(mas se o Dr. Roberto estivesse vivo, os “meninos” & kamels apanhariam de relho).
Diálogo matinal na Vila Vudu:
Já há dias o Gato Filósofo andava pela casa, cachimbando, pensativo. Perguntei e perguntei, e ele... mudo. Hoje cedo, acordô cá macaca. Me obrigou a escrever ainda de pijama (eu) e sem ter tomado café (eu).
– Pode escrever como quiser, digo, as frases. A ideia é a seguinte: o tal de Murdoch sempre viveu aos afagos com o Dr. Marinho e, desde 2004, é sócio da Rede Globo. São sócios. E você aí, por causa dessa sua doença de supor que, se não assistir ao Jornal Nacional, não estará “informada”, enchendo a cabeça com o besteirol dos william-waacks, lampreias, abdenurs e celsos -lafers.
– Mas é que eu...
– Não tem mas nem meio mas. Quem assiste ao Jornal Nacional é panaca. Você é gostosinha. Mas é panaca. O Jornal Nacional é jornaleco MUITO pior que o News of the World. A Rebbeca Brooks, editora do News of the World, nunca foi suficientemente idiota pra dizer que “meu cabelo é patrimônio nacional”, como disse a Patroa do Bonner-lá. E Rebbeca Brooks não alisou o cabelo. É ruiva, de cabelos cacheados & revoltos. É linda. Salafrária. E linda. O que interessa é que o tal de Murdoch é sócio da Rede Globo. Detalhes? Procure aí nessa sua máquina. Deixe que eu penso por você e por essa máquina. Aos teclados. É pra ontem!
– Mas, mas...
– Há vários dias ando encafifado com essa coisa de TODOS os noticiosos da Globo noticiarem só perfunctoriamente o escândalo dos jornais desse Murdoch, nos EUA. Se se ouvisse bem, nem noticiavam.
Ontem, a notícia foi praticamente elogiosa “A última edição, de despedida, não terá anúncios pagos”. Praticamente, edição comemorativa! Jornalismo como ato de benemerência! O News of the World sem anúncios pagos... e o Estadão sem primeira página, totalmente ocupada por anúncio pago!
– Perfuncto... o quê?
– Hoje, afinal, lembrei que Murdoch é sócio da Rede Globo e é DONO da televisão a cabo no Brasil. É dono. Desde 2004.
– Mas eu...
– Minha fofa... Panaca, mas fofinha. Aos teclados. É pra já.
Murdoch invade sua TV
Os bastidores da megafusão entre Sky e Directv no Brasil, uma operação que deu ao magnata Rupert Murdoch 95% do mercado de TV via satélite no País
Por Darcio Oliveira e Eduardo Pincigher
A televisão brasileira não é mais a mesma. Desde a segunda-feira 11, um único homem tornou-se dono de 95% do mercado de TV por assinatura via satélite no País, anunciando uma megafusão entre as líderes Sky e Directv.
O negócio gerado pelo magnata da mídia Rupert Murdoch abrange níveis internacionais, mas encontra no Brasil um de seus maiores efeitos imediatos: além do percentual quase totalitário de mercado, ele ingressa com força total em um país que ainda engatinha na base de assinantes.
“O Brasil só tem 3,5 milhões de clientes na TV paga, mas o potencial de crescimento é gigantesco”, disse à DINHEIRO Bruce Churchil, diretor-financeiro da Directv Group.
É nisso que Murdoch aposta. O dono da NewsCorp, conglomerado de US$ 52 bilhões que reúne os canais Fox, os estúdios 20th Century Fox e 175 jornais, efetuou o casamento das duas empresas após uma meticulosa estratégia empresarial.
Primeiro, avançou sobre as ações da Globopar (holding das Organizações Globo), que controlava a Sky, tornando-se majoritário. Como a DirecTV já era sua desde o ano passado, ficou fácil unir as duas operações. Com os “satélites alinhados”, o magnata capta mais de 1,2 milhões de assinantes brasileiros. Também ganha na sinergia, ao oferecer um pacote completo de programação (que tal HBO e Telecine, os dois principais canais de filmes, na mesma grade?) e se livrar do aluguel de satélites – a DirecTV tem o seu próprio.
“Há uma consolidação no setor em todo o mundo. E o mercado brasileiro, que andou estagnado nos últimos quatro anos, pode começar a deslanchar a partir daí”, afirma Walter Longo, da consultoria Synapsys e um dos fundadores da Directv no Brasil.
Murdoch assumiu a DirecTV em outubro de 2003.
Pagou US$ 6,6 bilhões pela operadora que pertencia à Hughes Electronics, subsidiária da General Motors. Logo após a aquisição, analistas do mercado americano juravam que ela seria contestada nos tribunais. Afinal o dono da Fox – que alcança 40% da audiência americana –, agora estava levando para sua NewsCorp a maior operadora de TV via satélite dos EUA.
Os analistas erraram. O FCC (Federal Communications Commission), com sua ampla maioria de republicanos, aprovou rapidamente o negócio. “Murdoch sempre rezou muito bem a cartilha dos conservadores, abrindo suas tribunas para a voz republicana”, aponta o consultor Walter Longo. Com a jogada, o empresário, que já dominava o mercado europeu com a Sky, realizou o sonho de entrar nos EUA. Compra efetuada por lá, reflexos em todo o mundo. Na Itália, a fusão foi aprovada com louvor. Por aqui, a nova operadora, que irá manter o nome Sky, deixará 5% do mercado para a concorrência: StarSat e TecSat.
