3º MANDATO: UM SALTO NO ESCURO

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem uma grande chance de melhorar a imagem que deixará para a História, não cedendo à tentação de favorecer as tramóias dos áulicos para propiciar-lhe um terceiro mandato consecutivo.

Infelizmente, tudo indica que, escolhida a pior linha de ação, o Congresso Nacional não vai cumprir sua missão de defender a letra da Constituição (art 14, § 5º: “O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único período subseqüente”). Depois das barganhas de praxe, deverá adotar a posição de sempre, vergando-se à vontade do Executivo.

Então, Lula é quem decidirá, em última análise, se compensa atirar o Brasil numa aventura de conseqüências imprevisíveis ou mais vale esperar até 2014, correndo o risco de ver seu objetivo esfumar-se, como aconteceu com FHC.

O que pesará mais em seus cálculos: o interesse nacional ou a ambição pessoal?

O certo é que, nos países com dimensões continentais e economia diversificada, a permanência indefinida de um mandatário no poder não transcorre tão automaticamente quanto em ilhas ou em pequenas nações que sobrevivem à custa de um único item de exportação.

O último exemplo bem-sucedido de hegemonia eternizada graças ao controle da máquina pública, da cooptação dos adversários por meio da corrupção e da conquista do eleitorado com as migalhas do assistencialismo foram os 71 anos em que o Partido Revolucionário Institucional dominou o México.

Emblematicamente, a chamada  ditadura perfeita  do PRI – pois a monopolização do poder coexistia com o pluripartidarismo e as eleições – não adentrou o século 21.

Por provir de casuísmos e representar uma mudança de regras com o jogo em curso, um terceiro mandato de Lula seria extremamente contestado por forças políticas à direita e também à esquerda.

Já é perceptível, hoje, o esvaziamento da centro-direita e da esquerda palaciana. Este processo tenderia a acentuar-se, colocando o Governo e seus aliados de aluguel sob o fogo cruzado de agrupamentos com mais firmeza ideológica.

O grande perigo é uma polarização entre direita e esquerda, como nos idos de 1964. Por enquanto, o grande capital e os EUA, tendo seus interesses bem servidos pelo Governo atual, não estimulam as conspirações dos que estão  cansados  da democracia.

Mas, se a radicalização chegar a um ponto em que se vejam obrigados a optar, os poderosos novamente retirarão as focinheiras dos  seus  pitbulls.

Um confronto desses sempre poderá acabar mal para milhões de brasileiros. Já a obediência ao princípio democrático de alternância no poder só aterroriza, realmente, alguns milhares de  parasiteiros  que têm boquinhas no poder e temem perde-las.

Torçamos para que Lula não ceda ao canto dessas sereias que, como as mitológicas, tramam a perdição. Dele, nossa ou de todos.

* Celso Lungaretti é jornalista e escritor. Mais artigos em http://celsolungaretti-orebate.blogspot.com/

publicidade
publicidade
Crochelandia

Blogs dos Colunistas

-
Ana
Kaye
Rio de Janeiro
-
Andrei
Bastos
Rio de Janeiro - RJ
-
Carolina
Faria
São Paulo - SP
-
Celso
Lungaretti
São Paulo - SP
-
Cristiane
Visentin

Nova Iorque - USA
-
Daniele
Rodrigues

Macaé - RJ
-
Denise
Dalmacchio
Vila Velha - ES
-
Doroty
Dimolitsas
Sena Madureira - AC
-
Eduardo
Ritter

Porto Alegre - RS
.
Elisio
Peixoto

São Caetano do Sul - SP
.
Francisco
Castro

Barueri - SP
.
Jaqueline
Serávia

Rio das Ostras - RJ
.
Jorge
Hori
São Paulo - SP
.
Jorge
Hessen
Brasília - DF
.
José
Milbs
Macaé - RJ
.
Lourdes
Limeira

João Pessoa - PB
.
Luiz Zatar
Tabajara

Niterói - RJ
.
Marcelo
Sguassabia

Campinas - SP
.
Marta
Peres

Minas Gerais
.
Miriam
Zelikowski

São Paulo - SP
.
Monica
Braga

Macaé - RJ
roney
Roney
Moraes

Cachoeiro - ES
roney
Sandra
Almeida

Cacoal - RO
roney
Soninha
Porto

Cruz Alta - RS