O sistema iniciou-se há setenta e sete anos, com a fundação da USP, que gerou recursos humanos para a formação da UNICAMP na década de 60, as duas contribuindo para a formação da UNESP nos anos 70.
O Estado vem destinando às três Universidades aproximadamente 3% de sua renda, o que representa um esforço insuficiente como ficou evidenciado pela eclosão de diversas crises setoriais, com a paralização de atividades acadêmicas pela falta de recursos para despesas correntes, como material de consumo e manutenção.
Nos últimos quatro anos, os salários dos professores Universitários sofreram uma redução da ordem de 50% e considerando-se como base o ano de 2007, essa redução foi de 71%. A remuneração insuficiente põe em risco o regime de dedicação exclusiva à docência e a pesquisa essencial à atividade científica, e que foi inaugurado no País pela Universidade São Paulo. Hoje, entretanto, pouco mais de 50% dos docentes da USP trabalham em regime de dedicação integral.
As despesas de capital, incluindo-se os investimentos em pesquisa, são da ordem de 5% do orçamento da USP e 8% do orçamento da UNICAMP, índices absolutamente insuficientes e que deixam as universidades em completa dependência, com relação ao financiamento da pesquisa, de agências externas à Universidade. Esses índices, cuja magnitude não atende às necessidades básicas de pesquisa realizada nas universidades, sofreu uma redução da ordem de 20% entre 2007 e 2010.
A estrutura de apoio ao trabalho científico e didático, integrada por bibliotecas, biotérios, museus, oficinas para desenvolvimento e manutenção de equipamentos, encontra-se em situação virtual colapso. A crise atingiu até mesmo um instrumento fundamental do trabalho de pesquisa, as assinaturas de publicações científicas que alguns casos, vem sofrendo cortes da ordem de até 90%, isolando os pesquisadores do avanço do conhecimento em escala mundial.
Evidentemente, a crise das Universidades estaduais:USP,UNICAMP e UNESP, não se limitam a dotações aquém das necessidades, mas a carência material é um espaço de seus aspectos mais graves.
(*) é professor universitário, jornalista e escritor