Washington a qual, por estúpido que seja, já “exige” outra vez “mudança de regime” no Iraque.
Será interessante ver a reação da Turquia, que serviu de base de retaguarda logística para o ex-ISIS, hoje ES [Estado Islâmico; ing. IS Islamic State]. Erdogan com certeza não se incomodaria por causa de um novo califato, mas com certeza se incomodará se o califa não for ele. Assim sendo... Pode-se – pergunto! – esperar agora uma real resposta unificada, de todos os países do Oriente Médio, contra esse novo perigo?
29/6/2014, [*] Moon of Alabama
“Will The New Caliphate Unite The Middle East Against It?”
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
[*] “Moon of Alabama” é título popular de “Alabama Song” (também conhecida como “Whisky Bar” ou “Moon over Alabama”) dentre outras formas. Essa canção aparece na peça Hauspostille (1927) de Bertolt Brecht, com música de Kurt Weil; e foi novamente usada pelos dois autores, em 1930, na ópera A Ascensão e a Queda da Cidade de Mahoganny. Nessa utilização, aparece cantada pela personagem Jenny e suas colegas putas no primeiro ato. Apesar de a ópera ter sido escrita em alemão, essa canção sempre aparece cantada em inglês. Foi regravada por vários grandes artistas, dentre os quais David Bowie (1978) e The Doors (1967). A seguir podemos ouvir versão em performance de Tim van Broekhuizen.
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