Uma questão essencial é se a arte, e o cinema especificamente, tem alguma função no mundo contemporâneo. Parece ser uma indagação sem sentido, mas a valorização da cultura de modo geral, por não ter uma avaliação quantitativa mensurável rapidamente, muitas vezes é vista como algo supérfluo.
Aqueles que pensam assim precisam ser alertados que cada filme visto é uma lição de vida e de mundo. Trata-se de uma interpretação da realidade que conhecemos feita por um diretor e toda a equipe envolvida no processo de criação. Ver uma obra cinematográfica é penetrar ativamente nas dimensões simbólicas de outra dimensão.
Uma forma de conhecer um pouco de diferentes visões de mundo, de distintos países e culturas também é o cinema. Ouvir uma língua diferente e ver imagens surpreendentes nos faz entender melhor diferenças e encontrar nelas semelhanças da espécie humana, que residem na nossa capacidade de nos emocionar constantemente.
Ir ao cinema é fonte de sentimento, de reflexão, de criatividade, de acreditar na humanidade e também de conhecer o que existe nela de pior. Em todos esses movimentos, o que precisa ser preservado é a possibilidade e a liberdade de ver de tudo. Somente assim, pode-se ter um crescimento intelectual que torne a sétima arte fonte de crescimento intelectual.
Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.