Existem acordos internacionais que proíbem tortura, assassinatos a sangue frio, estupros, todos esses ingredientes que caracterizam boa parte das forças armadas em todo o mundo e isso em tempo de guerras. A Convenção de Genebra, invocada pelos aliados à época da 2ª Grande Guerra.
Não impediu as crueldades do nazismo, como não impede hoje do sionismo, mas serviu em dados momentos para evitar que atingissem patamares mais horrorizantes que os conhecemos.
Não há a tal honra que os militares tanto gostam de citar na tortura, nas prisões ilegais, nos assassinatos de indefesos, nos estupros, nos seqüestros. Isso se chama estupidez e o que as forças armadas brasileiras ainda não perceberam é que o respeito se adquire se fazendo respeitar, ou seja, exibindo para além de notas oficiais a verdade.
Lugar de torturador é na cadeia. Como de corrupto. Imaginar que a corrupção fosse menor na ditadura é esquecer Roberto Campos, Delfim Neto e outros mais.
O assassinato de um coronel ligado ao DOI/CODI, centro de barbáries do regime militar, permitiu que fossem descobertos documentos que comprovam que o ex-deputado Rubens Paiva, desaparecido desde 1971, foi preso e assassinado por golpistas torturadores.
Não honram nenhuma força armada em lugar nenhum do mundo, não têm patriotismo algum nesse procedimento boçal e o lugar de figuras como Brlhante Ustra é na cadeia.
Só assim as forças armadas brasileiras estarão se reconciliando com a Nação e deixando de lado as mentiras que surgem de tempos em tempos para ocultar a ação criminosa dos torturadores, assassinos e estupradores.
Nesta mesma semana se tomou conhecimento que toda uma complexa e mentirosa operação foi montada para proteger os envolvidos no atentado do Riocentro, concebido para "culpar" os comunistas e evitar a volta do País a um processo democrático, isso no governo do ex-ditador João Figueiredo.
Os criminosos continuam soltos, lépidos, fagueiros e garantidos na impunidade gerada pela covardia da mentira dos que deviam ser valente, ou pelo menos gostam de assim se proclamar, como se valentia fosse tortura, fosse assassinato, fosse seqüestro, fosse estupro.
São apenas golpistas e traidores, pois agiram sob comando externo e voltado para interesses externos. Um embaixador e um general norte-americano comandaram o golpe de 1964, contando inclusive com o apoio da extinta IV Frota, que à época se manteve a uma "prudente" distância, mas pronta para intervir em caso de necessidade. O fato está em documentos do governo dos EUA e foi revelado no Brasil pelo jornalista Marcos Sá Corrêa, no extinto JORNAL DO BRASIL.
A descoberta de documentos que comprovam que Rubens Paiva foi seqüestrado por militares do DOI/CODI, torturado de forma violenta e brutal e por não suportar essa violência e essa brutalidade veio a falecer, mostra o tamanho da covardia dos que hoje se escondem atrás da anistia.
A reação ao regime militar era legal, era moral, era necessária, pois se tratou de um golpe contra as instituições democráticas.
Não havia guerra como a concebe o conceito mais elementar de guerra, mas ação golpista e bárbara de covardes que traíram seu País para garantir interesses internacionais e hoje permanecem impunes.
O governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro entregou à filha de Rubens Paiva documentos que serão enviados à Comissão da Verdade, para que se possa definir com clareza e esclarecer aos brasileiros e a família, o tamanho da covardia dos tais patriotas.
Da mesma forma a Comissão da Verdade tem o dever de investigar e com certeza vai fazê-lo, tudo o que foi montado para tornar a apuração ao atentado do Riocentro numa farsa que encobriu outra covardia que, se concretizada teria custado centenas, talvez milhares de vida e mergulhado o País, de novo, nas trevas da boçalidade dessa gente.
Noutra ponta desse novelo urge que o Congresso Nacional tenha o mínimo de compromisso com a História e reveja a lei da anistia permitindo que, como acontece na Argentina e no Chile (onde ditaduras sanguinárias como a daqui aconteceram), esse tipo de gente, figuras pusilânimes, seja punida e se revele toda a verdade de um golpe de estado dado por militares que muitas vezes torturaram e mataram seus próprios colegas de farda, no afã de assegurar o controle do Brasil para potência e empresas estrangeiras.
Não há que se temer a reação dos militares, pois ou são valentes no sentido de admitir a culpa, ou vão permanecer com essa mancha por todo o tempo, escondendo a verdade e debaixo da saia da anistia que eles próprios prepararam.
Esses fatos dão à Comissão da Verdade instrumentos, documentos necessários para por as cartas à mesa e mostrar a noite sombria que foi 1964, o golpe que derrubou o presidente João Goulart.
O que se espera é que a presidente Dilma, ela própria vítima de tortura, não ceda a pressões e tente segurar as investigações, tantas são as surpresas negativas que o atual governo tem proporcionado aos brasileiros.
Rubens Paiva presente!