Gilmar Mendes é uma figura hedionda e desmoraliza a Judiciário, já suficientemente desmoralizado no seu todo, a despeito do esforço de um ou outro juiz, desembargador, ou ministro.
A entrevista que concedeu ao jornal FOLHA DE SÃO PAULO, edição de três de novembro, quando afirma temer que o STF vire um instrumento “bolivariano” é um primor de desfaçatez e se insere dentro do contexto golpista que marca o País desde a reeleição de Dilma Roussef.
Quando Fernando Henrique, que o indicou para a suprema corte, comunicou o fato a Antônio Carlos Magalhães, foi informado pelo cacique baiano que a aprovação seria difícil pelo Senado, pois havia muita corrupção envolvendo Gilmar.
O propósito era esse. Indicar alguém de confiança para que os escândalos tucanos ficassem a salvo e com as características de bandoleiro do ministro, ameaças constantes viessem a público, revestidas de “preocupação digna”, de um homem que, segundo Joaquim Barbosa (antes de ganhar o apartamento em Miami) “vivia cercado de capangas”.
Gilmar não só cumpre a tarefa com incrível desvelo, como garante a impunidade de sócios do esquema tucano nos oito anos de FHC a adendos, caso do médico paulista que estuprou centenas de mulheres.
É o ponta de lança do time do golpe. Um golpe não significa, necessariamente, derrubar um presidente da República, aqui o caso de uma presidente, mas criar dificuldades de tal ordem que o caos favorece a volta ao poder nas próximas eleições aos que venderam o Brasil.
Quando presidente da República, Itamar Franco afastou Henrique Hargreaves da Chefia da Casa Civil, ao serem levantadas denúncias de corrupção. Correu o inquérito e nada foi provado. Hargreaves voltou ao cargo e anos depois foi secretário de Governo de Itamar em Minas Gerais.
Gilmar Mendes, com várias denúncias de corrupção, teria que ser afastado do STF até que fossem ou sejam apuradas. Se provadas rua e cadeia, caso contrário volta. Difícil isso. Cada paralelepípedo dos que ainda existem, como diria Nelson Rodrigues, sabem do procedimento corrupto e intimidador do ministro.
Sua entrevista foi um dos piores momentos da mídia brasileira, pois transparecendo a preocupação, traz embutido o casuísmo da aposentadoria aos 75 anos (atualmente é aos 70), na tentativa de impedir que Dilma indique ministros ao STF. Há um projeto nesse sentido no Congresso e há a pressão da mídia, temerosa da regulamentação de seu papel e consequente democratização.
É parte de um todo e coube a ele dar a ponta pé inicial e mais essa jogada suja, como foi ele quem informou a Aécio que o tucano havia vencido a eleição, quebrando normais estabelecidas dentro do local de totalização dos votos, pelo ministro presidente Dias Tófoli.
Essa ponta de lança de Gilmar Mendes fere a democracia, ameaça as instituições e jogo o STF numa vala imunda onde o odor fétido do golpe e sentido a distância.
É hora de colocar fim a toda essa arrogância corrupta do ministro. O tal que emprega jornalistas da GLOBO.
- Laerte Braga
- Editorial