As creches e as pré-escolas da rede pública ganharam mais um instrumento para garantir uma educação de qualidade para as crianças de até 6 anos. Foi lançado o caderno "Indicadores da Qualidade na Educação Infantil", um documento que está disponível gratuitamente para que as instituições promovam autoavaliações sobre o todo o processo de ensino-aprendizagem, incluindo temas como saúde, nutrição, família, comportamento, entre outros.
Elaborado em conjunto pelo Ministério da Educação, Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), a Ação Educativa e a Fundação Orsa, o documento, com 62 páginas, oferece os fundamentos da educação infantil e um roteiro de como professores, diretores, servidores das escolas e a comunidade devem proceder a autoavaliação.
A idéia dos
organizadores é de que a qualidade da educação é um conceito amplo, que envolve
muitos aspectos, desde o aprendizado, passando pelas condições do prédio e das
salas, até as relações entre as crianças, dos adultos com as crianças, e da
instituição com as famílias.
A coordenadora-geral de educação infantil da
Secretaria de Educação Básica do MEC, Rita Coelho, disse que o objetivo é
incentivar as escolas a construir uma cultura e um compromisso com a qualidade
usando a autoavaliação como ferramenta. “Não é para fiscalizar, não é para
medir, não é para comparar”, disse ela ao site do ministério.
O caderno
propõe a organização de sete grupos formados pela escola e a comunidade para
analisar cada parte do questionário: planejamento institucional; multiplicidade
de linguagens e experiências (formas de a criança conhecer e experimentar o
mundo e se expressar); interações (espaço coletivo de convivência e respeito);
promoção da saúde; espaços, materiais e mobiliários; formação e condições de
trabalho dos professores e demais profissionais; relação de troca e cooperação
com as famílias e participação na rede de proteção social.
Para cada
indicador de qualidade, o documento sugere que os grupos atribuam cores: verde,
se a situação é boa; amarela, se é média; e vermelha, se é ruim ou não
existe.
Depois, cada grupo leva seu resultado para uma reunião formada
por todos os grupos e, a partir disso, identifica-se os problemas prioritários e
organiza-se um plano de ação.
Veja alguns exemplos de perguntas contidas
na publicação, selecionados pela ong Ação Educativa:
- As professoras
incentivam as crianças a escolher brincadeiras, brinquedos e materiais? A
resposta a esta pergunta pode indicar se as crianças constroem autonomia nesta
pré-escola. - Há intervenção quando há conflitos entre uma criança que faz uso
de apelidos e brincadeiras que humilhem outra criança? Isso pode indicar se
existe ou não respeito à dignidade das crianças.
- A instituição dispõe
de um cardápio nutricional rico e variado? Respondendo coletivamente a esta
pergunta será avaliada a promoção da saúde.
- Em caso de atendimento à
população do campo, quilombolas, indígenas e ribeirinhos, a instituição respeita
a identidade dessas populações, seus saberes e necessidades específicas? Isso
indica a participação da instituição de ensino na rede de proteção social da
criança.
A publicação contem também um “saiba mais” com leis, indicações
bibliográficas, referencia à outros documentos, explicações de termos usados na
área da educação, entre outros.
O Ministério da Educação vai imprimir 300
mil exemplares do caderno e enviar um para cada turma da educação infantil.
Segundo o Censo Escolar de 2008, quase 5 milhões de crianças com até 6 anos
estão em creches e pré-escolas públicas.
Para ter acesso aos Indicadores
da Qualidade na Educação Infantil, clique em www.acaoeducativa.org.br/portal/images/stories/geral/indicadoresedinfantil.pdf
(Envolverde/Rede Gife)