Tudo aquilo que foge do considerado “normal” enfrenta algum tipo de preconceito. Acaba por ser marginalizado, isolado, ignorado e esquecido, como se simplesmente não existisse.
Nesse aspecto, qualquer tipo de deficiência, como visual ou motora, sofre algum tipo de intolerância pela dificuldade de lidar com aquilo que não é comum.
A arte do ver já é uma questão complexa para as pessoas consideradas normais. A maneira de observar o mundo de cada um já comporta todo um entendimento da realidade circundante e o desenvolvimento de um conhecimento específico, que se fundamenta na questão do selecionar.
Toda manifestação artística é uma prática da construção de um olhar e, no caso dos alunos especiais, isso ocorre de maneira ainda mais completa e complexa, pois o trabalho sobre uma deficiência demanda um exercício constante de reconstrução de si mesmo e do próprio ato do desenho.
É interessante observar que, no século XIX, com a ascensão do espírito romântico, valorizador da liberdade e da emoção, que a sociedade passou a ter uma maior compreensão com a arte “ diferente”, no sentido de expressão de mundos individuais.
Assim, pessoas não convencionais começaram, quando se expressavam artisticamente, a ser melhor aceitas. Isso as liberta um pouco do estigma da diferença, mas mantém os artistas especiais num mundo ainda de certa forma obscuro dentro da arte tradicional.
Os criadores especiais são infelizmente muitas vezes vistos apenas como resultado de uma jornada de esforço e com curiosidade, não pelas suas qualidades plásticas intrínsecas.
Encarada de frente, essa questão é essencial para que, pela arte, a exclusão se torne inclusão; e o diferente, especial.
Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.