Arte pressupões pensamento e talvez seja um dos instrumentos mais poderosos da vida. O real é constituído pelo que possui forma( o individua)l; sensações, aformal(o singular) e signos( o universal). Eis a força da arte. Somos constituídos para apreender o indivíduo, não para penetrar na singularidade que implica a quebra da subjetividade, um freio em suas forças.
O esquema sensório-motor composto por percepção, afecção e acão é o que possibilita ao indivíduo viver. Há formas múltiplas para se atravessar a vida. Entanto a singularidade só se apreende quando ocorre desequilíbrio com as faculdades inteligência, sensibilidade, memória, linguagem, percepção... A desarmonia é gerada por contradições inerentes a obstáculos da vida.
Deleuze contrapõe o uso comum das faculdades com o uso transcendente das mesmas, que é o que permite atingir a sigularidade, relacionada ao inconsciente, ao não existente, enquanto a individualidade liga-se aos hábitos do cotidiano. Só se pensa se for forçado, dizia Artaud, genial descoberta.
Algo insuportável precisa forçar pra que surja o pensamento e, assim, o ato criador. O pensamento aparece nas ciências, na arte, na filosofia... a partir do caos, germe de criação. É preciso quebrar com a formalidade, com a resistência, com a estrutura psicológica comum. Não há criação sem caos, pensar é como cair no campo da loucura. Pensamento e loucura são xifópagos. O pensamento é um "esquizofrênico" no indivíduo.
Esquizo do psico-social contrapõe o do pensamento, potência que força a ir para a singularidade, acontecimento muito dificil de se compreender. É mister abandonar a imagem clássica do pensamento para poder pensar de fato. Isso abala a noção comum do pensamento, que possui infinitas possibilidades, porém só ocorre quando se confronta os obstáculos dentro de si.
Pensar é, de certa forma, um ato de loucura.
Tania Montandon