O ex-secretário do Tesouro, Timothy Geithner, um protegido dos Secretários do Tesouro, Rubin e Summers, recebeu sua recompensa por continuar a política de Rubin-Summers-Paulson de apoiar os “bancos grandes demais para falir” à custa da economia e do povo americano. Pelo seu serviço para o punhado de bancos gigantescos, cuja existência atesta o fato de que a Lei Anti-Truste é uma lei de letra morta, Geithner foi nomeado presidente e diretor-gerente da empresa de private equity, a Warburg Pincus, e está a caminho da sua fortuna.
Um cunhado de Warburg financiou a campanha presidencial de Woodrow Wilson. Parte da recompensa foi a nomeação por Wilson de Paul Warburg ao primeiro Federal Reserve Board. A relação simbiótica entre presidentes e banqueiros tem continuado desde então. O mesmo pequeno grupo continua a exercer o poder financeiro.
A carreira de Geithner é ilustrativa. Na década de 1980, Geithner trabalhou para Kissinger Associates. Em meados dos anos 1990, Geithner serviu como secretário do Tesouro adjunto. Sob Rubin e Summers, ele foi promovido a subsecretário do Tesouro.
Do Tesouro ele foi para o Council on Foreign Relations e de lá para o Fundo Monetário Internacional (FMI). De lá, ele foi nomeado presidente do Federal Reserve Bank de Nova York, onde trabalhou para tornar os bancos mais rentáveis, permitindo índices mais elevados de dívida para o capital, contribuindo assim para a crise financeira.
Geithner organizou a venda da fima falida de Wall Street, Bear Stearns, ajudou no salvamento da AIG com dinheiro do contribuinte e rejeitou salvar o Lehman Brothers da falência, a fim de criar a atmosfera de crise necessária para mais completamente subordinar a política econóômica dos EUA às necessidades de poucos grandes bancos.
Rubin, um veterano de 26 anos da Goldman Sachs, foi recompensado pelo Citibank pelo seu serviço aos bancos como secretário do Tesouro com um pacote de 50 milhões de dólares de compensação em 2008 e 126 milhões de dólares entre 1999 e 2009.
Quando uma pessoa se torna um funcionário do Tesouro, é claro que a escolha é entre servir aos bancos e ficar rico ou tentar servir o público e ficar pobre. Poucos fazem a última escolha.
Como Michael Hudson nos informou, o objetivo do setor financeiro sempre foi o de converter toda a renda, dos lucros das empresas às receitas fiscais do governo, para o serviço da dívida. Do ponto de vista dos banqueiros, quanto mais dívidas mais ricos ficam os banqueiros. Rubin, Summers, Paulson, Geithner, e agora o banqueiro secretário do Tesouro, Jack Lew, servem fielmente este objetivo.
O Federal Reserve descreve sua política de quantitative easing - a criação de nova moeda com a qual o Fed compra títulos do Tesouro e títulos lastreados por hipotecas - como uma política de baixas taxas de juros, a fim de estimular o emprego e o crescimento econômico. Os economistas e a mídia financeiros repetiram esta ladainha.
Por outro lado, eu tenho exposto o QE como um esquema para injetar lucros nos bancos e impulsionar seus balanços. O propósito real do QE é fazer subir os preços dos derivativos relacionados à dívida nos balanços dos bancos, mantendo, assim, os bancos com balanços positivos.
Escrevendo no Wall Street Journal (“Confessions of a Quantitative Easer”, 11 de novembro de 2013), Andrew Huszar confirma a minha explicação como correta. Huszar é o funcionário do Federal Reserve que implementou a política de QE. Demitiu-se quando percebeu que os efeitos reais do QE era elevar os preços dos títulos de dívida dos bancos, para fornecer aos bancos trilhões de dólares a custo zero para emprestar e especular, e para fornecer aos bancos “gordas comissões de corretagem da maior parte das transações QE do Fed.
Este vasto golpe permanece desconhecido pelo Congresso e pelo público. Na Conferência de Pesquisa do FMI em 8 de novembro de 2013, o ex-secretário do Tesouro, Larry Summers, apresentou um plano para expandir o golpe.
Summers diz que não é suficiente só dar aos bancos dinheiro sem juros. Mais deve ser feito pelos bancos. Em vez de receberem juros sobre seus depósitos bancários, as pessoas devem ser penalizadas por manter seu dinheiro nos bancos, em vez de gastá-lo.
Para vender este novo esquema extorsivo, Summers veio com uma explicação baseada no keynesianismo cru e desacreditado da década de 1940 que explicava a Grande Depressão como um problema causado pelo excesso de poupança. Em vez de gastar seu dinheiro, as pessoas o esconderam, fazendo, assim, a demanda agregada e emprego caírem.
