...que simpatizou com o recém-lançado Movimento dos Sem-Mídia
e o estava divulgando na sua rede virtual.
Velho companheiro de tantas lutas,
precisamos avaliar os acontecimentos com o que antigamente era chamado de "distanciamento crítico", sob pena de causarmos grandes danos à cidadania e aos nossos próprios ideais.
Os petistas têm todo direito de se posicionarem contra a imprensa quando ela estiver errada, mas não é nem de longe o caso do julgamento dos envolvidos no escândalo dito do mensalão.
Essa promiscuidade de recursos públicos com interesses particulares e o tráfico de influência vêm de longe no Brasil, mas o fato é que esses companheiros jamais deveriam ter comprometido sua imagem de defensores das causas populares, incidindo nas mesmas práticas que emporcalhavam os governos anteriores.
Ao agir assim, causaram um prejuízo incomensurável a todos os idealistas que nos mantivémos íntegros, já que deram à extrema-direita um trunfo propagandístico valiosíssimo.
Os sites fascistas trombeteiam que os resistentes que pegaram em armas contra a ditadura eram todos iguais ao Zé Dirceu e Genoíno. Muitos internautas, despolitizados, acreditam, tomando as exceções como regras.
Não há por que defendermos os mensaleiros, pois os atos por eles praticados estão muito longe de fazer jus a qualquer solidariedade. E sua única punição real está sendo o ostracismo político, que fizeram amplamente por merecer.
Então, como o tal Movimento dos Sem-Mídia surge exatamente como uma resposta à atuação da imprensa durante o julgamento do mensalão no STF, já nasce sob os piores augúrios.
Ademais, desacreditar e intimidar instituições como a imprensa era o que as turbas nazistas faziam no início da escalada de Hitler. Alguns de seus integrantes eram provenientes da esquerda, como você deve ter lido. No entanto, acabaram, ingenuamente, ajudando a chocar o ovo da serpente. Temos de aprender com as lições da História, para não correr o risco da repetição de acontecimentos funestos.
Somos partidários da liberdade e da justiça social, não seguidores de caudilhos como o Chávez, o mais destacado silenciador da imprensa na atualidade.
Na verdade, Chávez não passa de uma reedição dos Vargas e Peróns do século passado, que ziguezagueavam entre as ideologias, adotando, em cada instante, aquela que mais convinha ao seu projeto pessoal de poder. Flertavam com o nazismo quando Hitler conquistava país após país e se direcionaram para um nacionalismo esquerdóide após suas ditaduras serem extintas por pressão dos norte-americanos, no momento da vitória aliada.
Sugiro que os companheiros reflitam bem antes de apoiarem algo tão vago e suspeito. Somos um pouco idosos para fazermos o papel de inocentes úteis.
Substituir a imprensa subserviente ao poder econômico que aí está por uma imprensa subjugada por pressões políticas não seria avanço nenhum. E, historicamente, a supressão das liberdades acaba sempre vitimando também os revolucionários. Não devemos armar guilhotinas, confiantes de que nossas cabeças permanecerão incólumes. Danton e Robespierre cometeram esse erro.
Saudações fraternas!
Celso Lungaretti
- Celso Lungaretti (*)
- Editorial