LACERDA NA ERA DA INSANIDADE

O pais não viveu jamais sob tanta indignidade e tão desnecessária violência.

Episódios inéditos sobre o período da ditadura militar – antes e depois do golpe de 1964 – são revelados no livro “Lacerda na Era da Insanidade”, do jornalista Francisco José Guimarães Padilha, com orelha assinada por Zuenir Ventura, a ser lançado dia 14 de junho em todo o país pela editora Nitpress. Entre eles, e pela primeira vez, o atentado a dinamite que por pouco não explodiu um túnel ferroviário da Central do Brasil, quase ocasionando a morte de Carlos Lacerda e sua comitiva de mais de 200 pessoas em campanha presidencial. No Rio de Janeiro, o lançamento será realizado no dia 14, às 18 horas, na sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI).

De todos os jornalistas que passaram pela Tribuna da Imprensa, onde Padilha viveu a maior parte de sua carreira profissional, foi ele um dos que por mais tempo conviveu com Carlos Lacerda. Processado nos Atos Institucionais 3 e 4, Padilha foi preso pelos agentes da ditadura e assumiu  a responsabilidade de dirigir a Tribuna da Imprensa quando o jornalista Hélio Fernandes também foi preso e confinado por vários meses em instalações militares da Ilha de Fernando de Noronha (Pernambuco) e Pirassununga (São Paulo).

Segundo o jornalista Hélio Fernandes, Guimarães Padilha foi o grande redator-chefe da Tribuna da Imprensa; “existiam outros excelentes jornalistas, mas não nas circunstâncias em que o Padilha assumiu o jornal por inteiro antes de completar 30 anos, em plena Ditadura, quando fui cassado em 1966, e proibido de escrever ou de dirigir o jornal, numa situação dramática”. Agora, Padilha lança um livro sobre Carlos Lacerda, com conhecimentos e revelações que poucos possuem. E mais: com depoimentos de quem viveu “aqueles tempos criminosos, omissos e clamorosos”, no dizer de Hélio Fernandes.

Pernambucano de Petrolina, 76 anos, Padilha expõe em seu livro não só as experiências pessoais mas também a de vários personagens da época em que batizou como “a era da insanidade”, marcada pela luta fraticida de brasileiros das facções em conflito.

Na longa experiência profissional de Padilha destaca-se, também, a cobertura de acontecimentos relevantes como a revolução cubana que levou ao poder Fidel Castro e seus guerrilheiros da Sierra Maestra. Em Nova York, onde foi correspondente da Tribuna da Imprensa e Mundo Ilustrado, Padilha entrevistou John Kennedy um mês antes do assassinato do grande líder americano. E no Rio de Janeiro é dele a última entrevista do presidente João Goulart poucas horas antes de ser deposto em 31 de março de 1964.

Em seu livro de 340 páginas, Padilha fez questão de acrescentar a visão de outros jornalistas como Hélio Fernandes, Alberto Dines, Cicero Sandroni, Murilo Mello Filho, Maurício Azedo, Zuenir Ventura, Milton Coelho da Graça, Ayrton Baffa, Ely Azeredo, Nelson Lemos, Dilson Ribeiro e Nilo Dante sobre quem foi Carlos Lacerda.
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