Terra em Transe: "As coisas que vi naquela campanha...
uma tragédia muito maior do que as nossas próprias forças!"
Estamos salvos do espectro que assombrou a campanha paulistana: o de que Edir Macedo, o apóstolo Estevam e a bispa Sônia se apossassem da chave do cofre da Prefeitura paulistana e, colocando seu zumbis nas ruas, gerassem um populismo de direita que, a julgar-se pelos antecedentes (perseguição a gays, umbandistas, defensores do aborto, etc.), certamente teria características nazistóides.
Depois do fogo de palha constatado neste domingo --o equivalente político da expulsão dos vendilhões do templo--, a bancada evangélica no Congresso deverá continuar sendo apenas o que é atualmente, já suficientemente ruim: fisiológica e com viés direitista. Se, além disto, passasse a ser uma força autônoma, tudo pioraria.
O 2º turno se disputará entre José Serra, que tocaria adiante a escalada autoritária dos últimos anos, em parceria com Geraldo blietzkrieg do Pinheirinho Alckmin; e Fernando Haddad, uma incógnita (por enquanto, o único motivo que oferece aos eleitores para votarem nele é ser filhote do Lula e da Dilma, algo meio vexatório em se tratando de um marmanjo que se tornará cinquentão em janeiro...).
A forma pífia como o PT combateu o espantalho Russomanno --evitando caracterizá-lo como cavalo de Tróia dos exploradores da fé porque o PRB integra a base aliada-- não constitui bom augúrio. Ideologicamente, o partido criado em 1979 por sindicalistas do ABC, esquerdistas que lutaram contra a ditadura e adeptos da Teologia da Libertação é, na atualidade, firme como geléia.
Enfim, eu ainda o apoiarei no 2º turno caso se posicione incisivamente contra os balões de ensaio totalitários que têm marcado a atuação hegêmonica dos tucanos e seus aliados na cidade e no estado de São Paulo, começando por assumir o compromisso de demitir imediatamente os 30 oficiais da reserva da PM a quem Gilberto Kassab entregou todas as subprefeituras, menos uma.
Como dificilmente Haddad descerá do muro, tudo levando a crer que seguirá fazendo uma mera campanha de consumo, é bem provável que o movimento pelo voto nulo cresça, pois o desalento com os principais partidos aumenta cada vez mais.
Em 2010 foi a última vez que favoreci uma campanha de consumo no 2º turno, e isto porque o adversário estava sendo apoiado pelas viúvas da ditadura e o que havia de pior na direita golpista. Mas, votando no menos pior, nunca chegaremos ao melhor.
Então, em todo e qualquer pleito no qual não houver uma candidatura ideológica merecedora do apoio da esquerda, acredito que o voto nulo seja hoje a opção mais coerente para nós.