Era uma manhã fria e úmida, ela abriu os olhos e olhou para o lado. Tristeza e "nojo", mistura engraçada de sentimentos, ela virou para o outro lado e ficou observando o Sol fazendo desenhos na parede através da janela.
Ela estava presa ali, trancada em um relacionamento que só havia lhe causado dor, imposto limites e feito acreditar que ela era um monstro. Sim, ela olhava no espelho e o que via era um monstro.
O marido era alguém frio, indiferente a seus sentimentos, trancado em si mesmo. Repleto de chavões e acima de tudo, totalmente controlado pelos pais. Mesmo depois de tantos anos, dela ter provado a ele que tinha razão, que a família dele, especialmente o pai e a mãe, não eram perfeitos, ele ainda achava que eles tinham as respostas.
Ela estava cansada. A solução que encontrara para mantê-lo longe foi o filho. Ele dormia com eles na cama, assim, a distancia física entre eles era imposta. Era asco que sentia quando ele a tocava, o cheiro, o gosto não despertavam bons sentimentos nela. Só que ela continuava.
Ela suspeitava que, aqui e ali, ele arrumava alguém para aliviar suas necessidades. Ela não se importava, esperava quase com ansiedade que ele a deixasse, o que claro não aconteceria tão facilmente. Ela não entendia por que ele permanecia. Ela não entendia quem era ela para ele, estava tão no fundo de algo, que sequer entendia que ela era para si mesma.
Toda noite, ela sonhava acordada com uma solução. A definitiva, Aquela que a libertaria dele, da família dele, da família dela, dos falsos amigos, da dor... Dor...
Ela se encolheu na cama, infelizmente ele acordava, infelizmente seria mais um dia.. Infelizmente ela ainda estava ali...
(Diário de uma Mulher)