O PT marcha para as eleições de domingo coligado ao PSDB em 1.095 deles (19,7%).
Ao DEM, em 957 cidades (17,2%).
E ao PPS, em 1.129 (20,3%).
Ou seja, em 3.181 municípios brasileiros (57,2%), o PT selou alianças com um dos principais partidos de oposição: os tucanos, os democratas ou o satélite de ambos.
Mais da metade das cidades do País já vive a era dos partidos indiferenciados: são todos farinha do mesmo saco.
Esta é outra explicação para a popularidade-recorde de Lula. Quando os partidos nada mais significam, os cidadãos apostam todas as suas esperanças em pessoas.
Seria interessante fazerem outra pesquisa de opinião, que aferisse a popularidade do PT. Com certeza, não atingiria nem a metade da lulesca.
Mas, homens providenciais morrem ou desabam do pedestal. E, quando isto acontece, nada deixam atrás de si, além de um povo órfão.
Partidos têm vida longa. Cabe-lhes manter a continuidade da luta por bandeiras históricas.
Quando se tornam gelatinosos, como os brasileiros, implodem as pontes entre passado, presente e futuro.
Aqui não há partidos no sentido tradicional do termo, com posturas ideológicas definidas e diferenciadas.
Há apenas o partido dos que estão no poder e tudo fazem para não deixarem entrar os que estão fora do poder, pois querem conservar as benesses do poder apenas para si.
E o partido dos que estão fora do poder e tudo fazem para terem acesso ao poder e suas benesses.
Hoje, a única referência que ainda imanta o povo brasileiro é um sexagenário.
Adiante, uma incógnita.
E os justificados temores de que estejamos decaindo sem nunca termos atingido o apogeu.
* Celso Lungaretti, 58 anos, é jornalista e escritor. Mantém os blogs O Rebate, em que disponibiliza textos destinados a público mais amplo; e Náufrago da Utopia, no qual comenta os últimos acontecimentos.
http://celsolungaretti-orebate.blogspot.com/
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