Joaquim Barbosa vive dias de estrela. É manchete em jornais, objeto de loas em revistas da mídia de mercado, aparece e fala quase todos os dias nas principais redes de tevê do País e não se faz de rogado quando sua opinião é solicitada.
Tem fama de mal humorado. É atribuída a um problema crônica na coluna e a dores atrozes que isso provoca.
Marco Aurélio Mello é hoje um dos aliados de Barbosa no relatório que esse proferiu no processo do mensalão.
É prodigiosa a pressa do STF em definir situações de figuras ligadas ao PT, ao governo Lula ou ao governo Dilma. É impressionante a omissão diante dos escândalos do governo de Fernando Henrique, o principal deles o golpe branco da reeleição.
A histórica omissão dos procuradores ao longo desse período.
Uma rápida olhadela sobre o Brasil de hoje e não fica difícil perceber que há em marcha um golpe branco para amordaçar os que pretendem que esse País cumpra um destino histórico de ser justo com seu povo.
A violência em São Paulo. A mídia de mercado sob controle de poucas famílias e todas ligadas ao capital internacional. Medíocres nos seus disfarces e dissimulações. A transformação do Brasil num País com soberania limitada, algo como um entreposto dos grandes grupos que controlam o processo de globalização, o que chamam de nova ordem política e econômica.
Vivemos a plena sociedade do espetáculo nos imaginando imensos como a nossa extensão territorial, sem percebermos que somos cada vez menores.
Índios são massacrados, índias são estupradas. Camponeses são reprimidos por polícia e pistoleiros do latifúndio. Cada vez é maior a desnacionalização do capital de nossas empresas e nossa dependência tecnológica. Abrimos mão de caminhar por nossas próprias pernas.
Há todo um complexo a criar essa sensação. Desde a mídia de mercado até a repressão contra trabalhadores e a completa desmoralização dos três poderes. É fácil manter banqueiros criminosos soltos, especuladores soltos, médicos estupradores soltos, como é fácil prender líderes que podem ser incômodos, tanto quanto mais difícil apurar os escândalos que envolvem governos anteriores ao de Lula.
Lula lembra aquele cidadão distraído que vai andando pela selva na suposição que o tigre está longe e acaba caindo na armadilha montada por caçadores do que supõe ser o grupo de seu próprio safári.
Suas alianças políticas colocaram o seu partido na situação que vive. A candidata que escolheu, por sua vez, escolheu o caminho do neoliberalismo mais descarado, incluindo privatizações que chama de concessões e os vários acordos que fez, um e outro, aumentaram a desordem só aparente, porque ordenada num jogo sórdido que faz do Brasil parte de um projeto chamado GRANDE COLÔMBIA, o substituto da ALCA - Aliança de Livre Comércio das Américas.
O futuro?
Estamos à beira de uma crise econômica semelhante à que vivem países como Espanha, Grécia, Portugal, Itália, de um modo geral a União Européia. O programa Bolsa Família não será suficiente para sustentar o governo em seu projeto de trazer Lula de volta, ou reeleger Dilma.
Caímos na roda viva do neoliberalismo e só a recuperação dos movimentos sociais, o combate direto por mudanças estruturais será capaz de reverter esse caminho.
E são muitas as dificuldades a começar pela falência quase absoluta do movimento sindical, hoje com caráter puramente assistencialista.
Não há avanços no projeto de democratização dos meios de comunicação. Não há avanços na reforma agrária, pelo contrário. É visível o desmanche dos serviços públicos até na forma de se expressar da presidente da República, o que significa dizer que são postergados os direitos da classe trabalhadora.
Está estampado em rostos do governo, malgrado o empenho de alguns, o medo de enfrentar o passado e expor as vísceras da ditadura militar e todo o seu caráter bárbaro e perverso.
A revanche está se transformando em realidade, mas é o contrário do que dizem. É a revanche dos donos, sem que nunca tenham sido de fato ameaçados. Pura prevenção.
Estamos à mercê de uma desordem ordenada, organizada, deliberada.
E de um governo tonto que não percebe a profundidade do abismo.
O que é a violência em São Paulo? A de policiais militares eliminando pessoas, se sobrepondo à lei. De favelas incendiadas para beneficiar a especulação imobiliária. De Pinheirinhos manifestação do crime organizado envolvendo desde governos federal e estadual, judiciário e especuladores. Da farsa da pacificação das favelas no Rio de Janeiro.
Todos à espera da Copa do Mundo em 2014 e das Olimpíadas em 2016 como se esses números e acontecimentos possam ser mágicos e possam continuar a tapar o sol com a peneira.
Somos uma sociedade que nos mínimos gestos e atitudes absorvemos a hipocrisia puritana do mundo dos donos.
Na missa de corpo presente do ator e diretor Marcos Paulo o padre celebrante desconsiderou sua última companheira por não ser "esposa" segundo os "sagrados" laços do matrimônio.
Somos um País onde pontificam Edir Macedo, Marcelo Rossi, José Sarney, Joaquim Barbosa, Gilmar Mendes, Dilma Roussef, Lula, FHC, um tanto de gente assim, ou corruptos, ou medíocres e um País assim não pode se transformar numa grande nação.
É hora de acordar e reagir.