Na noite de 22 de novembro de 1910, os marinheiros do encouraçado Minas Gerais se rebelaram. O motim se espalhou rapidamente por outros navios ancorados na Baía de Guanabara e logo os gritos de "viva a liberdade" e "abaixo a chibata" se somaram ao barulho dos canhões que atiravam contra a cidade do Rio de Janeiro. Nos dias seguintes, as autoridades e a população descobriram que as reivindicações dos marinheiros iam bem além da abolição dos castigos corporais e do aumento dos soldos. Quatro dias depois, os amotinados depuseram armas. Suas denúncias, porém, continuaram a ser discutidas nos jornais, no parlamento, no governo federal e na própria Marinha de Guerra, misturando-se a grandes temas da política nacional. Em 9 de dezembro, foi a vez do Batalhão Naval, na Ilha das Cobras, se levantar. Mais uma vez, os gritos de "viva a liberdade" foram ouvidos, mas logo silenciados por uma repressão violenta. Muitos foram mortos, outros tantos presos, extraditados ou perseguidos. Apesar disso, conseguiram intervir no debate político da jovem República brasileira e impor limites ao poder dos oficiais da Marinha. Utilizando fontes inéditas, abordadas de um ponto de vista inovador, este livro desvenda a história dessas revoltas para mostrar como aqueles marujos – homens na maioria pobres, negros e analfabetos –, ao lutarem por seus direitos, participaram da história da construção da cidadania no Brasil. Um livro marcante, que fala sobre o passado e faz pensar no presente – um livro para se ler e reler.
Silvia Hunold Lara Departamento de História, Unicamp.
"Álvaro Nascimento é historiador sarado no tema deste livro. Publicou obra anterior sobre a revolta, realizou novas pesquisas durante anos, conhece as dificuldades do assunto. Não espanta que tenha a pachorra de destrinchar o significado do que diz um dos líderes da revolta: os marinheiros sentiam-se "escravos dos oficiais da Marinha". (...) A política de domínio exercida pelos comandantes nos navios de guerra retinha sentidos cruciais da dominação senhorial-escravista: o poder privado ou o arbítrio do comandante decidia motivo, modo e intensidade dos castigos físicos aplicados à marujada. Como na escravidão, todavia, a ideologia dos senhores/oficiais não silencia nem suprime as tensões e lutas de classes – ou seja, tal ideologia acontece na história."
Sidney Chalhoub Professor titular de História na Unicamp; escritor.
Sobre o autor
Álvaro Pereira do Nascimento é mestre e doutor em História pela Unicamp, tendo concluído o bacharelado e a licenciatura em História na UFF. É autor de A ressaca da marujada: recrutamento e disciplina na Armada Imperial, que recebeu o Prêmio Arquivo Nacional, 1999. Tem diversos artigos publicados em livros e revistas. Suas pesquisas estão voltadas para a experiência de ex-escravos e seus descendentes no período pós-abolição e para a compreensão do desenvolvimento urbano na Baixada Fluminense no século XX. Atualmente, é pesquisador colaborador do Pronex-CEO (CNPq/Faperj) e do Programa Primeiros Projetos (CNPq/Faperj). Leciona disciplinas ligadas às histórias do Brasil, África e participação política nos cursos de graduação e pós-graduação em História da UFRRJ, campus Nova Iguaçu, onde é professor adjunto.
CIDADANIA, COR E DISCIPLINA NA REVOLTA DOS MARINHEIROS DE 1910
AUTOR: Álvaro Pereira do Nascimento
EDITORA: Mauad
PREÇO: R$ 39,00
PÁGINAS: 264
FORMATO: 16x23 cm.
Tipo: Brochura
Ed. 1a. Ano: 2008
ISBN: 978-85-7478-274-4
CÓDIGO DE BARRAS: 9788574782744