"Merecem a verdade factual aqueles que perderam amigos e parentes e que continuam sofrendo como se eles morressem de novo e sempre a cada dia. É como se disséssemos que, se existem filhos sem pai, se existem pais sem túmulo, se existem túmulos sem corpos, nunca, nunca mesmo pode existir uma história sem voz."
(presidente Dilma Rousseff, dando uma no cravo)
"...também reconheço e valorizo pactos políticos que nos levaram à redemocratização..."
(Dilma Rousseff, dando a outra na ferradura, pois ditadores não podem anistiar-se e a seus esbirros em plena ditadura, nem cabe a qualificação de pacto --salvo na acepção medieval de acordo com o demônio-- para o que foi negociado em posição de força por um dos lados, tendo a libertação dos presos políticos e a permissão de volta dos exilados como moeda de troca para impor sua vontade ao outro lado, o que configura CHANTAGEM pura e simples)
"Os sete integrantes da Comissão são sensatos, ponderados e preocupados com a justiça e o equilíbrio."
(mais uma de Dilma na ferradura, ao omitir que havia um critério imposto pela direita parlamentar para a escolha desses sete, o de não terem sido vítimas diretas da ditadura, pois ex-resistentes sensatos, ponderados e preocupados com a justiça e o equilíbrio existem vários e foram todos barrados no baile)
"Espero que a comissão realmente encerre de uma vez por todas esses problemas."
(ex-presidente Fernando Collor, que nada fez para encerrá-los quando tinha poder para tanto, ou seja, antes de ser expelido da chefia do Estado sob vara)
"O esclarecimento dos crimes não será uma revanche."
(ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que igualmente se omitiu, embora haja tido mais tempo ainda, oito anos, para esclarecer os crimes)
"A criação da Comissão foi um passo estupendo."
(ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, esquecendo de dizer que preferível a tal passo estupendo teria sido a impugnação do habeas corpus preventivo que os criminosos da ditadura concederam a si próprios em 1979 e ele não permitiu que fosse sequer questionado em 2007, quando proibiu seus ministros Tarso Genro e Paulo Vannuchi de pleitearem a revogação da Lei de Anistia)
"...as ações da esquerda não exigem mais do que as recuperar. Hoje ainda é preciso investigar crimes da ditadura justamente porque seus militares e policiais investigaram as ações da esquerda desarmada e da esquerda armada. Fizeram-no com os métodos que depois não tiveram a hombridade e a coragem de reconhecer, motivo real da Comissão da Verdade..."
(Jânio de Freitas, colunista da Folha de S. Paulo, constatando o óbvio)
"...não se preocupem as vítimas, os familiares, a esquerda, porque essa história fala por si. Basta contá-la, sistematizando o que já há e acrescentando o quanto falta para que tenha um começo, um meio e (finalmente...) um fim. Foi uma guerra desigual e desumana, com torturadores de um lado e torturados de outro. Não há nenhuma outra verdade a ser investigada que possa se impor a essa realidade."
(Eliane Cantanhêde, colunista da Folha de São Paulo, idem)
"...o direito de qualquer réu é não criar provas contra si. Isso quer dizer: pode mentir que não tem problema... Como agora no julgamento, se for necessário, eu posso exercer esse direito também. Isso é inerente à Justiça brasileira."
(tenente-coronel Maurício Lopes Lima, que torturou Dilma Rousseff e dezenas de presos políticos, admitindo que mentirá à Comissão)
"...o cenário que se desenha é o do parto da montanha produzir um rato: os militantes já cansaram de proclamar a verdade e os militares não terão motivo nenhum para abdicar da mentira. A tendência é que se sistematizem as versões já conhecidas sobre as execuções e demais atrocidades da ditadura, pouco se avançando na descoberta dos armários em que eles guardaram os esqueletos --salvo se a Comissão pudesse ao menos ordenar a prisão dos comprovadamente perjuros. Mas, é óbvio que isto não ocorrerá."
(euzinho, antecipando que os militares continuarão enrolando, numa repetição de como agem em relação aos restos mortais dos guerrilheiros covardemente executados no Araguaia)
Do blogue Náufrago da Utopia