Pois bem, antes mesmo de assumir o segundo mandato, e sem consultar a vaca, a gerentona Dilma desferiu duríssimos golpes nos já combalidos direitos trabalhistas e previdenciários. Com tais medidas, arrocha brutalmente o acesso ao seguro desemprego, atropela a pensão de viúvas e viúvos, impõe a quebra das micro, pequenas e médias empresas com a obrigação de assumirem 30 dias de salário dos afastados por doenças, reduz os abonos do PIS etc. E isto, em meio de inevitáveis racionamentos de energia elétrica e de água, que dará pesado golpe a mais às mesmas micro, pequenas e médias empresas que empregam dezenas de milhões de brasileiros. Tudo de uma só vez e com os auspícios das pelegas centrais sindicais, que, conluiadas entre si e com a gerência de turno do velho Estado, farão costumeiras encenações contra as medidas, ao estilo do recente “protesto” da Força Sindical.
Associados a esse ataque aos direitos dos trabalhadores, se abateram o aumento dos juros do crédito imobiliário, aumentos sucessivos da taxa básica de juros Selic (a maior do mundo), cortes substantivos nos orçamentos (principalmente da educação e saúde), aumento escandaloso de tarifas de energia elétrica e transporte público e, por último, uma alta geral de impostos sobre combustíveis, transações financeiras e importações.
A oposição emasculada alardeia “estelionato eleitoral” de Dilma, talvez inconsolável com a apropriação de seu próprio pacotaço pela equipe do oportunismo eleitoreiro. Na realidade, tais medidas antipovo já vinham sendo tramadas desde muito antes da farsa eleitoral, mas não podiam ser reveladas sob pena de fracasso nas urnas. O que vem à luz — e vínhamos denunciando isto sistematicamente nas páginas do AND — é decorrente do que vieram fazendo a mando do capital financeiro, do imperialismo, da grande burguesia e dos latifundiários. Agora o que se vê é a política de terra arrasada que esses mesmos oportunistas juraram que quem ia fazer era o PSDB.
O fato é que a crise é cada vez mais indisfarçável. Ela não começou por causa da crise mundial do imperialismo, isto só a agravou, tangida pelas mentiras do gerenciamento petista. A balança comercial, mesmo com todas as manobras e maquiagens de praxe, fechou no vermelho em quase US$ 4 bilhões. A dívida pública subiu 8,15%, chegando a inimagináveis R$ 2,19 trilhões, e que sobe puxada pela maior taxa de juros do mundo.
O índice de inflação, uma fraude oficial, ultrapassou o “teto da meta” (eufemismo criado para, a exemplo dos institutos de pesquisa, haver uma “margem de erro” nas estatísticas oficiais) e o achatamento de salários e pensões, uma realidade desde antes do gerenciamento petista, só se agrava.
A indústria demite e nas cidades do interior o comércio já dá sinais de estrangulamento.
As centrais sindicais pelegas e governistas se venderam e traíram descaradamente as classes trabalhadoras, não dão um pio, são cúmplices e também aplicadoras dessas medidas antipovo. E, diante da crise inevitável, estes heróis da empulhação já preparam suas capitulacionistas negociações por “manutenção dos empregos” a qualquer preço, a de sempre “diminuição de salários”.
Aos renitentes do “voto crítico”, Dilma e o PT continuam alimentando com surrados cantos de sereia (como sempre) de “mudanças”, “democratização da mídia”, “imposto sobre fortunas” e a bendita “reforma política”, desde sempre repetidas à exaustão para conjurar o perigo da revolta popular toda vez que a crise ameaça ao afundamento geral.
Quando se chega a situações como para a qual se avança a grandes passadas, é que a repressão mais brutal e genocida se converte na única medida que une todas as classes exploradoras, bem como todos reacionários para salvarem-se de sua hecatombe, independente de quem seja o gerente de turno, no caso da vez, o grande enganador PT. Isso a história política de nosso país já atestou diversas vezes, e cobrando de forma tão cara do nosso povo.
Mas Dilma insiste olimpicamente com sua vitória eleitoral de Pirro e sacou a última novidade da empulhação. Sob a batuta do senhor Levy, preposto do capital financeiro, ela promete fazer uma “evolução na educação”. Haja cinismo! Dos escombros da economia nacional ela levanta, com ufanismo semicolonial, já em seu discurso de posse, a legenda fascista de “Pátria Educadora”!
Adernando no “mar de lama”, a vestal da ética na política, quem diria, morreu no Irajá.
O triste fracasso para onde vai se afundando irreversivelmente o PT, campeão da “moral” e da “ética na política”, e seus pulgões PCdoB e outros, não passaria de jocosa mediocridade trosko-sindicalera (eles merecem), não fossem tão trágicas suas consequências. Mas as massas populares só podem aprender o caminho de sua libertação pelas vias concretas de suas próprias tragédias.
As organizações classistas, populares e revolucionárias devem mais que nunca levantar alto suas bandeiras de luta para rechaçar de forma contundente toda esta arquiconhecida cantilena dos gerentes de turno deste velho e decrépito Estado de grandes burgueses e latifundiários serviçais do imperialismo. Devem erguer alto a bandeira do levantamento geral dos camponeses pobres pela tomada de todos os latifúndios e da preparação da greve geral de duração indefinida, da mobilização dos micro, pequenos e médios empresários e da rebelião da juventude combatente, unindo todos em torno do programa de reivindicações imediatas de defesa dos direitos do povo trabalhador da cidade e do campo.
À panaceia cosmética da enganosa “reforma política”, cuja defesa une toda a reação, como também os partidos da “esquerda” eleitoreira, os verdadeiros lutadores do povo devem contrapor, propagandear, agitar e preparar as ações saneadoras e estremecedoras da Revolução democrática- agrária-anti-imperialista.