EX-PRESIDENTE DA UNE CHAMA A POLÍCIA CONTRA ESTUDANTES

 

“Hoje o samba saiu, lá lalaiá, procurando você
Quem te viu, quem te vê
Quem não a conhece não pode mais ver pra crer
Quem jamais esquece não pode reconhecer”

(Chico Buarque, “Quem Te Viu, Quem Te Vê”)

Termine como terminar a ocupação da reitoria da Universidade de São Paulo por estudantes indignados com uma possível quebra da autonomia da instituição, o grande perdedor, claro, é o governador José Serra, que começou sua trajetória política como presidente da União Nacional dos Estudantes e agora repete as práticas autoritárias do ministro da Educação da ditadura, Jarbas Passarinho. Faz lembrar a propaganda contra armas que eu via nos ônibus quando criança: “hoje mocinho, amanhã bandido”.
Depois que o estado de direito foi restabelecido no Brasil, a atitude de tratar protestos justificados como caso de polícia parecia estar destinada à lata de lixo da História (bem como, aliás, quase todo o “legado” do regime militar). Foi estarrecedora a decisão de Serra, de erigir a Polícia Militar em sua “negociadora” com os estudantes.
É mais uma personalidade empenhada em incinerar seu currículo, talvez até como forma de se tornar palatável para os inimigos de ontem. Afinal, é assim que agem alguns homens de esquerda quando colocam a Presidência da República como seu objetivo supremo...
Os estudantes ocuparam a reitoria no último dia 3, reagindo a um decreto promulgado pelo Governo do Estado que altera a estrutura das universidades públicas estaduais. O educador Antonio Carlos Robert Moraes critica a medida sob vários ângulos:
· não constava do programa de governo de Serra, nem foi levantada em sua campanha eleitoral;
· não houve discussões prévias com a comunidade uspiana;
· sua necessidade para aprimoramento do ensino é das mais discutíveis no caso da USP, que estava mantendo a excelência de sua produção acadêmica e vinha expandindo vagas;
· além de aparentemente desnecessário, o decreto continha graves lacunas e imprecisões, só sanadas com as alterações efetuadas depois da promulgação.
Se um eminente professor como Moraes reclama que a “Universidade de São Paulo não pode ser colocada na ‘bacia das almas’ do jogo de interesses mercantis, partidários ou político-eleitorais”, é fácil imaginar como tudo isso repercutiu entre os estudantes.
Serra, mais do que qualquer outro, tem a obrigação de saber que a tradição da USP é de resistir a imposições autoritárias. Deveria ter revogado o decreto e aberto a discussão. Em vez disso, preferiu enfiá-lo pela goela dos professores e alunos adentro. Será o grande responsável por tudo de mau que vier a acontecer.

* jornalista e escritor. Mais artigos em http://celsolungaretti-orebate.blogspot.com/

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