Apoiada pela Federação Única dos Petroleiros (FUP) da qual o SINDIPETRO-RJ cometeu o equívoco de desfiliar-se em 2006, em um plebiscito ao qual teria participado apenas 22% dos associados, a oposicionista chapa 02 foi derrotada. Isso, talvez explique o fato da vencedora chapa 01 ter sido majoritariamente votada entre o segmento de petroleiros aposentados. Enquanto, a derrotada chapa 02, ao contrário, teria sido majoritariamente votada entre o segmento de petroleiros da ativa. Considero isso uma peculiaridade sociológica da categoria petroleira carioca, na qual é mantido o tradicional perfil cutista que é impulsionado pela combatividade do segmento dos petroleiros aposentados.
Curiosamente, identifico um perfil conservador, quase nada combativo entre os aposentados associados ao SINDIPETRO-NF, cuja diretoria ali encastelada desde a fundação, nos anos 90, tem o mesmo perfil sociológico. Isto é, trata-se de uma casta de sindicalistas com características de pelegos de novo tipo que é eficiente na utilização cotidiana da máquina sindical, inclusive, para vencer continuadamente os pleitos para diretoria do SINDIPETRO-NF. Aliás, corretamente mantendo-o filiado à CUT e à FUP. Tal diretoria colegiada da qual erigiram sindicalistas oportunistas que viraram gerentes na Petrobrás, sabe se renovar, sendo quem essencialmente compõe a situacionista chapa 01 auto-intitulada ‘Unidade na Luta'.
Para se ter idéia do peleguismo de novo tipo que caracteriza o núcleo de sindicalistas na quase totalidade da chapa 01 assim como na diretoria colegiada do SINDIPETRO-NF, foi nesta casta que também erigiram uma fisiológica diretora cooptada pelo burguês e oligarca governo municipal em 2007. Na oportunidade tal pelegona acabou filiando-se ao PT com o apadrinhamento de um colega-petroleiro e então fisiológico vereador petista e que tem o vezo de ‘bandido'. Tal episódio, após ser noticiado acabou gerando aquilo que se revelou uma marca do perfil do coordenador da diretoria colegiada e da chapa 01, que é tentar calar jornalista mesmo que seja através de infrutífero processo judicial patrocinado pela presidente da OAB-Macaé e assessora sindical.
Já a oposicionista chapa 02 que se auto-intitula ‘Oposição Unificada' é uma ampla junção de ativistas, cujo espectro que vai desde os independentes, os adeptos e os simpatizantes da sectária, divisionista e oportunista Conlutas mais os adeptos e os simpatizantes da CUT, estes representados por ativistas da incipiente Organização de Luta e Energia Operária (OLEO). Estranha e diferentemente dos pleitos antecessores quando os oposicionistas se dividiram em duas chapas e perdeu a eleição por pouco voto. Em 2008 a chapa 02 concorreu com o mesmo nome ‘Oposição Unificada' porém, a diferença de votos aumentou em favor da chapa 01, apesar de pouco combativa e quase toda composta de pelegos de novo tipo.
Considero isso conseqüência de peculiaridades sociológicas da categoria petroleira na região norte fluminense, a começar pelo corporativismo. Isto é, o perfil da categoria é o de viver muito mais o cotidiano da Petrobrás enquanto poderosa corporação. Isso acaba agravado por outra peculiaridade, que é questão dos trabalhadores migrantes que embarcam, mas, mantêm seus laços (família, lazer, militância, etc) em suas cidades de origem. O que acaba acarretando na falta de vivência regional e local onde, via de regra viceja o domínio oligárquico-burguês. Isso é latente na composição da chapa 02. Haja vista, o caso do coordenador, embora ele tenha liderança, credibilidade e experiência uma vez que é velho simpatizante da Conlutas.
Não pretendo aqui esgotar o debate acerca do por que do continuísmo da casta de sindicalistas com o perfil de pelegos de novo tipo ter-se encastelado na máquina do SINDIPETRO-NF. O fato é que, por um lado, a chapa 02 ‘Oposição Unificada' não faz jus à denominação que deveria ser uma composição de ativistas baseados em um programa de luta, combativo e de críticas sim às direções da CUT e principalmente da FUP. Mas, rejeitando o sectarismo e o divisionismo caracterizados na prática dos adeptos da Conlutas. É imperativo reconhecer que, apesar de suas direções, a CUT e a FUP são instituições sindicais representativas da massa petroleira. Em outras palavras, por falta de identidade não defendo voto em qualquer das duas chapas.
*jornalista.