DISFARCE
Quando a noite era distante
E era mais distante ainda o dia
Eu a chamava pelo nome
E tu vinhas formosa
Com o brilho encantador da lua
E sob o olhar pactuante da lua, chorei...
Assim as noites se encurtaram,
A vida também se encurtou
E represei aos meus sentimentos
Pois me era inútil ter qualquer sentimento
Escravo de seus prazeres banais...
Vitais
Fulgazes
Mas, tão necessários como o ar,
Mas o ar não era tão importante
E se as noites eram quentes,
Ou se eram frias as noites,
Eram noites das quais não lembro nem o teu nome
E os sonhos se esvaziaram
A cama se esvaziou
E o quarto tornou-se imensamente assustador
Pois em seu interior não cabia nem eu
Não cabiam meus desertos
Não cabia a paranóia, que me fez namorar com a loucura,
Não cabia sequer minha história
O no mesmo espelho, que duas caras me mostravam,
Mostrava-te duas vezes também
Em seu traje de branco
E com sua farda de morte.
Sérgio Ildefonso 16.04.2007
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