Summers diz que hoje o problema do excesso de poupança reapareceu. A peça central do seu argumento é “a taxa de juros natural”, definida como a taxa de juro com a qual o pleno emprego é estabelecido pela igualdade de poupança com investimento. Se as pessoas poupam mais do que os investidores investem, o dinheiro poupado não vai encontrar o seu caminho de volta para a economia, e a produção e o emprego cairão.
Summers nota que, apesar de uma taxa real de juros zero, ainda há desemprego substancial. Em outras palavras, nem mesmo uma taxa zero de juros pode reduzir a poupança para o nível de investimento, frustrando, assim, uma recuperação de pleno emprego. Summers conclui que a taxa de juros natural tornou-se negativa e ficou presa abaixo de zero.
Como corrigir isso? A maneira de corrigi-lo, Summers diz, é cobrar das pessoas por poupar dinheiro. Para evitar os encargos, as pessoas iriam gastar o dinheiro, reduzindo, assim, a poupança para o nível de investimento e restaurando o pleno emprego.
Summers reconhece que o problema com a sua solução é que as pessoas tirariam seu dinheiro dos bancos e manteriam em dinheiro vivo. Em outras palavras, a forma do dinheiro em espécie oferece aos consumidores uma liberdade para economizar que mantém o consumo baixo e impede o pleno emprego.
Summers tem uma correção para isso: eliminar a liberdade através da imposição de uma sociedade sem dinheiro, onde o dinheiro é só eletrônico. Como o dinheiro eletrônico não pode ser acumulado com exceção dos depósitos bancários, as penalidades podem ser impostas para forçar a poupança improdutiva em consumo.
O esquema de Summers é, claro, descuidado. Com os governos mantendo enormes déficits, quem iria comprar títulos com taxas de juros negativas? Como os fundos de pensão e aposentadoria iriam operar? Será que eles também estão sujeitos a um confisco anual?
Sabemos que a resposta dos consumidores para o declínio da renda real familiar média a longo prazo, à perda de postos de trabalho pela arbitragem de trabalho através das fronteiras nacionais (exportação de empregos), ao aumento da pobreza, cortes na rede de segurança social, a transformação de postos de trabalho em tempo integral para empregos de meio período (resposta dos empregadores para o Obamacare), tem sido a de reduzir a sua taxa de poupança.
Na verdade, poucos têm alguma economia. A taxa de poupança pessoal dos EUA é atualmente de 2 pontos percentuais, cerca de 30%, abaixo da média de longo prazo. Aposentados, incapazes de ganhar qualquer juro sobre suas economias pela política de taxas de juro zero do Fed, estão sendo obrigados a sacar suas economias, a fim de pagar suas contas.
Além disso, não está claro se a taxa de poupança é uma medida exata ou apenas um residual de outros cálculos. Com tanta gente tendo que sacar suas economias, eu não ficaria surpreso se uma medida precisa mostrasse a taxa de poupança pessoal como negativa.
Mas para Summers a situação do consumidor não é o problema. O problema é o lucro dos bancos. Summers tem a solução e o establishment, incluindo Paul Krugman, o está aplaudindo. Quando a economia despencar oficialmente novamente, fique atento.
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29/11/2013, Paul Craig Roberts – IPE – Institute for Political Economy
The Money Changers Serenade: A New Plot Hatches
Traduzido por João Aroldo
[*] Paul Craig Roberts (nascido em 03 de abril de 1939) é um economista norte-americano, colunista do Creators Syndicate. Serviu como secretário-assistente do Tesouro na administração Reagan e foi destacado como um co-fundador da Reaganomics. Ex-editor e colunista do Wall Street Journal, Business Week e Scripps Howard News Service. Testemunhou perante comissões do Congresso em 30 ocasiões em questões de política econômica.
Durante o século XXI, Roberts tem frequentemente publicado em Counterpunch, escrevendo extensamente sobre os efeitos das administrações Bush (e mais tarde Obama) relacionadas com a guerra contra o terror, que ele diz ter destruído a proteção das liberdades civis dos americanos da Constituição dos EUA, tais como habeas corpus o devido processo legal. Tem tomado posições diferentes de ex-aliados republicanos, opondo-se à guerra contra as drogas e a guerra contra o terror, e criticando as políticas e ações de Israel contra os palestinos. Roberts é um graduado do Instituto de Tecnologia da Geórgia e tem Ph.D. da Universidade de Virginia, pós-graduação na Universidade da Califórnia, Berkeley e na Faculdade de Merton, Oxford University.
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