Especialistas em Marketing concordam que mudanças em larga escala no comportamento social humano começam com novas histórias. Toda cultura tem sua própria criação de narrativas e suas histórias formam seus arranjos institucionais e sua realidade consensual.
Humanos são criaturas sociais; vivendo, por toda parte, em grupos: famílias, bandos nômades, vizinhanças, comunidades, cidades e as atuais nações e corporações globais. Cada um destes grupos, em seu próprio nível, tem sua história, legitimando suas relações de poder, elaboração de regras, divisão de trabalho e níveis de pagamentos e recompensas.
A globalização atual de tecnologia, comunicações de massa, viagens, migrações, mercados e finanças coloca, de novas maneiras, todos estes grupos e histórias juntos e nas atuais familiares colisões. Crenças religiosas adoradas e novas ordens seculares colidem e suas realidades consensuais divergentes desafiam os arranjos institucionais, umas das outras. Velhas histórias perdem seu poder e falham em manter a coerência e a ordem social.
Hoje, estamos vendo o choque destas histórias e culturas e os conflitos que elas criam em todos os países e regiões: desde os levantes da Primavera Árabe ao fundamentalismo nas religiões, manifestações nas ruas, revoltas dos jovens desempregados indignados, até o movimento mundial ” Occupy”. Grupos civis e ONGs denunciam as corporações com seu marketing e sua exploração comercial das comunidades e da natureza. Por toda parte, histórias se confrontam e realidades consensuais se desfazem. Pesquisas revelam que instituições dominantes como igrejas, governos, corporações e até a ciência e a academia não são mais consideradas confiáveis, enquanto que políticos amargam uma baixa reputação. Até os mais inteligentes marketeiros, com suas novas narrativas construídas com todo cuidado, são criticados de “greenwashing”.
Contudo, estes profissionais estão certos: nós humanos, de fato, precisamos de novas histórias – mas, nas sociedades globalizadas de hoje, com 7,5 bilhões de integrantes em nossa família humana no planeta Terra, precisamos de uma nova interpretação abrangente sobre o nosso estágio evolutivo na História.
Claramente, a grande nova história é a da cooperação – superando a velha história da competição. De que outra forma, nós, humanos, poderíamos ter evoluído de bandos nômades, para aldeias assentadas, agricultura, cidades, metrópoles, corporações, nações e acordos e tratados internacionais e as Organização das Nações Unidas? Toda esta evolução foi conduzida pela cooperação, compartilhamento de informação e aceitação mútua de cada história e cultura em crescentes contextos, até finalmente, vermos as primeiras fotos espaciais do nosso pequeno planeta azul.
Assim, nossa nova história é planetária, como nossa espécie dividindo nossa frágil bioesfera com 130 milhões de outras espécies em co-evolução, todos vivendo do fluxo diário de fótons de nossa estrela mãe, o Sol. Nossa crescente compreensão da verdadeira condição neste planeta é agora chave para nossa sobrevivência. A A concorrência ainda é importante para expulsar velhos hábitos disfuncionais, romper velhas tecnologias e velhas histórias, que retêm novos conhecimentos, criatividade e novas gerações, que herdarão e mudarão as nossas sociedades. Assim, a nova história é sobre a liberação de potenciais humanos, nossos direitos e responsabilidades como descrito na Carta da Terra.
A nova história é sobre a grande transição da industrialização inicial, alimentada por escavar da nossa Terra os combustíveis fósseis, urânio e outros minerais, para o olhar para cima e aprender a usar a chuva diária solar gratuita de fótons, como matriz energética de nossas sociedades. Esta nova história é a deste excesso colossal de energia – mais do que nós jamais necessitaremos – e de aprender – como as plantas inventaram a fotossíntese para utilizar os fótons em suas folhas verdes – a obter assim toda a nossa comida.
A nova história é sobre como o planeta funciona com esses fótons capturados em sua atmosfera, oceanos, terra e diversas formas biológicas de vida. Vemos como o calor captado do Sol é distribuído ao longo de correntes oceânicas e pelos sistemas climáticos, através dos relatórios diários dos satélites da NASA, em órbita da Terra.
A nova história é sobre o avanço do conhecimento humano e a transição para as crescentes tecnologias atuais de eficiência no uso de água, dos materiais e de energia, com base nos princípios da vida, que nos trouxeram, com êxito, até esta nova etapa na evolução humana. A nova história é sobre como o crescimento das tecnologias de energia solar, eólica, das ondas, dos rios e geotérmica, combinado com novos métodos de produção e montagem, está agora tomando à frente e interrompendo antigas indústrias poluentes insustentáveis. Essa nova história é sobre a política desta nova Era Solar, emergindo em cada país e expressa na Cúpula Rio +20 da ONU, onde 191 países se comprometeram a acelerar o progresso em direção a economias mais verdes sustentáveis, inclusivas e justas.
Os publicitários estão agora ajudando a contar a nova história em muitas campanhas novas, tanto para fins lucrativos e empresariais, quanto para grupos civis sem fins lucrativos e organizações não governamentais. Muitas destas campanhas receberam os Prémios EthicMark ® de Publicidade Fortalecedora de Potenciais para o Futuro da Humanidade.
A nova história também está revelando o segredo de longa data de que as antigas estruturas patriarcais estão falhando, na medida em que vemos o pífio suporte aos seus políticos e líderes empresariais. Ainda com base na competição, eles tentam comandar e controlar, retendo informações e os mistérios da criação de dinheiro e da concessão de crédito em seu cassino global. Vemos agora o fracasso da economia patriarcal que ignora o trabalho não remunerado das mulheres nos lares, a criação dos filhos e os cuidados com os idosos e as comunidades, considerando-os como atividades “não econômicas”.
A nova história é sobre reequilibrar os papéis masculinos e femininos. As avós exercem o poder em muitas culturas e, muitas vezes, contam histórias mais relevantes sobre os seres humanos e nosso lugar na biosfera, do que os chamados líderes de hoje na política e nos negócios. A nova história é sobre as mulheres se tornando líderes, após 6.000 anos de patriarcado. Não mais líderes nos bastidores, em meio ao teatro Kabuki de seus parceiros masculinos, ou às conversas manipuladoras na cama e o papel de adoráveis subordinadas. Hoje as mulheres estão perdendo o medo antigo de serem menos dignas de amor ao liderar. Os tempos exigem que as mulheres dêem as caras, assumam o comando quando claramente necessárias e escrevam o resto da nova história: ousando cuidar, curar e nutrir o nascimento da próxima fase da história humana, como cidadãos planetários.
* Hazel Henderson é presidente do Ethical Markets Media (Estados Unidos e Brasil) e criadora do Green Transition Scoreboard.
- por Hazel Henderson*