Tal domínio da Nova Sky, em tese, nem passaria da porta do Cade. Mas os executivos da NewsCorp já têm o discurso na ponta da língua: a nova Sky fará parte do mercado de TV paga, que engloba cabo, microondas e satélite. E, nesse caso, teria “apenas” 32% de mercado – 60% pertence ao cabo e 8% à microondas.
Procurados, os diretores do Cade disseram que o negócio é recente e que por isso mesmo está em fase preliminar de análise.
Outra estratégia da NewsCorp seria jogar com o tempo. Na semana passada, especulou-se que a intenção da Sky, enquanto a fusão não for aprovada, é oferecer incentivos promocionais para cada um dos atuais 423 mil assinantes da DirectTV migrarem para ela. Os clientes teriam gratuitamente os decodificadores e miniantenas da Sky.
Se o governo demorar para julgar o caso, poderá encontrar uma DirecTV sem valor e sem assinantes. “Não há nada definido sobre migração”, avisa Rossana Fontenele, diretora de planejamento da Globopar, sócia da “nova Sky”.
Até pouco tempo atrás, Murdoch tinha 36% da Sky Brasil. Os demais sócios, Globopar e Liberty Media, detinham 54% e 10% respectivamente.
O dono da NewsCorp virou o tabuleiro acionário e abocanhou de cara 14% das ações da Globopar na Sky. Não fez nenhum aporte financeiro, mas assumiu o papel de avalista de dívidas de US$ 220 milhões que pesavam no balanço da empresa brasileira. As pendências eram relacionadas, basicamente, aos serviços de satélite. Com a manobra, a Globopar tirou um fardo de suas costas. E de quebra ganhou uma considerável participação acionária (de 28%) na nova Sky, na qual Murdoch terá 72%.
A holding brasileira saiu-se muito bem. Por contrato, desobriga-se de fazer aportes em infra-estrutura na nova Sky e até mesmo de participar da gestão.
“A estratégia da Globopar é se concentrar na distribuição de conteúdo”, disse à DINHEIRO Jorge Nóbrega, diretor de coordenação estratégica da Globopar e braço direito da família Marinho. Ou seja, ela volta a atuar no que faz de melhor: a venda de programação. Além disso, está reduzindo sua participação de 48,6% na Net, a maior operadora de TV a cabo do País, com 1,3 milhões de assinantes. “Em curto prazo anunciaremos um acerto positivo com os demais credores da Globopar”, diz Nóbrega. As dívidas totais do grupo são de US$ 1,2 bilhões.
Tem mais: a companhia brasileira, embora minoritária, manterá seu poder de veto na grade de canais da nova operadora, o que causa calafrios na concorrência.
Hoje, a DirecTV, por exemplo, transmite os sinais de Bandeirantes e Record. A Sky, por sua vez, reproduz Globo, RedeTV e Cultura. O temor é de que a nova operadora exclua os principais rivais da TV aberta.
“Acaba de nascer um novo monopólio no Brasil”, alfineta Dennis Munhoz, presidente da Record. “Se o Murdoch comprar 30% da TV Globo não há o que discutir, a lei permite. O que não pode acontecer é essa manobra para massacrar as pequenas operadoras”, reforça Guilherme Stoliar, executivo do SBT e acionista da TV Alphaville, empresa de TV a cabo que atua em condomínios de alto luxo em São Paulo. Rossana, da Globopar, diz que não pode e não pretende vetar nenhum canal aberto.
Choques à parte, Murdoch é o parceiro que a Globo sonhava. O magnata australiano sempre manteve excelentes contatos com a família Marinho. Era amigo pessoal do doutor Roberto e por vezes o recebeu em seu apartamento em Manhattan. No ano passado, correu a informação de que Murdoch teria até se “oferecido” para ajudar a diminuir as dívidas da emissora brasileira. Em troca, assumiria a Net e também queria um pedaço da jóia da coroa, a TV Globo. “Não existiu e não existe nenhuma intenção de abrir a Globo”, afirma Nóbrega. Em todo caso, se precisar de Murdoch...
US$ 6,6 bilhões Foi quanto Murdoch pagou para tirar a DirecTV da General Motors. A compra aconteceu em 2003
O IMPÉRIO MURDOCH
A NewsCorp. é a holding que controla mais de 700 empresas e fatura US$ 21 bilhões ao ano
A Directv tem forte presença na América Latina e nos EUA. Foi adquirida em 2003 e tem o grupo Cisneros como sócio (14%)
Notícias a cabo:
Parecia impossível. Mas a CNN sucumbiu à Fox News na década de 90. É o canal de notícias líder de audiência nos EUA
TV aberta: A rede alcança nada menos do que 40% da audiência americana. Possui diversos canais e estações espalhadas pelo país
Jornal diário:
Sem abandonar seu país de origem, Murdoch encampou o maior jornal australiano, ainda na década de 90
Filmes para TV:
Uma da divisões do grupo, a Fox Filmed Entertainment
produz filmes e seriados específicos para a TV
Tablóide inglês:
Dono de mais de uma dezena de jornais britânicos, o magnata também inclui em seu portfólio um tablóide sensacionalista
Hollywood:
Adquirida em 1985, por US$ 575 milhões, a produção cinematográfica do estúdio é uma das principais do cinema americano
Satélite inglês:
Líder de mercado na Inglaterra, a Sky também tem divisões em outros países, como no Japão e no Brasil
Guia de programação:
A revista é responsável por elencar o guia de programação dos mais diversos canais e as resenhas de cada uma das atrações