CANALHA

"É uma dor canalha
Que te dilacera
É um grito que se espalha
Também pudera
Não tarda nem falha
Apenas te espera"
("Canalha", Walter Franco)


O presidente da Vale, Roger Agnelli, defendeu recentemente a volta à ditadura, pelo menos na economia. Trata-se do remédio que ele propõe para a crise cíclica capitalista em curso: "Olha, estamos vivendo uma situação de exceção. Para lidar com ela, precisamos tomar medidas de exceção"

Deu o exemplo, demitindo 1,3 mil funcionários, colocando 5,5 mil em férias coletivas e desativando algumas minas.

Evidentemente, poderia ter deixado essas medidas para janeiro, evitando estragar o Natal de 6,8 mil seres humanos. Mas, preferiu iniciar o quanto antes as pressões para arrancar concessões e regalias do Governo. A chantagem empresarial tem preferência sobre o bem-estar dos funcionários.

Interlocutor assíduo do presidente Lula, ele tem sugerido iniciativas "no sentido de flexibilizar um pouco as leis trabalhistas".

Ciente do fedor pestilento que sua posição exala, Agnelli tenta dourar a pílula: "Seria algo temporário, para ajudar a ganhar tempo enquanto essa fase difícil não passa".

O que ele propõe, afinal? "Suspensão de contrato de trabalho, redução da jornada com redução de salário, coisas assim..."

Na noite de Natal, vi um exemplo de onde os Agnellis da vida nos querem conduzir.

Hóspede do meu sogro num prédio de apartamentos de Praia Grande (SP), ficamos sabendo que todos os serviçais, terceirizados, não haviam recebido o salário de novembro, nem a 2ª parcela do 13º salário, apesar do condomínio estar com as contas em dia.

Para o pobre porteiro que nos ajudava a armar o cenário para a ceia comum dos condôminos, não haveria Natal. Papai Noel não passaria em sua casa. O almoço seria o de sempre, depois do exaustivo plantão da véspera.

E os Agnellis querem que os pobres trabalhadores sejam mais sacrificados ainda, pagando a conta da recessão que não causaram.

Não sei por que, não me sai da cabeça uma composição do criativo Walter Franco: "Canalha".
 
Principalmente o trecho em que o título/estribilho era berrado pelo intérprete e amplificado pelo técnico de som, dando a impressão de que milhares de vozes, em uníssono, estavam a gritar: canalha!


O autor, Celso Lungaretti, é jornalista e escritor. Mantém os blogs
http://celsolungaretti-orebate.blogspot.com
http://naufrago-da-utopia.blogspot.com

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