Como vender o nosso peixe

Há poucos dias, recebi em casa um amigo que me falou de um artista conhecido seu que morava na cidade de Parati, lugar belíssimo por sinal, me interessei pela descrição do seu trabalho e resolvi visitar o site, e escrever-lhe uma mensagem.
Que surpresa a minha, uma pessoa muito especial e gentil, me respondeu de uma forma bastante divertida, me apresentei a ele como sendo uma artista plástica que morava no Paraná e coisa assim, ele respondeu-me que estava imensamente feliz em saber que ainda existiam artistas plásticos vivos no Brasil, pois acreditava que todos já haviam morrido de fome, me falou que tinha cinco trabalhos diferentes, que era fotógrafo, e tinha uma pousada, tudo isso ele fazia, apesar de seus mais de 60 anos para sobreviver, me disse ainda que em sua cidade houvesse mais artistas por metro quadrado, do que gente, e que na realidade estava afastado das artes plásticas, mas pretendia achar tempo para retornar a ela.
Agradeci a mensagem, e fiquei algum tempo pensativa acerca de suas palavras, a princípio o que achei uma maneira divertida de expressão, me pareceu mais um desabafo de um homem que mais do que um artista, falava como um cidadão.
Voltei a apreciar seus trabalhos de xilogravuras, lindíssimos de uma qualidade rara, e naquele momento voltei meus pensamentos a uma realidade bastante presente no dia a dia do artista neste país.
Todos estão sempre se perguntando como vender as suas obras de arte, como sobreviver apenas delas.
É realmente um desafio, pois os dias de hoje não estão fáceis para ninguém, e a arte tem sido banalizada em alguns segmentos, na esperança da sobrevivência do artista.
Tenho visto coisas boas expostas em praças públicas, misturada com cópias banais que tantos fazem aos montes, para conseguir algum dinheiro, isto é triste, porém real.
Quando recorrem às galerias, a decepção não é menor, pois quase é preciso pagar para vender algum trabalho através delas.
Vejo com tristeza, muitas pessoas talentosas desistirem da arte para poder sustentar sua família.
Bem, aí é preciso ter aquelas palavrinhas chaves que são “determinação e perseverança”. É preciso ampliar o leque e tentar fazer com que sua arte possa ser aproveitada em outros segmentos.
Quando temos uma natureza criativa, precisamos investir neste talento de todas as formas, buscarmos novidades no mercado, aprender novos recursos, estudar novas técnicas, inventar algo novo, que seja mais apropriado à ótica de nosso público, sim, pois se pretendemos viver de arte, temos que correr atrás de tudo o que diz respeito a ela, e existem muitas opções por aí, temos as tecelagens, as empresas de customização, o recurso das gravuras, as finalizações de obras arquitetônicas, etc.
O que não temos é que desistir de nossos sonhos, nem que para isso seja necessário dedicar apenas uma pequena parte do seu tempo às coisas que mais gosta de fazer, no meu caso, pintar.
Isso não é uma receita, mas um depoimento. Criei meus filhos, sozinha com meu trabalho de arte, e hoje todas as manhãs tenho que falar com gerentes de banco, pagar contas, fazer relatórios da empresa que administro, e adoro quando chega ao meio do dia e posso vestir minhas roupas sujas de tinta, entrar no atelier e voltar a ser apenas uma artista a mais neste país com tantos talentos escondidos e desiludidos.
A arte em priori tem que nos dar prazer, só depois disso é que conseguiremos vender o nosso peixe aos que ainda se encantam com as delícias de viajar os olhos em uma obra de arte.


 

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